quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Money.







(Ler ouvindo Jessie J - Price Tag)



Vou dizer uma coisa e acho que ninguém vai entender... Eu não gosto de dinheiro. Sabe o que é? Eu passei minha vida toda vendo as pessoas se corromperem, se venderem, se entregarem, se amarrarem e até se matarem por um monte de notas verdes e peguei trauma. Quando tenho dinheiro, escondo de mim mesma. Porque gosto da surpresa de encontra-lo sem querer e gastar. Sem culpa. Ou prefiro deixar no banco controlando as taxas e os juros. Sou matemática. Talvez por isso me incomode tanto, sou de família pobre, nunca tive grandes brinquedos nem muito luxo, aí foi a besteira de ter um avô que me ensinou o valor das coisas. Pronto, tava feito o estrago, virei alma hippie. Gosto de flor, de balanço, de vento e do barulhinho da água. Odeio shopping cheio, roupa de marca, jantares absurdamente caros e muita pompa. Gosto de chinelo. Outro dia achei um brechó lindo, me acabei nas roupas dos outros. E não tenho vergonha nenhuma de dizer isso. Vou em lojas que vendem artigos paraguaios e faço a festa. Dou valor pro meu dinheiro e não faço isso por amor a ele, faço porque sei o preço e o valor dele. Assim como sei o valor de um sorriso. Conheço os falsos. E conheço aqueles que vieram da alma. Sabe do que eu gosto? De crianças e piscina de mil litros. Gosto de chocolate e leite condensado. Eu gosto de montanhas e do barulho do vento. Eu gosto de ficar de frente pra praia e encarar o mar. Ver como sou pequena e ele grande. Ver como Deus é imenso e eu minúscula. Ver como o mundo pode ser bonito, mesmo com tanta gente feia. Eu gosto da simplicidade, de arroz com feijão. Eu gosto de pão com ovo. Roupa simples, sem muito brilho. Eu gosto de honestidade, das almas simples. Gosto de quem não sabe falar poesias, mas demonstra amor dividindo o pouco que tem. Gosto da vida, de respirar quietinha, enquanto o ônibus segue e eu ouço música encostada no vidro. Gosto das gotas da chuva e do cheiro da terra. Gosto do céu. E amo a lua. Fico horas olhando pra ela imaginando como deve ser a vista de lá, tudo tão alto, tão longe. Sou fascinada por gente que ri fácil, que gosta de verdade, que abraça do nada e te empurra logo depois, rindo. Gosto de quem fala a verdade, te ajuda a enxugar as lágrimas e achar uma saída, quando a situação fica feia. Gosto de histórias tristes, porque me fazem pensar como sou abençoada. Não gosto do dinheiro, mesmo. Acho que ele embaça a vista das pessoas pra esse monte de coisas lindas, que eu gosto tanto. Acho que o dinheiro cega. E eu adoro ver as luzes. Eu amo ver o pôr-do-sol.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Síndrome de Peter Pan.




(Ler ouvindo Canção pra não voltar - A banda mais bonita da cidade)


Tem hora que eu me sinto sozinha pra caralho. Desse jeito mesmo, assim, com palavrão, estúpido. Porque é uma solidão daquele tipo que sufoca, que dá vontade de sair gritando, como se gritar fosse diminuir o vácuo, fosse melhorar a ânsia, fosse tirar o peso dos ombros que tem empurrado o peito pra dentro. Como eu sei que gritar não vai diminuir e nem tirar nada, eu fico quieta. É triste ver que não existe um fiho da puta pra dar jeito nisso. Não existe uma criatura que enxergue além do meu teatro ruim de pessoa otimista e veja que eu estou quase caindo num poço que eu não faço idéia de onde seja. Não existe um maldito ser que me faça sentir menos louca ou extraterrestre, por sentir tanta dor mesmo sem ninguém ver a ferida. Eu sou louca, sim. Porque eu sinto de verdade e dói de verdade. Eu sou louca porque eu posso fingir pra todo mundo que não sinto medo nenhum, mesmo quando eu estou tremendo por dentro assustada comigo mesma. Eu sou uma mulher que não cresceu por dentro. Eu sinto dores infantis. O escuro me assusta e eu não consigo me mexer. Eu abraço um urso de pelúcia na esperança de ele ter super poderes. Eu sorrio com desenhos. Eu sofro muito nesse mundo de gente grande, porque ninguém mais quer brincar comigo. E porque o único jogo que existe pros outros é o de sentimentos. Eu já tentei brincar assim, confesso que fui bem, é facil, não tem regras nem punições, é só diversão. O problema é que eu fico pensando no que acontece depois que a brincadeira acaba, alguém sempre acaba chorando e o alguém sou sempre eu. Não gosto disso, eu não sou dessa classe. Na minha turma a gente gosta porque gosta, porque acha bonito o jeito do outro e respeita mesmo o que não é bem a nossa cara. Acontece que na minha turma só tem eu. E tá dificil gostar das pessoas sendo que nenhuma delas mostra a cara. Eu não sei gostar de máscaras. Elas me assustam. Eu sei que pareço louca quando tento explicar isso e mais louca ainda quando vivo nessa teoria, mas pra mim é o melhor assim. Tá dificil ser criança num mundo onde nem as crianças são infantis. Eu choro muito e meus olhos ardem, porque a vida tá muito grande e eu to muito pequena. A verdade sumiu e eu não acho ela em lugar nenhum. Não tem mais lugar no mundo pra mim, mas os adultos são burros e ninguém enxerga que mesmo assim eu continuo aqui, deslocada. Sozinha. Pra caralho. Sem poder rir quando eu quero, nem ninguém pra dividir as lições de casa. O mundo quer me tornar adulta na base da dor, porque o tempo não conseguiu resolver meu problema. Eu vejo os adultos robôs que fazem o que não querem e gostam do que não gostam e convivem com quem não se interessam e tenho um medo absurdo de ser esse meu fim. Eu tenho medo de deixar de sentir. Eu tenho medo de ver que o amor é só mais uma palavra e que não existe porra de magia nenhuma. Eu sou uma criança assustada num canto rindo das próprias piadas e amando os próprios brinquedos. Enquanto o mundo continua girando, frio, sem graça e os adultos sempre assim, um almejando o brinquedo do outro.

sábado, 18 de agosto de 2012

Teoria.






(Ler ouvindo Marisa Monte - Não vá embora)

Há algumas semanas foi Dia do Amigo... e eu esqueci. Esqueci porque não sou muito ligada nesse negócio de datas e tal. Meus amigos entenderam. Aí outro amigo me pediu pra escrever sobre isso... e eu aceitei o desafio. Mas e agora? O que é que eu vou falar? Fui ler textos de grandes autores, falando sobre amizade e eles falavam tudo o que eu já tinha pensado em falar. "Amizade é o amor que nunca morre", "Eu morreria se perdesse todos os meus amigos". E agora o que posso dizer que vá tocar alguém, que vá ser de verdade, o que eu posso dizer pra definir as pessoas mais importantes da vida de alguém? Ah, eu vou ser sincera. E se ficar ruim, meus amigos que me perdoem. Pra falar a verdade... Eu acho que a palavra "amigo" foi inventada lá trás, na mesma época que inventaram "amor". E é uma teoria muito ruim, mas eu gosto de pensar assim. Decidiram inventar uma palavra pra designar o afeto, o carinho, a vontade de estar perto. Amor, decidiram. Mas a palavra ficou muito forte, as pessoas tinham medo de usar. Apareceu um cidadão (considero-o meu amigo, pelo ato) e disse: pra todos aqueles que fizerem parte dos momentos bons e ruins da sua vida, que te conheça os defeitos e mesmo assim não se enfade da sua presença, que divida suas dívidas e dúvidas, pra todo aquele que entrelaçar a vida com a sua, use a palavra "amigo", é parecida com "amor", mas é mais amena. É mais amiga. Desde então a palavra amor foi designada ao sentimento mais sublime, com mais respeito. E a palavra amigo se tornou sinônimo de amor, só que despretensiosa. Acho que a amizade é exatamente isso, um amor despretensioso. O sentimento é o mesmo, só que a gente gosta de separar as coisas, pra não se confundir. Tenho amigos que nunca conheci. Alguns vivos, outros mortos faz um tempão. Renato Russo, Eder Eduardo, Fernando Pessoa, Candace Bauer, Cecilia Meireles, Sarah Ester. E não tenho medo de dizer que todos esses nomes são meus amigos, porque foram eles que muitas vezes, mudaram meu dia, minha semana, minha vida. Acho que a responsabilidade de um amigo é deixar uma marca na sua vida, é fazer de um período, um tempo diferente, tempo de ser lembrado. Amo meus amigos pelo tamanho da diferença que fizeram em mim. Pelos empurrões, bebidas, palavras e vergonhas. Pela vontade de fugir comigo do mundo, pelo mundo, atrás de outro mundo. Pelos abraços fortes e frouxos. Pelos dedos na cara e pelas reconciliações. Não tenho pena de quem não tem amor, dinheiro, caráter. Acho que as pessoas se prendem demais a coisas irrelevantes. 

Mas tenho verdadeira pena de quem não tem lembranças. Quem não tem histórias, quem não tem am(or)igos.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A sua.









"Bem Sancho, estamos aqui, eu e você olhando para nosso dragão-moinho. E o que enxergamos de verdade? O que ele nos representa? Meu moinho está pulsando, está sangrando, está machucado. Meu moinho, Sancho, é meu coração." (Sarah Ester)


Eu estava tão feliz naquele dia. Se você tivesse alguma noção disso, talvez as coisas tivessem sido diferentes. Você vê? Eu ainda tento não por a culpa de nada em você. Mas voltando... Eu estava tão feliz. Eu preparei cada centímetro do meu corpo, minha roupa, meu cabelo, meu rímel marrom e meu salto pra você. Eu esperei com as mãos frias você chegar. Eu sorri como não sorria há muito tempo quando vi seu carro. Era pra ser tudo como eu sonhei. Comida japonesa e depois um lugar qualquer, nós dois, quietinhos, matando uma vontade de muito tempo, matando a espera, a saudade, o orgulho. Enquanto você dirigia, eu te procurava nas suas palavras, eu caçava mesmos que fosses vestígios daquele homem que eu amei, tanto. Mas você não estava ali. Seu corpo estava, porque você me queria. Mas o homem que eu amava estava longe, estava em outra, estava morto. E eu não enxerguei nada disso, eu deixei o corpo que era seu, mas não era mais meu, me tocar e como boa mulher burra que sou, enxerguei sentimento onde você só estava tendo prazer. Eu voltei pra casa e o seu cheiro ficou no meu corpo. E o cheiro era daquele homem que eu amava, que droga. Eu chorei por uma hora, abraçada na minha blusa. Eu tentava achar no meio do seu cheiro, algo que me fizesse acreditar que você ainda estava ali. Que era você, que não era só seu corpo. Eu não queria seu corpo, eu só queria você, eu sei que é confuso, mas é isso. Mas eu sabia que você já tinha ido embora e que já tinha tomado banho, porque meu cheiro não importava e porque seu corpo estava feliz, então pronto, acabou. E isso doia, mais do que ter dado meu corpo, esperando seu amor. Doia saber que você nem sabia do que eu estava falando e que você nunca ia entender o real motivo de eu ter aceitado te ver de novo. Eu não queria te fazer alguém melhor. Eu não queria ser sua amiga. Eu não queria te ajudar em trabalhos da faculdade, nem ouvir seus problemas. Na verdade, eu queria tudo isso, se você me chamasse de sua. Mas eu cansei, naquela noite de ser tão sua e você não perceber. Eu cansei de não ter nada e ser tudo. Eu cansei de me doar tanto por alguém que mal sabe que eu gosto de comida japonesa. E não foi culpa sua, eu nunca te pedi formalmente nada, até porque acho que você se assustaria e iria embora. Mas escuta isso, agora, assim, eu te amava mais do que qualquer outra mulher do mundo. E eu fiz por você, mais do que qualquer outra criatura faria. E se hoje eu cuido mais de mim, eu sou mais bonita e estou forte, é por você também. É pra que você me olhe de longe e sinta amor. De perto eu não consegui, talvez de longe eu consiga. Não precisa voltar, mas por favor, me ame. Se apaixone por mim. Tenha outros corpos e outros sentimentos, cresça, seja forte, seja o advogado que eu sempre quis que você fosse, mas não se esqueça de mim. Entende o meu problema? Eu preciso que você não me esqueça. Eu preciso ser pra sempre sua, pra nunca sua. Eu preciso ser sua, mesmo que eu nunca seja.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

(Ex)periências



(Ler Ouvindo Tribalistas - Já Sei Namorar)

Experiências. Excêntricas. Exageradas. Excitantes. Extintas. Exumadas e exiladas. Começou com "ex", parece bom. Istoé, terminou com "ex" né? Ex que é ex, tem que estar terminado. Morto e enterrado. Cremado e com os órgãos doados. Mas nunca, nunca e repito nunca, está. E o que sempre sobra no final, é o ex... de experiência. Já tive um ex, que era adepto dessas organizações criminosas, achava "maneiro", hoje eu enxergo o risco que corri, ser a mãe dos filhos do novo Beira Mar. Tenho uma amiga, que o ex dela era fissurado em pés. Um dia, ele a viu sem as unhas feitas e o namoro miou. Tomou um pé na bunda e o pior, o pé do cara era feio. Já tive ex canalha, daqueles bem canastrões mesmo, que arrasta a gente pra qualquer canto e já vai chamando de princesa. Uma vez, conheci um numa tarde, aí passei a noite acordada imaginando uma cerimônia matrimonial com o fulano no altar ao meu lado, no outro dia, ele me disse que era ateu. Deus me livre. Minha mãe casou com o primeiro namorado, minha irmã já está no segundo casamento. Por falar nisso, tive um ex, que dizia que eu lembrava muito a mãe dele, o relacionamento foi legal, até eu conhecer a dona. Até hoje eu me pergunto se ele era míope ou sacana. Não dá pra fugir, tem coisa que toda mulher já teve. Aquele amigo meio gay, meio gato, meio ex, meio eterno. Aquele ex, que nunca é ex, porque sempre volta. Aquele neguinho que rendeu dias de fossa e agora eu não lembro mais o nome. Era Ricardo, Roberto, Rubens, era com R, porque toda vez que eu ouvia Rick Martin, eu chorava. O ex psicopata. O fofo. O nerd. Mulher, depois de um tempo, percebe que tem que experimentar de tudo (tudo que lhe atraia, que fique claro) pra entender, do que de fato, ela gosta. Homens, por favor, nos perdoem, não é que mudamos muito de opinião, é que realmente, nunca sabemos o que queremos. Assim como nós os perdoamos por serem sempre essas eternas crianças ( é mentira, primeiro nos vingamos lentamente e depois perdoamos). E por mais experiências que possamos ter, nunca é o bastante. O coração sempre dá aquele reset quando decide se entregar de novo. Mas olha o conselho: Pode dar quantos reset quiser, mas sempre guarde o histórico. A gente nunca sabe quando vamos encontrar a mesma história por aí. Já dizia Thais Cinotti "Minha vida são eternos deja-vus".

terça-feira, 31 de julho de 2012

Tabu.


                   (Ler ouvindo  Maroon 5- Moves like Jagger)


Odeio aquele tipinho de gente que diz "Satisfação, prazer é outra coisa". É que pra mim, prazer é tudo. Acho que o importante é ter tesão. Em qualquer coisa. Ver um filme, com tesão é dez vezes melhor. Se vestir com prazer, é vestir o que você gosta, vestir o que você quiser. E leia isso da forma menos vulgar que encontrar. Eu tenho orgasmos todo dia e não to nem chegando perto de falar de sexo. Eu to falando de viver com vontade. Eu to falando da sensação gostosa de acordar de manhã e sair pra trabalhar num lugar que você goste, um trabalho que você sente prazer em fazer. Mania de estigmatizar o prazer. De achar que só se pode ter prazer, ali, naquela hora, são uns segundinhos e acabou. Que acabou, o que menina? Relaxa e goza. Se apaixona pelo seu corpo, pela sua casa, pelo seu emprego, sua família, rua, amigos, academia, livros e ah... Não tenha medo de sentir prazer. Não tem coisa mais triste do que gente frígida da vida. Esse tipo de gente que não ri de problema, que não se anima com alegria pequena, que não se esbalda com festa infantil. Esse tipo de gente que acha que tesão é o T grande de trepar. Que a minha mãe não leia esse texto e que você me entenda. Eu to falando de amor. Eu to falando de não ter medo de viver, mesmo quando a pica é grande. Mesmo quando tudo te sufoca, mesmo quando não tem sol, não tem saída, não tem nada. Mesmo quando você tá atada. Fodida e mal paga. Não esquece que tem gente, ali do lado com você. Não se perde de quem quer sua companhia mesmo depois duma noite ruim. Martha Medeiros já ensinou "Não canse quem te quer bem". Eu não quero ser clichê nem nada, mas aprende a ter prazer na vida e vê se para de fingir orgasmo, menina.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A verdade.



                   (Ler ouvindo Flávia Bittencourt- Mar de Rosas)

Eu preciso falar a verdade. Eu não te amo. Eu não sei se te amei em algum momento. É bom, é gostoso, a gente é feliz, se entende, se completa, se aceita, mas não, a gente não se ama. E não espero que você entenda minhas palavras. Não existe amor. É superficial, é vazio. Te escrevo isso chorando, me perdoa. Estamos perto do fim, cansados, essa rotina enjoada, o peso desse costume de ser dois nos ombros, a convivência por um bem maior, um bem social. O social que você tanto preza. Eu estou cansada, querido, não quero sair. Mas não podemos deixar de ir, se arrume, estão todos nos esperando e desamarre essa cara, não quero que pensem que não estamos bem. A vontade de mandar todos seus amigos falidos pra Júpiter. De gritar bem alto no meio de uma daquelas histórias ridículas do seu tio. Avisar sua mãe que ninguém mais agüenta ver aquelas fotos das férias em São Luiz. Te chacoalhar e dizer com todas as letras: PARE. Chega de “eu te amo” na frente dos outros. Não me mande flores, pra depois contar pros seus amigos, se gabando de como fiquei emocionada. Fotos e presentes e jantares caros não são provas e muito menos sinais de amor. São exatamente o oposto. Nós somos o exemplo mais puro e simples do engano. Somos a mentira mais bonita do mundo. Só que eu não agüento mais, eu preciso viver mais inside, ser feliz só em out está me matando. Talvez amanhã ou depois, eu melhore. Talvez eu volte a sorrir quando toda a corja dos seus amigos de trabalho invadirem nossa casa, pra jantar. Talvez eu volte a gostar do seu exibicionismo. Talvez eu te perdoe, por amar tanto a todos, mas esquecer de amar a mim. Mas talvez eu me mude. Vá pra Roma, estudar História da Arte, como eu digo que quero todos os anos e você ignora. Talvez eu suma e você só se dê conta, quando achar meu armário vazio. Talvez eu comece a gritar, louca pela casa, falando sobre todos os detalhes que eu amo tanto e você não repara. Talvez você nunca leia isso. Talvez você leia amanhã. Talvez eu volte pra casa da minha mãe. Eu estou disposta a tudo. Eu só não aceito admitir que isso é amor. Porque se isso for amor, eu quero meu dinheiro de volta, eu fui enganada, eu não brinco mais, eu vou no PROCON, eu quero indenização milionária, eu desisto. O amor que eu acreditava, era longe de ser o que nós vivemos. O amor é divino demais, pra essa vida profana. Se o amor é óleo, nós somos água.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ao meu grande amor.




(Ler ouvindo Maria Gadu - Tudo Diferente)

Quero que me desculpe por não te enviar de fato essa carta, mas a verdade é que não sei seu nome, nem seu endereço. Nem ao menos sei se você existe, de fato. Mas eu que quero muito, que você exista. E algo dentro de mim, diz que você não tá longe, que você não demora a chegar. E que seja assim, como vou te pedir agora. Não demore muito pra vir, e pode chegar do jeito que quiser, vou te reconhecer. Só sorria. Pode me perguntas as horas, pode ser meu garçom e me indicar o prato especial da casa. Pode ser meu vizinho, pode aparecer sem querer e sentar ao meu lado num bar. Mas sorria. Sorria e me faça te olhar. Não tenha medo desse meu jeito de falar demais, nem da minha expressão de tédio. Não se impressione com meus amigos, nem se assuste com minha família. Não fale alto demais, mas me faça te ouvir. Prenda esses oitenta braços que eu tenho, que vivem puxando e empurrando as pessoas o tempo todo. Não tenha medo de mim, por favor. Seja mais alto que eu e use um perfume bem cheiroso. Aqueles que deixam qualquer homem com jeito de mais homem. Seja bem homem. Mas saiba comer. Use garfo e faca, sem precisar por o dedo no prato, pra empurrar o pedaço de carne. Pode gostar de qualquer tipo de música, contanto que me ensine a gostar também. Isso também é importante, me ensine todo tipo de coisa. E pode ser simpático, mas não muito. Compre flores de vez em quando, pra eu acreditar que você é um príncipe. Esconda as meias sujas, quando eu visitar sua casa. Faça amor comigo. Sem me pedir pra virar as pernas pra cá ou lá. Só faça amor. De qualquer jeito. Tenha uma profissão bem esquisita. Saiba jogar xadrez. Goste de futebol, mas não seja fanático. Respeite meu espaço, meu banheiro e a forma que organizo meus cremes na prateleira do box. Pode ser ciumento, mas não daquele tipo possessivo. Seja amigo do meu pai. Não me ache louca nem estranha quando eu chorar, no meio de um temporal. Goste de mim, mesmo de pantufas. Pode ser meio esquisito e cantar mal, pode ter uma família estranha, pode odiar comida japonesa, pode ser meio excêntrico, meio over. Mas me conheça, não tenha medo de ouvir as barbaridades que vou te contar, nem da minha capacidade de ler as entrelinhas de tudo que você disser. Seja meu, simples, bom, tranqüilo. Seja como um grande amor deve ser. Ou então, esqueça tudo que eu já disse e simplesmente seja real. Não precisa mais nada. Só exista.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Apresentação.


(Ler ouvindo Zeca Baleiro - Quase Nada)


Olha, eu sei que você não me conhece, mas isso é normal, pouca gente conhece de verdade, vou me apresentar e depois que eu disser tudo, você decide se realmente vai me entregar seu coração assim, tão de bandeja. Depois que eu falar tudo, você me diz se eu valho todo esse brilho nos seus olhos. Eu não te culpo por gostar de mim, sou mesmo fácil de se apegar. Sempre fui, desse jeito assim, meio louca, meio intensa demais. Sempre fui. Chorar com comédia, fazer piada de tragédia. É meu jeito de fugir da vida, é meu jeito de ser lúcida apesar da vontade imensa de me entregar a ignorância. Eu fujo da vida batendo de frente com ela. Eu sempre quis ser lembrada. Acho que não só eu, todo mundo no fundo, é assim. Todo mundo quer ser lembrado. Agora, daqui a pouco, daqui vinte anos. Não existe quem não fique feliz quando alguém se lembra seu nome ou algo que fez. O ser humano tem necessidade de deixar seu legado. Mas a maioria das pessoas finge que isso não importa, finge que o importante é ter amigos, é ser feliz. Mas não, o importante é o que vai ficar. Não tem problema se depois dessa conversa, você decidir que não me ama, eu só quero que não se esqueça de mim. Por qualquer motivo. Eu acho que fazer história é mais importante que viver. Fazer história é não morrer nunca. Enquanto alguém lembrar, você existe. Eu não sou muito fácil de conviver, costumo reclamar bastante de tudo, de qualquer coisa. E mesmo que o céu esteja caindo sobre as nossas cabeças, não vai ser difícil me ver sorrindo. Eu sempre sorri demais. E acho que é um dos meus grandes problemas e grandes virtudes. Eu não sofro nenhuma dor que seja minha. Minha dor é a dos outros. Sou capaz de chorar horas contínuas por algo que nunca me aconteceu, mas não choro a morte de alguém próximo. Tem gente que acha que eu brinco com as pessoas, mal eles sabem que eu brinco é comigo. Eu brinco com essa minha alma grande demais prum corpo tão pequeno, brinco com minha necessidade de amar demais e ser demais e querer demais, eu brinco é com a falta que todo o universo faz dentro de mim. Eu quero que você me ame pra sempre, mesmo que eu não te ame e isso não é por mal, é apenas um desejo. Eu sou uma esponja que nunca se encharca. O tudo pra mim é pouco. O infinito acaba ali na esquina. E não tem problema se acabar amanhã, eu vou embora sorrindo. Eu sempre vou embora, de todos os lugares. E eu sempre deixo uma marca onde eu passo. Eu sou demais pra mim. E sou demais pra você também e é por isso que não vamos dar certo. Sou demais pra qualquer pessoa. Mas voltando a sua pergunta... 


Meu nome é Thais.


terça-feira, 19 de junho de 2012

Conversa Íntima.



( Ler ouvindo Leoni - Temporada das Flores)


Hoje eu acordei bem. Um pouco atrasada, como sempre, mas bem. Tranquila, sem peso, sem pensamento longe. Acordei aqui. Decidi ir trabalhar de ônibus, tenho essa mania as vezes, gosto de observar as pessoas. Dei bom dia ao motorista. Sorri pruma senhora, sentada ao lado. Cheguei ao trabalho, tratei os clientes melhor que o normal. Fiz compras, conversei, tomei um suco naquela cantina incrível que abriu lá no centro. Cantarolei pela rua. Fui prum barzinho, happy hour com os amigos. Cheguei em casa, li algumas páginas de um livro que ganhei. Sentei na cama, notebook no colo. Ok Thais, vamos escrever. Sofra, chore, mostre a agonia nas palavras, do jeito que todo mundo adora. Mas cadê? Cadê o sofrimento, menina? Eu não sei. Thais você precisa sofrer. Eu sei que preciso, mas não é assim tão simples... As coisas vão bem, eu estou feliz. Você não pode ficar feliz, você não tem o que escrever feliz, você precisa de sofrimento, cadê aquele seu ex do cabelo jogadinho, que te fazia morrer de tanto chorar? Não sei dele... Faz um tempão que não tenho notícias. Então tá na hora de ir procurar, tomara que ele esteja namorando, ai rola um texto bem dor de cotovelo. Ah tomara que esteja, ele queria mesmo um relacionamento assim, eu que não estava pronta. Ei, como assim, não não não não, a culpa não é sua, foi dele, a culpa é dele, é sempre dele. Não, ele era legal. Ah meu Deus, e aquele outro? O de vez em quando... Ele rendia um textos incríveis, vamos falar dele, tá com saudade? Não... Apaguei o número dele há algumas semanas. Você precisa sofrer, então dê um jeito agora Thais Cinotti, agora. Todo mundo tem uma consciência chata igual você? Não, só as escritoras sofredoras. Não sou sofredora. Mas precisa ser, tá me entendendo? Sim e não... Você devia estar feliz por eu não sofrer, me incentivar a continuar assim, eu estou bem. Não não não, sofre, coloca música do Roupa Nova aí. Roupa Nova é patético. Mas serve pra sofrer... Dona consciência, eu vou ser bem sincera, nada contra a senhora, nem nada, até te acho bem legal me forçando a sofrer e tal, eu vivo disso, eu sei, mas eu to bem... Depois de muitos anos, servindo de escrava do amor, eu decidi virar o jogo, o amor me encarcerou por tanto tempo que eu tinha esquecido como o sol era bonito. Você tem noção da beleza que é acordar de manhã sem ter chorado pra dormir? Eu descobri um amor lindo, consciencinha... Eu descobri que me amar vale a pena demais. Ah não, vai me dizer que você tá levando a sério aquele papinho feminista de "vou me amar, sou autosuficiente e blábláblá", você não é dessas Thais, você nasceu pra sofrer! Você que pensa,  consciencia... Eu nasci foi pra ser feliz. Passei muito tempo achando que era feliz, sofrendo, jurando que aquilo era felicidade, sabe? É bonito sofrer por amor, é lindo. Comove as pessoas, dá gosto de falar "ela morre de amor, ela chora, ela sente dor", mas isso também enjoa. É isso! Eu enjoei. Eu cansei, cansei mesmo, to cansada da Silva. To afim de ser feliz, to afim de ser leve, será que tá dificil? Então vamos fazer assim, eu não sofro mais e tento falar sobre felicidade, será que ninguém gosta de ser feliz? E se não der certo? Ah se não der certo eu não to nem aí, eu vou comprar um vestido florido, vou botar meu chinelo e vou sair por aí sorrindo. Eu vou inventar uma nova piada e vou rir sozinha. Eu vou fugir com o circo e virar palhaça. Eu quero viver de riso, quero viver do amor de verdade. Eu não aceito mais esse negócio de sofrer e não aceito mais quem me queira pra sofrer. Se for pra me ter hoje, vai me ter assim, feliz. E eu te juro, dona consciência, só me entrego ao amor de novo, se for pra chorar, mas pra chorar muito, mas pra chorar pra valer, de verdade, eu aceito se for pra chorar de tanto rir.




segunda-feira, 28 de maio de 2012

O último texto.


(Ler ouvindo L'Aventura - Legião Urbana)



Essa é a ultima vez que vai ler um texto sobre você. Eu decidi que seria uma despedida, um velório, uma forma de enterrar esse amor morto que eu insisti em ressuscitar tantas vezes. Dessa vez eu vou falar de mim, eu vou falar das flores, do meu jardim que agora tem orquídeas novas, do meu peito que já brotaram tantos nomes diferentes depois do seu. Nossa cama não é mais nossa, nem a nossa música me comove mais. Pra dizer a verdade, acho que nunca comoveu, nunca gostei de fato dela. Eu sempre mórbida, triste, melancólica demais prum sentimento tão bonito quanto o meu foi. Pra continuar dizendo bem a verdade, meu peito já se libertou de você e faz um tempão, é... há muito tempo eu já parei de chorar. Enjoa ter que ouvir as pessoas dizerem que vai passar e que você está melhor assim e eu estou melhor assim e está tudo melhor assim. Enjoa olhar pras pessoas e lembrar de você, ver casais e relembrar nossos momentos, que não foram assim tão bons. Chega uma hora que o o sofrimento pede arrego e você tem que dar lugar pra renovação. O novo chega e pede espaço. Um novo amor, nova casa, nova profissão, um novo você. Eu apaguei seus e-mails faz tempo. Mas a vontade de sofrer por amor virou moda e eu entrei nessa. Sofri tanto que enjoei. Por isso decidi fazer um último texto pra te dizer que não sofro mais. Pra te dizer que nossos planos foram superados faz tempo e que te quero bem. Não quero mais pra mim, mas também não quero o mal. Quero que lembre de mim, não por sofrer e nem porque é moda. Mas quero que lembre porque fomos importantes um pro outro. Quero que me perdoe de tudo que foi pesado, de tudo que foi triste, que foi perdido. E que venha o novo, pra você também. Quero que a minha leveza seja sua. Depois de tanto choro vazio, sem esperança, sem ao menos sentimento, eu escrevo nossa despedida sorrindo. Não misture apego ou remorso com amor, assim como eu fiz. Nosso amor foi lindo, sim e durou o quanto bastava, não existe mais e hoje em dia é só lembrança. Trata de ficar bem e ser feliz, isso é obrigação da gente. Ri hoje, lembrando de te explicar que  "a", usado como prefixo, significa "não" ... De manhã, naquele trânsito infernal da marginal, ouvindo mpb, tentando fugir do caos, isso me veio a mente. 
Morrer.
Amor. 
Amor é o começo de não morrer. 
Amorrer. 
Amar é sobreviver. E a gente amou, a gente sobreviveu.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sol.


(Ler ouvindo Jeremy Camp - My Desire)


Eu nunca fui de pedir muito, o Senhor sabe, sou orgulhosa até pra orar. Hoje eu queria pedir Sol. E não tem problema se chover, se ficar nublado, ou se der aquelas ventanias que me assustam desde menina, eu só quero um pouco de luz. Tenho tido dias difíceis, na maioria dos dias tenho dormido antes de conseguir orar, Te juro que não é por mal, é cansaço. Cabeça cansada, corpo cansado e a vida não para né? Quando tenho um tempinho, desligo a música e falo com o Senhor. Mas é sempre pouco tempo e eu falo muito, não tem jeito, sempre esqueço de algo. Obrigada pela paciência dos últimos tempos, apesar da fase  ruim, obrigada pela calma que tenho tido. Não tenho sido boa filha, nem boa irmã, nem boa amiga e isso me frustra, sou perfeccionista demais. Tenho tido medo, Pai, muito medo. Medo às vezes, do que nem conheço, do que nunca me fez mal, tenho tido medo da vida. Fiz mal pra pessoas que não mereciam e não fiz por querer, mas agora não sei como reparar. As pessoas são cruéis, cruéis a um nível que nunca tinha percebido, há nos seres humanos uma certa irracionalidade que me deixa triste. Triste a um nível que eu também nunca tinha percebido como é possível ficar. Por isso me deixei apagar, saí desse monte de besteiras. Tenho sido vã. Tenho vivido como se a vida fosse pra sempre e eu pudesse simplesmente me desligar um pouco e esperar que tudo passe. Tenho relevado coisas que não deveria. Tenho sido omissa. É que ando sem forças. Por isso queria te pedir hoje, bastante Sol. Sol que me de vontade de sair e sorrir e gostar de novo das pessoas. Sol que ilumine a minha fé. Eu quero um Sol que ponha luz sobre todos os problemas escuros que tenho tido. Eu quero um Sol que esquente todo esse frio em mim. Eu tenho medo de me tornar alguém triste. E lá vou eu falando de medo de novo... Eu tenho medo, Pai. Eu não quero ser triste, nem fria, eu não quero ser mais alguém que sofreu e morreu por dentro. Eu quero Sol. E se não for  pedir muito, cuide de todos aqueles que já pediram ao Senhor por mim, mesmo que eu não saiba o nome deles. Todos que vivem com amor e por amor nessa vida bagunçada da gente aqui embaixo. Que as alegrias cheguem e que as tristezas sejam esquecidas, que a paz reine e que o amor sobreviva. 
Que nada me sufoque e que a maré baixe. Sol, Pai é só isso que eu te peço.
Amém.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cinza.


       (Ler ouvindo Passerà - Renato Russo)

Se existe algo mais triste do que sofrer, sem dúvida nenhuma é não sofrer. Não sentir, não ter qualquer espirro de afeto ou desafeto ou de qualquer coisa. Não sentir é de um tédio que nunca acaba. As pessoas tem todas a mesma cor, cinzas. Elas aparecem na minha frente como num circo, fazem sua apresentação e saem. Cinzas. As vezes meia dúzia de palmas, bocejo, um sorriso de canto, bocejo. Sono. De noite, o sono desparece, parece que quando estou sozinha as pessoas fazem sentido, lá longe. Elas tem graça, tem charme, tem potencial. Mas de perto... puft. Some tudo, fica tudo cinza, tudo sem graça, tudo sem cor. Elas falam e o som parece sempre o mesmo. Barulho. Eu aceno com a cabeça e concordo. Discutir causaria mais barulho. A indiferença nos eleva a um plano externo da vida comum. Uma vida dupla, quase. O corpo e a mente vivem em paralelo. Enquanto o corpo convive com tudo, concorda, respira, anda, até conversa as vezes. A mente enxerga tudo isso com repulsa, com vertigem. Enxerga de muito distante, como se não quisesse ao menos chegar perto desse cinza todo. A família a gente até revela, tem toda aquela coisa que a gente aprende desde criança. Respeito, eu acho. Mas não chega perto de ser sentimento. Nem perto. Os homens tem aquele mesmo cheiro, todos. Cheiro de carne, cheiro de açougue. Muda o tamanho, a raça, o jeito, o tom de voz, as vezes. Mas a ladainha é sempre a mesma. Amor, amor, amor, amor. Acho graça quando falam de amor. A mesma graça que eu achava quando meu avô vinha me contar aquelas histórias folclóricas, que ele ouvia na infância dele. Acho que é isso mesmo, amor é igualzinho folclore. A gente escuta falar desde pequena, quando cresce vê que não é nada daquilo, mas não consegue desacreditar completamente. Eu nunca acreditei. Nem em folclore, nem em amor. Acho que esse é meu problema. Nunca acreditar em nada. Lembro do meu avô dizer que metade do folclore precisa que a gente feche os olhos e acredite. A outra metade é verdade, ele jurava. Eu fecho os olhos, abro com medo de achar tudo colorido em volta e a vida continua cinza. Meu avô não era cinza, ele era branco. Tinha os olhos bonitos, de quem já olhou muita coisa. Até que chegou um dia, que ele fechou os olhos, não abriu mais e ficou cinza também. Ficou igual a todo mundo. Ele dizia que eu era a menina mais sensível que ele já tinha visto. Una ragazza sensibile. Acho é que ele estava certo. Todo mundo tem a mesma sensibilidade que ele, depois que ficou cinza. Sensibilidade nenhuma. E se ninguém sente nada, o que eu sinto é o reflexo desse vazio. Alguém que sente o vazio é mesmo alguém sensível demais, piccolina. E aonde Deus entra nisso, vô? Sei lá, vai ver ele ficou cinza também.