terça-feira, 3 de outubro de 2017

Um texto pra abraçar e ser abraçado.

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Você vai se sentir perdido. Uma ou dez vezes na sua vida. Às vezes vinte. Você vai olhar pros dois lados da sua vida e não saber mais de onde veio e pra onde vai. Vai se perguntar como foi parar ali. Acontece mais do que as pessoas admitem isso. Eu gosto de admitir as coisas que as pessoas não admitem. 
Eu não tenho me sentido tão bonita quanto eu gostaria. Aí você que está lendo vai me dizer pra não me sentir assim, que sou linda, yeah. E eu vou balançar a cabeça e dizer que tudo bem. Mas não tá. 
Eu não tô me sentindo feliz com coisas simples, nem tenho conseguido amar as pessoas como deveria. E você aí, lendo. Vai parar e refletir, pensando no quanto isso está errado e eu preciso melhorar. É verdade, mas não é tão simples quanto parece.
A gente fica diferente quando está dolorido. A gente perde o senso dos limites, das noções, dos sentimentos. Eu não sei bem ainda se esse texto é um desabafo ou um abraço pra quem também se sente assim, talvez as duas coisas. 
É difícil ser adulto. É difícil amar e não ficar louco enquanto ama. É difícil conciliar sentimentos e pessoas e problemas e um caralho se extensões disso tudo. Eu nunca me senti tão sozinha. E nunca fui tão sozinha, também. Dizem que a gente decide se a solidão é tristeza ou liberdade, eu acho que tem um pouco dos dois. 
A fase é braba, meu querido leitor. 
Talvez você me entenda e me abrace. Talvez eu só queira colocar isso tudo por escrito pra me sentir mais à vontade, por sentir tanta coisa que a gente não admite. Talvez eu só queira uma concessão pra poder ficar triste e quieta um pouco, sem me justificar. É um saco sorrir quando não tá afim. Mas a gente sorri.
Eu sorrio o dia todo e por vezes não sei mais se o sorriso é meu ou não. Mas eu vou me levantar. Eu vou sorrir sem vontade até o sorriso surgir sincero. Semana passada fui ao médico e depois da lista de remédios e recomendações, eu disse que morava sozinha. Ele disse que eu também sofria do mal do século. Perguntei se existia receita pra aquilo.  Ele riu e disse: você tem você, qualquer pessoa que tenha você deve ser sortuda, até você mesma. 
Que meu remédio seja eu mesma. Que seu remédio seja você mesmo. Que nossos remédios sejam nós. 
Nós, laços e fitas. Sem apertar ninguém, só embrulhando um dia melhor. 



sábado, 8 de outubro de 2016

Do amarelo dos teus olhos e do azul de nós dois.

Ler ouvindo Amei te ver.




Eu decidi te olhar devagar e percebi que seus olhos oscilam do amarelo pro castanho. Eu percebi. Eu vi tua voz mudar de tom ao falar baixinho o quanto gosta de mim. Bem baixinho. Quase sem voz, ao meu ouvido. Eu vi você ficar sério falando de economia e investimentos e te achei bonito. Eu vi você parecer uma criança no meu colo. 
Eu vi você. 
Vejo você cortês e sensual, de longe. Eu vejo você o tempo todo. Mesmo quando não está. No meu riso sem motivo no meio dia. No cheiro que me lembra você. No caminho pra casa. Na cerveja que você me deixou. Eu te vejo o tempo todo, na minha ânsia de ter você. Mesmo que isso seja loucura e pareça cedo demais. Porque nossos corpos viram um amontoado de afeto. E nós dois viramos um. Em transe de corpo e suor ou mesmo quietinhos, vendo um programa qualquer na TV. Eu te vejo você dormir enquanto minha mão está no seu cabelo. Vejo minha mão ser guiada pela sua. E principalmente: vejo que não tenho medo. Nem de você, nem de nada. Qualquer coisa parece mais fácil, se eu for sua baby. 
Se eu for sua, baby. Se eu for. 
Então me deixa ser, mesmo que pareça difícil às vezes. Mesmo que eu fique te enchendo de perguntas no meio do jantar. Mesmo que eu morra de medo da chuva no meio da noite. Mesmo que qualquer coisa. Eu tô aqui. Eu tô tão aqui. E tô onde você me pedir pra estar. Porque acho que gostar é isso mesmo. Estar perto, mesmo que longe. Então me deixa estar. E fica. Fica mais, fica sempre. Porque a vida é um saco sem você. Porque eu tô escrevendo um texto apaixonado, mesmo apavorada com essa possibilidade. Porque eu sou a sua baby. Porque eu sou sua, baby. Porque não importa pra mais ninguém. Porque meu sorriso está falando mais alto que eu. 
Porque sim. 
Por tudo aquilo que não controlamos e pelo universo que delicadamente, conspira a nosso favor. Por mim. Fica. 
Eu não me importo nem um pouco em jantar saudade, se você me prometer que sempre chega pro café.


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Existe amor em SP.

Ler ouvindo Firefly.




Existe em SP.

Entre o vão e a plataforma, existe alguém pra te dizer "Fica, vai daqui pro trabalho amanhã!". Mesmo que cê não esteja com esse humor todo, com essa vibe toda. Existe amor em SP. Existe carinho nos dedos. Alguém pra te ouvir, te olhar nos olhos enquanto você conta algo importante. Alguém que te dá vontade de ouvir Ben Jor e Caetano, enquanto pega um trem cinza. Numa noite feia, numa cidade que está sempre cinza. Alguém que te espera numa estação cinza. Mas faz tudo ficar naquele tom bonito de azul, enquanto faz uma ironia só pra te fazer rir. 
Existe amor atrás da linha amarela da estação. 
Alguém que te faz café. E se revolta com suas injustiças, te fala umas verdades quando precisa. Alguém pra ficar. Alguém que divide seu reino particular com você. E que tem a nuca com cheiro bom. E o abraço gostoso na madrugada, com beijo meio acordado, meio dormindo. Alguém pra ter pra onde voltar. E pra onde ir. Mesmo a cidade tendo esse ar sempre triste. Alguém que te olha e te enxerga. E não tem medo de você. Apesar de tudo. Alguém que divide a cama, o quarto, a batata na janta. 
Alguém que se dispõe. Alguém que te faz sorrir no meio do dia, pensando que talvez a vida não seja tão ruim. Alguém com um humor mais sádico que o seu e um beijo bom, desses que encaixa de primeira. Alguém que não pediu licença pra te beijar. Foi furtivo, meio rápido demais, com ânsia. Mas que tem calma pros teus problemas e pro teu jeito zen de ser. Alguém que te mostra fotos antigas e conta as histórias da sua vida, como quem abre um livro e te lê os capítulos. 
Existe amor em SP, eu sei. 
Alguém que te dá vontade de falar "Cê fica tão bonito assim, estudando, meio filósofo, meio sério...", com esse ar de quem sabe tanto. Esse cuidado misturado com desleixo. Alguém que te faz compor poesias e versos mentalmente, do tipo "Esse teu eu assim tão você, me dá uns arrepios igual quando sua barba me roça a nuca e eu só sei sorrir." Existe cafuné em SP. Alguém que entende suas referências e frases desconexas. Completa suas ironias e te beija de manhã, dando bom dia. 
Alguém que chegou. E te ensinou a chegar até ele. 
Desce na quarta estação. 
Não se perde, por favor. 
Vou estar lá, depois da escada. 
Meio devagar, meio rápido demais. Difícil explicar. Mas chegou e ficou. E fica. Pedindo pra que nada atropele o caminho natural de nós dois. Pedindo pra que dê tudo certo. Pedindo mais um beijo, pra se despedir. Sem pedir pra ser poesia, mas sendo. 
Existe alguém em SP.



quarta-feira, 27 de julho de 2016

Mi-ami.

Ler ouvindo Por onde andei.






Miami, baby. He said. 
Mi-ami. Me ame, baby. Me ame assim, com o pronome oblíquo começando a frase. Com aquela vontade que você diz baixinho que tem. Me ame com seus olhos cor de água, que dá uma vontade insana de mergulhar. Pular sem saber onde vai dar. E se perder. Com a barba que você deveria ter e não tem. Me ame. Daqui até Miami. Me ame nas noites em que não sei onde você está. Me ame hoje. E talvez amanhã. Me ame nos nossos assuntos eternos. E naquele "se cuida", que sempre parece um "cuida de mim". Me ame nos meus versos mudos que não tem seu nome, mas deveriam. Porque foi você que me pediu pra voltar a escrever. E eu voltei, porque não sei te dizer não. Me ame, porque eu deveria dizer não. E te escrevi um texto que eu não deveria. E chamei ele assim. E chamo você, sempre. Me ame. Assim, de leve. Com esse teu jeito que parece mais comigo do que eu. 
Miami, baby. 
Tão longe de mim. Mas que dá um jeito de estar sempre pertinho. Vem e fica. Pega o que quiser. Leva minha casa e minhas pernas. Puxa meu cabelo e não esquece de mim. Me enrosca. Assim com pronome oblíquo começando a frase: me tira a roupa, me tira o medo. Me tira daqui? Me ama, baby. E volta. E vem. Quantas vezes quiser. Mesmo que sua agenda não permita, vem? Deixa eu ser seu plano. O plano A ou o de fuga, tanto faz. Que você toca aquele violão que nunca mais tocou e eu canto. Que você me toca e eu deixo. Que você me puxa e eu fico. Miami, eu sei. Me ame, baby. Você sabe, eu sei. 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O novo.

Ler ouvindo Pillowtalk.



O novo chegou metendo o pé na porta e mostrando os documentos. 
Diz que veio pra ficar. 
O novo abriu as janelas e arejou a casa. Tem cheiro de casa limpa e café de manhã. 
Ele tem nome de lorde. Tem olhos que parecem ter visto de tudo e conta histórias sobre todo tipo de gente. O novo varreu a casa e não se importou em encontrar tudo uma bagunça. Me pegou no colo e ouviu cada uma das minhas historias, por piores que fossem. 
O novo já me viu chorar. 
E ficou. 
Como disse que faria. 
O novo não se surpreende com meu humor ácido e minha falta de jeito. Ele não tem medo de mim. E tem aquele cheiro bom de gente que é de verdade. 
O novo chegou sem qualquer aviso prévio, sem deixar me preparar. 
E diz que tudo bem, assim. 
Ele me abriu a casa, a vida e sua história, na mesa. Disse que não era grande coisa, mas ele nem sabe que sinceridade daquele jeito dele já é muito. O novo não gosta de falar de amor. 
Assim como eu. 
E me faz pensar em coisas que eu já não sabia mais. O novo me faz ter ciúme. E não é qualquer ciúme não, é aquele bem desgraçado. Coisa que eu não sabia mais o que era. O novo me trouxe sossego. 
Junto com meu doce favorito e um beijo na testa. 
E mais um monte de discussões ansiosas. E outro beijo na virilha. Com aquela cara de cafajeste que quase me mata. 
O novo é bom. 
Faz bem. 
Justo eu, justo agora. 
É, o novo.



domingo, 29 de maio de 2016

Cartomante.

Ler ouvindo Better Man.




 Acertei nas previsões. 
De vez em quando eu acerto, até arrisco um sorriso torto e irônico da sua parte dizendo que eu sempre sei de tudo. Mas você sabe, eu só saberia de tudo se você me permitisse saber ao menos a metade. Acertei na previsão... As vezes eu acerto, quase sempre. Só não acerto quando é sobre a esperança em relação a você. Diria até que dramatizo quando afirmo não te conhecer nem um pouco. Adoraria dizer que é por você ser previsível. 
Mas talvez você não seja tão fácil de se ler. 
Suas entrelinhas são arriscadas ao extremo para alguém como eu. Mas você sabe eu as entendo, eu entendo alguns dos seus sinais. Não sei jogar seu jogo, mas conheço os jogadores. Eu acertei nas previsões, sem ser modesta eu quase sempre acerto. Pode rir, mas eu lembro que seus olhos fugiam de mim em disparada todas as vezes que você tinha o que esconder e eu descobria só no seu jeito de sorrir sem graça. 
Eu acertei na previsão... Quase sempre eu acerto.. 
Quando você está mal, quando exagerou no porre, quando está se exibindo pra alguma paixão, quando posso apostar que voltou para casa com perfume de alguma moça impregnado na blusa de frio e se jogou na cama sabendo que isso é só mais uma furada. Quando voltando do trabalho toca uma música daquelas que você me mostrava e você pensa será que mostro pra alguma garota ou será que só a Thais poderia apreciar de tanta excentricidade? Quando acontece algo grave e mesmo hoje, é minha companhia que você procura pra se sentir melhor. As vezes eu acerto nas previsões...De longe eu vejo fumaça saindo da sua cabeça quando seu mundo vai mal.
 Eu acerto quando antes mesmo de você dar o passo eu já sei para qual direção você vai. 
Quando você age nas suas entrelinhas e fica tudo tão evidente, posso jurar que você sabe que isso iria me atingir em cheio. É assustador para você, mas para mim não é. Você sabe que eu não jogo cartas, não ando em videntes, nem horóscopo eu leio mais. Você sabe, eu só sei dessas coisas, porque ainda me importo com você. Você sabe e por favor desfaz essa cara de que eu sou louca, você sempre soube disso, mas antes de você chegar minha maluquice era menos evidente. 
Eu acertei na previsão. 
Porque mesmo você dando todos os rodeios do universo, uma hora as nossas mentes se cruzam.

 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Agora pra ficar.


Ler ouvindo Crystals.





Hãn... Por onde começar?
Alô?
Vocês ainda me ouvem?
É bom sentir que sim.
Já faz um bom tempo, eu sei.

(...)
Sabe, eu poderia começar esse texto falando sobre como foi difícil passar esse ano em silêncio. Eu poderia falar das vezes que não consegui abrir minha própria página, porque me doía não escrever. Eu poderia não ter voltado nunca mais. Mas eu quero falar da parte bonita disso tudo: eu voltei a escrever. Depois de um ano terrível, de chorar sozinha por algumas vezes. Depois de deixar de acreditar em mim, eu voltei. Eu voltei. E eu não to falando do blog, nem do status. To falando da sensação de voltar pra mim. To falando que as vezes na vida, a gente passa por momentos e por fases em que nem se reconhece mais. 
Perdi alguns amigos. Deixei pra trás toda uma história construída, pra me refazer sozinha. Chorei na frente da minha mãe, dizendo que eu não sabia mais quem era. Trabalhei como se o mundo fosse acabar, pra tentar não pensar na vida fora do ar condicionado. Deixei que tirassem minha identidade e me chamassem de uma pessoa qualquer. 
Mas chega uma hora... Sabe? 
Cê sabe. 
Aquela hora em que você olha pros lados e se pergunta o que está fazendo ali. Chega uma hora em que seu coração grita. E o meu berrou. Eu joguei tudo pro alto. Meti o famoso foda-se. Decidi voltar pro que me faz feliz. E apesar dum medo danado de ser recriminada e julgada e apontada, eu ergui a cabeça e meti o pé. A vida é tão bonita. E a gente perde tanto tempo, esperando amanhã pra ser feliz. Eu voltei a sorrir. Aquele sorriso gostoso que a gente dá sozinho, quando está exatamente onde, como e com quer estar. Sabe? Sei que sabe. Então esse texto é pra você que assim como eu já fez isso. Meu parabéns. Porque a gente aqui sabe: É foda. As pessoas são cruéis. Mas vale tanto à pena. E pra você que ainda não fez, mas sente que deveria: Vai. Mesmo com medo, vai. O mundo é imenso. E a gente é tão pequeno, a vida passa e a gente nem percebe. Vai. Uma ou duas vezes na vida, não adianta nada virar a droga da página. A gente tem que comprar um livro novo.
Na dúvida, vai na fé. "Que a fé não costuma faiá".
Só pra não deixar dúvidas: Eu voltei. 
Com todas as letras e significados que isso pode ter.



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O texto que eu não deveria.

Ler ouvindo Every Breath.


Eu não sei se você vai vir, outra vez. Eu nunca sei. Eu não soube quando cê veio a primeira vez. E chegou perto. E sorriu. E ignorou quem estava ao redor e fez com que eu me sentisse engraçada. Você pulou toda aquela parte em que a gente não se sente à vontade perto de um desconhecido. Veio como se já me conhecesse a um tempão. E acho que conhecia mesmo. É loucura dizer isso, eu sei. Você veio a segunda vez e eu já sabia seu tipo, seu jeito, sua vibe. Eu nem sei porque voltou. Mas sorriu igualzinho a primeira vez, ignorando completamente toda a etiqueta de se conhecer alguém (se é que existe uma, de fato). Dessa vez, você guardou meu nome, enquanto eu já sabia o seu. Não éramos mais desconhecidos. Desse dia em diante cê passou a ter nome, número de telefone e uma voz sussurrada quando dá  "bom dia" meio sonolento. Quem diria? Ninguém. Eu também não digo que é pra não estragar. De repente eu quero vinho, cobertor e aquele papo sacana de gente irônica que você tem. Eu quero aquele jeito safado de quem não me conhecia, mas precisava urgente conhecer e agora conhece e não tem medo. Eu não tenho medo também, amor. Eu quero. E demorei pra conseguir dizer isso, eu quero. Seja lá o que isso queira dizer. Seja lá o que vier, Let it be. E se você  for embora do jeito que veio? Tudo bem. Eu nunca imaginei algo pra sempre. Mas se for, não vou reclamar. "Vamos descobrir o mundo juntos, baby", eu ouço a Cássia e penso em cantar entre um assunto e outro de nós dois. Eu vejo seu sorriso de longe. Vejo tua dor de perto. Eu te vejo, mesmo sem ver. Então, se não for pedir muito não se esquece de mim. Não precisa ficar, se não quiser. Não precisa me amar até o fim da vida, amor. Só me ama hoje e amanhã, e depois de amanhã a gente decide. Ai  você vai embora resolver seus assuntos chatos e eu fico com a poesia. Mas volta. Você volta, né? E a gente se embaralha nessa vontade de termos um ao outro pra sempre, contanto que o "pra sempre" seja só hoje. 
Falando nisso, hoje cê vem? Vem pra mim. 
Vem hoje, pra sempre.


segunda-feira, 30 de março de 2015

Sobre o moço de barba.

Ler ouvindo Every Breath.



Eu não sei como direito como agir. Admito. Não sei. Você chega e faz os ambientes ficarem pequenos, aposto que sabe disso. Você suga tudo ao redor e nada mais parece importar. Você sabe. E pior, você me faz sentir pequena. Frágil, menina. Que droga, cara. Vai embora. Tem tanta menina por aí, tem tantas outras semi modelos que iriam adorar  você jogar esse charme tímido controlado na medida exata nelas. Esse charme de nobre francês misturado com essa barba safada de quem exatamente o que quer. Você sabe o que quer, sou eu quem não sei. Eu to de quatro, cara. Me pega, me leva. Vai embora, dá as costas. E some. Para de me olhar de canto, para de rir da minha cara. Me deixa. Ou então fica, mas fica pra sempre. Fica de vez, sabe? Joga teus medos em cima de mim e despenca toda uma carga de amores passados traumáticos em cima da mesa pra gente resolver juntos. Fala dos teus pavores e pareça um humano. Eu sei que você tem algum defeito. Conta pra mim? Desvenda esse mistério que é ser desejada por alguém que não tem defeitos. Deixa eu invadir sua vida e deixar minha calcinha na sua sala. Deixa eu tomar umas doses com você então. Não me convida mais pra jantar, me convida pra ficar até de manhã. E me aguenta, assim. Imperfeita. Meio louca. Com essas vontades absurdas de te traduzir em palavra, mesmo que nas palavras você fique abstrato. Mesmo que nas palavras eu tenha coragem de admitir que você é um dos caras mais incríveis que já passaram por aqui. E que seu sorriso é lindo de hoje até semana que vem. E suas costas, uau. E que esse teu jeito absurdo de não parar de reclamar da vida seja um charme. Mesmo que eu seja assim, tão direta e tão subjetiva ao mesmo tempo. Promete que não vou ser só uma conquista da sua lista? Promete que sou mais. Não preciso ser a última nem a única. Só quero ser mais. Eu quero ser além, moço. Roça essa barba em mim e me dá uns arrepios, vai. Joga mais teu charme e vê se me olha direito. Não sou qualquer mulher por aí, nem sou mulher pra você. Você sabe, eu sei. Eu nem sei como agir, juro. Vai embora, por favor. E não olha pra trás. Agora volta. E me beija. 













quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Esse caos chamado "todo dia

Ler ouvindo Elastic Heart.



Amar é ótimo. Eu sei disso, você sabe também. O problema mesmo é conviver com o outro, conviver com o mundo. O problema de verdade é conciliar todos os problemas do dia-a-do com a pureza do amor. O verdadeiro desafio é conseguir voltar pra casa ileso todo fim de noite. Nem sempre a gente consegue deixar os problemas junto com os sapatos jogados, na porta de entrada. Nem sempre a falta de dinheiro é romântica e resolvida com planos engraçados de fugir pra praia e fazer dreads. Ser adulto é um porre. Trabalhar, estudar, lavar roupa, comprar papel higiênico, pagar conta de gás. Arrumar a porta emperrada. Reunião de condomínio, reunião de trabalho. Mas e ai? E o amor? Cadê o amor? O amor tem que achar uma brecha entre o banho apressado e a cama pro sono atrasado. O amor tem que marcar hora na agenda. As vezes, tem até que remarcar. Sei que sempre digo isso, mas amar é pros fortes. Eu tenho medo da rotina. E dessa vida caótica desenfreada que puxa a gente todinho pro mundo e faz agente esquecer de si mesmo. Faz a gente esquecer do outro. Eu tenho medo mesmo é de perder esse medo. Eu tenho medo de não enxergar que o amor foi embora por falta de atenção. E de cuidado. Eu tenho medo de me perder e não me achar de volta. Ficar perdida por aí num desses bares cheios de gente que também não sabem pra onde ir. Eu tenho medo de não enxergar a beleza de ter alguém pra dormir quietinho a noite do meu lado. Toda noite. Mesmo que o dia todo seja de correria e stress, a noite é de descanso abraçado. E conversas resumidas e cafés compartilhados com pressa. O amor é maior que isso. Eu sei. E eu gostaria de viver dedicada somente ao amor e as coisas bonitas da vida, mas acredito que tudo tem um porquê. É andando pela rua e convivendo com todo tipo de pessoa que percebo o quanto o amor é mesmo divino. E sagrado. E único. Cada dia mais me sinto sortuda. O caos enferruja todos os dias o amor da gente e nem todo mundo sabe que amor também precisa de manutenção. O amor precisa de cuidado. O amor está em extinção, minha gente. O amor é eterno demais pra essa geração que vive de novidades.

Eu prefiro ser antiquada. Eu prefiro voltar pra casa ilesa.











quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"Enquanto você dormia..."

Ler ouvindo Use Somebody.


Eu gosto do barulho da sua respiração dormindo, na madrugada. Gosto da seqüência de sons baixinhos do ar que você respira. Você me explica todos os sons dizendo que primeiro o oxigênio entra pelas suas vias aéreas, depois o gás carbônico sai do seu corpo, completando o ciclo respiratório. Tanto faz. Eu gosto do barulho. E você ri, porque me acha subjetiva demais. Eu gosto também das pintinhas que você tem no rosto. Também nunca vi alguém se preocupar tanto com isso. Eu gosto das pintinhas e de como elas deixam seu rosto infantil enquanto você dorme. Eu fico quietinha olhando e pensando que o amor é essa coisa gostosa, é essa coberta que a gente divide dormindo num colchão no meio do nosso apartamento vazio. Aí me dá uma vontade louca de escrever e eu digito bem baixinho pra você não acordar. Eu penso em você, com tanto carinho. E as vezes com raiva e cansaço e com desleixo. Porque eu sou humana e não sei amar direito. Porque você é chato e acaba sempre me tirando do sério. Porque a gente se adora e não consegue passar meia hora brigados. 
Eu nem sei direito porque comecei esse texto, mas você me causa essas coisas meio insanas. De repente te beijar ou sair correndo e pular por cima de você no sofá. De repente, você é minha maior urgência. Sempre é. E só não é mais porque nossas individualidades não permitem. Continuo olhando pra você dormindo e só penso em coisas inteligentes e bonitas. Faço uns versos completos e penso que a vida é boa, sim. Que o amor existe e que nós dois vamos ser felizes. Sem esforço e sem muitas perdas.
 Eu tinha tanto medo do amor, você sabe.
 Eu tinha medo do amor me tirar de mim, me obrigar a ser quem eu não sou. Eu tinha medo do amor me escravizar. Mas você me deixa livre e me convida pra ficar, caso eu queira. E eu sempre quero. A gente sempre quer, mesmo quando tudo tá dando errado. Eu quero escolher ficar, do seu lado, na sua vida, sentada perto da sua mãe nos Natais e abraçando seus avós. Eu quero você, com pintinhas em volta do nariz e com as suas grosserias engraçadas. Eu quero me casar com você e arriscar nossas fichas nessa instituição que ninguém mais acredita. Eu quero uns filhos que tenham seu sorriso quadrado e seu otimismo. Quero festa com bolo e brigadeiro. Quero me sentar na mesa da cozinha e fazer contas com você, imitando aquelas filmes americanos que a gente nunca assiste. Eu quero nunca desistir. Mesmo que a gente saiba que o amor não é um sentimento infinito, mas quero que a gente beba uns goles dele todo dia, igual fazemos com a nossa cerveja. E que você nunca se esqueça dos motivos que nos fizeram chegar até aqui. Porque não é fácil. 
Amar é foda. Amar é pros fortes. 
E não to nem aí sobre o que dizem por aí, sobre isso. Ninguém nunca entendeu a gente, mesmo. Ninguém nunca acreditou. Nem eu.

Mas quem se importa? Volta a dormir, meu bem. Volta a respirar daquele jeito que me acalma. Eu to aqui (pra sempre), amo você.










sábado, 27 de dezembro de 2014

Let it be.



Qual é o preço que a gente paga por amar errado? A gente pagou caro, menino. Foram muitas parcelas. E juros e correções monetárias. A gente se perdeu nas prestações de um amor que nem valia tudo aquilo. A gente pôs a leilão o que não tinha preço. E nos perdemos, fim. Foi isso, sem grandes alardes. Sinto que duramos o quanto podíamos, o quanto nosso amor aguentou. Queria que você soubesse que não foi por mal, que nunca quis te machucar. Nem magoar, nem sofrer. Eu nunca quis nada disso. Mas eu não sabia amar, nem você. A gente apostou todas as fichas sem saber no que apostava. Acontece, né? Acho que sim. 
Acho que ninguém nasce sabendo amar. 
Mesmo assim, eu penso em você. Como um pulo errado, na vida certa. Aprendizado. Você sempre vai ser o primeiro. E todos os outros sempre vão ser comparados a você. Acho que era isso que a gente queria. A gente sempre soube que não seria pra sempre, mas queríamos o eterno. A gente conseguiu. Eternizou. Na vida, na memória, nas promessas loucas de um amor sem futuro. Nas páginas viradas da história da nossa vida. Eu assinei teu livro, você assinou o meu. Se todo amor é mesmo inesquecível, eu não sei. Assim como não sei uma porção de outras coisas. Mas quase sempre penso em você, nas nossas juras desesperadas de um amor que nem sabíamos como manter. Eu me lembro de você, quando passo pela rodoviária. E na minha (nossa) primeira vez no escuro. 
Eu me lembro de você. Queria que soubesse. 
Nem sei se faz diferença. E não sinto raiva, nem saudade. Qual é o preço que a gente paga por acreditar no "pra sempre"? É caro, a gente sabe bem. Depois de você, eu aprendi a dar valor ao meu valor. Nunca mais ouvi aquele cd que você gostava tanto. Nem comprei mais batatas naquele restaurante que já era nosso, de tanto que íamos lá. Eu nunca mais te amei, nem chorei pensando em nós dois. Mas eu me lembro, tá? Eu me lembro sim. Do teu choro e do teu medo de não ser suficiente pra mim. E pro mundo. Eu sei teus medos, ainda. E conheço teu sorriso nas tuas fotos no meio daquela gente estranha. Você ainda é um pouquinho meu. Sou um pouco tua, também. Somos eternos. Don't be afraid.

Por isso nos deixamos, por isso precisávamos ir. 
Let it be. Let it go.









quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pro amor que fica.

Ler ouvindo História de Amor.


Querido E,
É sempre bom falar com você, por isso te escrevo. Queria te dizer muitas coisas, dessas que a gente lê em livros de auto ajuda e nos fazem crer que os problemas não existem. Mas infelizmente os problemas existem. E você existe também, sorte minha. E nós existimos um pro outro, com tanta verdade que chega a me assustar. Eu não costumo ser tão franca, nem olhar nos olhos dos outros com tanta frequência. Eu não amo tanto assim. Mas você me faz sentir e ser e querer coisas que normalmente não sinto. Espero que saiba. E se não souber, eu te digo. É que ontem, quando me disse que preciso me intrometer mais na sua vida, foi uma das suas declarações de amor mais bonitas (e olha que foram muitas). "Você tem carta branca, sabe disso". Vou me meter então. Quero que leia cada uma das minhas frases e siga todas elas a risca. Primeiro, meu amor: não tenha medo. Da vida, do mundo, da ruindade das pessoas e nem da bondade delas. Não tenha medo de Deus, nem do inferno. Não tenha medo de ser quem você é. E acredite em mim, ser quem você é uma das maiores dádivas que você pode ser, porque você é incrível. E não duvide disso. Não tenha medo de ter esse um milhão de amigos que você tem, mesmo que eles te magoem as vezes. Mas desconfie, as vezes. Porque apesar do teu coração não ser capaz de ferir uma barata (Obrigada por ter matado aquela que veio na minha direção), algumas pessoas não se importam. E não importa o que a gente diga ou faça, elas simplesmente não se importam. Não vou pedir pra que você não se importe, porque eu sei que será inútil. Você está certíssimo quanto ao amor: ele é uma ramificação da liberdade. Não perca esse pensamento, nunca. Não amarre seus braços, porque eles abraçam o mundo (e me abraçam, também). Não tente ser normal e agir como a multidão, porque: você não é "os outros". Você nunca vai ser "os outros". E se não for pedir muito: fica. Fica mais. Fica perto. Com você por perto, eu me sinto mais perto de mim. Você sabe como é ótimo ter alguém com quem não precisamos medir as palavras, nem o amor. Eu queria que você se enxergasse uns segundos com meus olhos e visse o quanto você é humano e único e amazing. So amazing. Você é sol, nos meus dias de chuva. Não se perde. Não se perde de mim. E não perde também essa mania feia de mexer no cabelo enquanto fala e não ter medo de rir das minhas caras e bocas. Promete pra mim? Promete que nunca vai deixar de rir. Ontem eu dormi feliz. Eu dormi pedindo pra Deus e o mundo não te machucarem. Eu sou uma tempestade, eu não posso imaginar o vidro do meu copo d'água quebrado. Eu preciso desaguar em você. E sim, eu te seguro também. E seguro a barra que é gostar de você (Hiê didididiê). E mesmo que o mundo não te entenda ou você mesmo não consiga se entender, você construiu em mim um lugar pra ficar. 
Se precisar, fica. 
Tem tapete colorido e amendoim. 
Tem até rima ruim.
Tem a mim. 
Sempre.