segunda-feira, 2 de julho de 2012

Apresentação.


(Ler ouvindo Zeca Baleiro - Quase Nada)


Olha, eu sei que você não me conhece, mas isso é normal, pouca gente conhece de verdade, vou me apresentar e depois que eu disser tudo, você decide se realmente vai me entregar seu coração assim, tão de bandeja. Depois que eu falar tudo, você me diz se eu valho todo esse brilho nos seus olhos. Eu não te culpo por gostar de mim, sou mesmo fácil de se apegar. Sempre fui, desse jeito assim, meio louca, meio intensa demais. Sempre fui. Chorar com comédia, fazer piada de tragédia. É meu jeito de fugir da vida, é meu jeito de ser lúcida apesar da vontade imensa de me entregar a ignorância. Eu fujo da vida batendo de frente com ela. Eu sempre quis ser lembrada. Acho que não só eu, todo mundo no fundo, é assim. Todo mundo quer ser lembrado. Agora, daqui a pouco, daqui vinte anos. Não existe quem não fique feliz quando alguém se lembra seu nome ou algo que fez. O ser humano tem necessidade de deixar seu legado. Mas a maioria das pessoas finge que isso não importa, finge que o importante é ter amigos, é ser feliz. Mas não, o importante é o que vai ficar. Não tem problema se depois dessa conversa, você decidir que não me ama, eu só quero que não se esqueça de mim. Por qualquer motivo. Eu acho que fazer história é mais importante que viver. Fazer história é não morrer nunca. Enquanto alguém lembrar, você existe. Eu não sou muito fácil de conviver, costumo reclamar bastante de tudo, de qualquer coisa. E mesmo que o céu esteja caindo sobre as nossas cabeças, não vai ser difícil me ver sorrindo. Eu sempre sorri demais. E acho que é um dos meus grandes problemas e grandes virtudes. Eu não sofro nenhuma dor que seja minha. Minha dor é a dos outros. Sou capaz de chorar horas contínuas por algo que nunca me aconteceu, mas não choro a morte de alguém próximo. Tem gente que acha que eu brinco com as pessoas, mal eles sabem que eu brinco é comigo. Eu brinco com essa minha alma grande demais prum corpo tão pequeno, brinco com minha necessidade de amar demais e ser demais e querer demais, eu brinco é com a falta que todo o universo faz dentro de mim. Eu quero que você me ame pra sempre, mesmo que eu não te ame e isso não é por mal, é apenas um desejo. Eu sou uma esponja que nunca se encharca. O tudo pra mim é pouco. O infinito acaba ali na esquina. E não tem problema se acabar amanhã, eu vou embora sorrindo. Eu sempre vou embora, de todos os lugares. E eu sempre deixo uma marca onde eu passo. Eu sou demais pra mim. E sou demais pra você também e é por isso que não vamos dar certo. Sou demais pra qualquer pessoa. Mas voltando a sua pergunta... 


Meu nome é Thais.


16 comentários:

  1. Interessante sua reflexão e a construção do texto.

    ResponderExcluir
  2. Muito prazer Thais, você sim é um ser-humano, tão contraditória como é a vida. Seu texto lembrou-me O Poema em Linha Reta, de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), posto-o na íntegra, se caso ainda não tenha lido:
    Poema em linha reta

    Fernando Pessoa
    (Álvaro de Campos)

    [538]

    Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
    Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


    E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
    Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
    Indesculpavelmente sujo,
    Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
    Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
    Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
    Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
    Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
    Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
    Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
    Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
    Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
    Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
    Para fora da possibilidade do soco;
    Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
    Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


    Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
    Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
    Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


    Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
    Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
    Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
    Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
    Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
    Ó príncipes, meus irmãos,


    Arre, estou farto de semideuses!
    Onde é que há gente no mundo?


    Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


    Poderão as mulheres não os terem amado,
    Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
    E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
    Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
    Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
    Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


    P. S. : Adorei o neologismo: Womanizando.

    ResponderExcluir
  3. Oi Thais! Muito, muito bom texto!
    Talvez meu nome seja Thais também, uma vez que me identifiquei com vários trechos! haha
    Gostei do estilo do teu blog!
    beijos

    http://blogemsuacompanhia.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  4. Complexa, contraditória e inacabada( no bom sentido é claro, pois quem esta completo não precisa mais se encontar e a vida é a busca)

    Bom texto, de verdade, gostei. Achei intenso e criativo, cheio de amor e duvidas.

    ResponderExcluir
  5. Adorei seus textos, com personalidade, parabéns! ;)))


    beijos ;**

    Te seguindo

    http://diamante-inspiracao.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. concordo em muitos pontos e até sou parecida com vc! rsrsrsrs

    ResponderExcluir
  7. Ótimo, adorei várias passagens e me peguei sorrindo em algumas que me identifiquei, perfeito viu.

    ResponderExcluir
  8. Blog está lindo os texto mais incriveis ainda ,seguindo você se puder me segue
    http://sonhoapenassonhos.blogspot.com.br/
    Obrigada deis de Já bjinhos.

    ResponderExcluir
  9. " Coisa linda, muito prazer"

    rs

    http://blogdoitalogomes.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  10. Olá :)

    Muito prazer Thais, eu sou a Jéssica! Hehehe

    Beijinhos

    ResponderExcluir
  11. Que ótimo. Auto-estima elevadíssima. Muito bem!!!

    ResponderExcluir
  12. Como se pode desistir antes de tentar? Aceitar a derrota é perder antecipadamente não é isso que dizem? No amor as coisas são intensas, incusive os sentimentos relacionados ao medo. Você pode tentar driblá-lo mas precisa superá-lo, derrotá-lo e enfrentar outros medos. Intenso é a vida e nós somos quando nos permitimos ir além de nós mesmos o problema é que estamos numa via de mão dupla e a intesidade serve para o ruim e para o bom. Não fuja de si mesma. Fuja do que te faz mal, porque vc já sentiu isso em algum momento. Aprenda consigo mesma e pare de esperar dos outros o que só você pode fazer por si. Ninguém é feliz no amor se não amar a si antes. De outra forma é ilusão e não demora para acordar disso.

    ResponderExcluir
  13. Mas eu te amo... Sem ao menos te ver, olhar nos olhos, e escutar sua risada, gosto de ti, porque me entende e tal, e ponto final!
    Bjos e tchau!

    ResponderExcluir