(Ler ouvindo Maria Rita - O que é o amor?)
Olá classe! Sentiram saudade? Ok, não precisam responder.
Vamos ao que interessa. Hoje nos vamos falar sobre o bicho de sete cabeças. O
monstro do lago Ness. O terrível, temível, horripilante e assustador A-M-O-R.
Anotem com a canetinha colorida, no título: O que é o amor? O amor, minhas
lindas, nada mais é do que o seu amor próprio refletido em alguém. Amor
significa espelho. Simples assim. Grifem isso. Pra amar alguém, é preciso
primeiro se amar. Aí vocês vêm pra mim chorando, descabeladas, com a roupa suja
de sorvete da noite de fossa anterior gemendo que amam o fulano mais do que
tudo e que ele é a vida de vocês. Acorda pra vida, minha filha! Acorda pra
realidade, isso aqui não é Matrix, muito menos conto de fadas. Pra amar alguém,
é necessário que você se goste em primeiro lugar. E se está faltando amor
próprio, já descarta a possibilidade de amor. Pronto, risca da lista. Pode ser
paixão, atração, desespero, carência, loucura, pode ser tudo. Tudo. Mas amor
não é. Agora uma de vocês vai pensar: “Como ela pode ter certeza que não é
amor?”. Porque é óbvio. Porque o amor foi feito pra fazer bem pras pessoas, pra
unir, pra completar. “Amor” que destrói, que diminui, que não acrescenta, tem
outro nome. E tem outro final também. Isso não quer dizer que amor seja eterno,
seja até o final da vida, seja até ficar velhinho e de mãozinha dada, nada
disso! Amor é amor. Amor é hoje. Amor é o reflexo de como você se sente hoje. Amar
alguém pelo que a pessoa é e pelo que ela é, na sua vida. As pessoas mudam.
Acreditar em amor eterno é se prender em rotina. Amor eterno é
o mesmo que ler Shakespeare. È lindo, mas é ficção. Amor é todo dia. É rotina.
É quebra de rotina. Amor é a paz de espírito que você encontra perto da pessoa.
Não importa se é um relacionamento longo, curto, distante, grudado, calmo,
violento ou gay. O importante é a paz. Esse papo de pessoa ideal, pessoa que te
combina, metade da laranja, simpatia e amarração é perda de tempo. È atraso.
Vai cuidar de você, vai ser feliz. Amor próprio é o amor mais bonito. Quando o
seu amor próprio encontrar abrigo em outro peito, aí você pode chamar de Amor.
Com letra maiúscula. Pode falar com a boca cheia, todas as letras. Porque
quando é assim, é concreto. Não é amorzinho idealizado, nem de infância, nem de
verão, nem platônico. É real. E não tem problema se acabar amanhã, ou se durar
cinqüenta anos. Não vai ter morte. Amor assim, é um marco na vida. E a gente
aceita ele, do jeito que for. Sem se prender a datas, promessas, compromissos e
convenções. Com a intensidade e duração que for necessário. Agora vamos parar
de mistificar tanto o amor, vamos parar de por tanta lenha num fogo tão baixo.
Não tem mistério, não tem segredo. Amor é o que te fizer bem. E não importa se
é amor próprio, amor a profissão, amor a solidão, amor ao próximo, amor ao
filho, amor a vida. O importante é ter amor. Saudável. Chega de colocar o amor
num pedestal, num alcance tão longe, o amor mora ao lado, mora dentro, mora
junto com a gente. Chega de dar tanto valor a um sentimento que não se força,
que não se pede e não se adquire tentando. Amor só acontece, quando a gente
cansa de procurar o homem dos sonhos e decide seguir aquele clichê, de toda
mulher triste “Vou cuidar de mim”. O amor é cuidar de si, na outra pessoa.
Porque cuidando dela, você cuida de você. Por hoje é só, meninas. Por favor,
pensem nisso. Chega de chamar qualquer paixonite de show da Ivete de amor. Quem
ama loucamente, não ama! Grifem isso com caneta colorida. Se cuidem, pensem,
reflitam e amem, mulheres. Amem a si mesmas, amem os outros.
E amém.
E amém.