segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Costumes

(Ler ouvindo Tiago Iorc - My Girl)

Eu me acostumei a idéia de que você era o homem da minha vida. Desde crianças, nós dois. Mãozinhas dadas, selinhos roubados. História linda, todo mundo dizia. Eu era uma menina e já era sua, a sua menina. Desde que me entendi por mulher, era a sua mulher. Quando me entendi por gente, era nosso aniversário de namoro e você foi pra uma balada e me deixou sozinha. O tempo passou, eu continuei sua e você continuou seu. Nada meu, às vezes meu, quando queria meu. Vai passar, vai melhorar, eu rezava, é uma história tão bonita. A história continuava, mas era só eu quem traçava nossos planos. Chegamos num ponto insustentável, meu amor próprio gritava, pedia pra eu me lembrar de mim. Eu lembrei. Acabou. Você cresceu. Tarde, mas evoluiu. Depois de tudo, voltou. A história bonita. Não podia dizer não, não podia fugir do meu destino traçado desde menina. Recomeço. Mas um recomeço não existe, quando o caminho já está no meio. Não existe botão reset na vida de ninguém, não existe restart em lembranças, não é possível f5 em sentimentos. O seu amor, o meu costume. O costume da sua voz do outro lado da linha, o costume do seu cheiro, da sua mão, na minha cintura, quando paramos numa fila. As nossas brincadeiras, nossos costumes. Mas será mesmo nosso amor? As pessoas mudam tanto... Você mudou, eu sei. Pra melhor, confesso. Mas e eu? E nós? Eu mudei também, continuar boba como eu era, teria sido fatal. Nosso amor não cresceu com a gente. Nós abandonamos ele pelo meio do caminho pra crescermos sozinhos. Agora que crescemos, voltar pra busca-lo é atraso na caminhada. Mas abandonar uma história tão bonita... Ninguém vive de história. Nossa história foi linda sim, e ainda pode ser. Espero mesmo te encontrar daqui uns anos, sem querer numa cidade qualquer, sorrir e caminhar ao teu encontro, nós jantarmos juntos, conversarmos sobre tudo que passamos nos anos longe, falar de saudade. Um clichê de filme. Mas nossa história sempre foi de cinema, não foi? Errado somos nós. Nós dois espatifando esse sentimento nosso forçando algo que já não tem liga. O laço afrouxou. A fita soltou. Não pensa que não te quero bem. Você sempre vai ter o peso do primeiro. Todos que vierem vão ser comparados a você, inconscientemente. Mas eu preciso de mim. Eu preciso ser maior. Eu não posso viver presa a um sentimento fantasma. Que nossa história seja sim, linda. Que você conte de mim, um dia pros seus netos, nossos talvez. Mas pra isso,vamos nos soltar, pra então nos prender...


8 comentários:

  1. Ai que boom que voltou *-*
    Lindo, lindo o texto, pra variar né? kkk

    ;D

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  2. ..rs.. Gostei do texto!!!

    Bom blog. Continue assim!

    Entre no meu e se gostar clique em curti e deixe um comentario!

    Abraço,
    PREGUIÇA ALHEIA.
    _________________________
    http://www.preguicaalheia.com

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  3. Que lindo! amei! to te seguindo!
    http://madenremade.blogspot.com/

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  4. Muito bonito! Gostei muito da indicação da música para ouvir o post! Uma ideia muito boa! Parabéns pelo blog!
    Abraço.

    Comente também:
    http://enricows.blogspot.com/

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  5. De todos os blogs nesse estilo que já li, o seu supera qualquer um. Muito melhor do que muita escritora consagrada. Parabens, sucesso!

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  6. Que texto lindo, bem suave, gostei.

    Abraços querida.

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  7. Texto lindo, gostei muito do seu cantinho e estou seguindo, ficaria grata se me visitasse e siga se gostar:
    http://fazdecontatxt.blogspot.com
    Sucesso!

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  8. Me lembrou meu primeiro amor. A amizade e depois o friozinho na barriga, a sensação de conhecer alguém tão profundamente, por que ele simplesmente está ali desde sempre. Perfeita, dá até saudade.
    Mas não demos certo, por uma série de motivos. Porém, é exatamente isso, ninguém tira dele o peso do primeiro. :3
    talkin about my giiiirl (8), não é? rs

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