( Ler ouvindo Nando Reis - Muito estranho)
Os contos de fadas, as novelas e filmes adolescentes sempre me fizeram acreditar no amor. E naquelas baboseiras de eternidade, o bem sempre vence, a malvada se dá mal e barara biriri. Aí eu cresci. Mas como boa mulher que sou, mantive a crença nesse amor indecentemente perfeito. E andava pelas ruas, com os olhos arregalados, louca pra encontrar o príncipe. O meu príncipe. Aquele, de tirar meus pés do chão, fazer meu mundo girar, das músicas do Roupa Nova e Roberto Carlos. Ele nunca veio. E eu fui me apaixonando por semi príncipes. E fui desacreditando do amor. E do bem sempre vencer. E do Roberto Carlos. Chega uma hora que a ficha cai. E eu entendi, da pior forma, que o amor não tem nada a ver com mundo girando, nem com pés fora do chão. Depois de desejar por anos um amor que me fizesse suspirar, hoje eu entendo que o amor é silêncio. E maturidade. E amizade. E não dizer nada, quando quiser dizer tudo. E aparecer na hora certa. E não precisar de grandes histórias, músicas, frescuras. Porque contos de fadas são uma mentira absurda. E as novelas são piadas. Amor é ter os dois pés no chão. E entender que não existe perfeição e principes e bruxas. E conhecer defeitos e aceitar. E mais do que tudo, querer. Querer e fazer valer a pena. Porque a gente é tão frágil, cara. A gente é tão pequeno pra falar de eternidade. Mas então, pra que falar? Amor é conta pra dividir, problema pra resolver e rotina pra acertar. Ouvir Roupa Nova e rir. Aceitar ser imperfeito. E rir de novo. Todo dia. Sem pensar no amanhã, porque o amor não permite datas. E não aceita desfeitas. Entende que o amor é lindo, mas é difícil. E dolorido, quase sempre. Enquanto você se preocupa com o 'pra sempre', se perde no 'todo dia'. Vive hoje. Aproveita. Joga tuas idéias sobre amor no lixo e vai viver de verdade!