sábado, 22 de fevereiro de 2014

Desabafo.

Ler ouvindo The Scientist.

As pessoas me perguntam se estou bem. Sorrio e afirmo que sim. Não entendo metade do que dizem, parados na minha frente. Perguntam mais alguma coisa. Tanto faz. Sorrio em um gesto de gratidão. Que diferença faz ficar aqui? Eles dizem. Ela quer ficar sozinha. É, eu quero ficar sozinha. Eu quero? Eu não sei o que eu quero. Eu torço pra alguém chegar, só por torcer pra alguma coisa acontecer. Alguém chega e começa a falar também, aí torço pra todos irem embora. Já tentei chorar, abraçar travesseiro. Já tentei me descabelar, deitar no chão do banheiro. Já tentei jogar objetos na parede e sentar no chão atrás da porta. Tentei escrever. Já fiz uma carta de despedida. Já saí sozinha pela rua tentando fugir de mim, como se alguma dessas coisas adiantassem. Procurei na internet se já foi realizado algum transplante de coração causado por dor. Causado por ausência. Não, não foi. O seu time ganhou, ontem. Em outra época eu te ligaria logo de manhã, pra contar. Você diria que sabe, viu o jogo obviamente. Mas eu emendaria outros assuntos, só pra te ouvir dizer qualquer coisa com voz rouca, de sono. Em outra época, eu acordaria sorrindo. Estranho como as coisas acontecem, né? Em um dia, não se é nada pra outro alguém, no outro dia pode-se ser tudo. No outro dia, pode ser nada novamente. Que montanha russa. Eu não estou sofrendo, quero deixar claro. É só uma fase de transição, tô assimilando os golpes. As pessoas chegam, as pessoas vão. Eu fico. Mais alguém pergunta se estou bem e vai embora. E eu fico. Você foi embora, eu fiquei. Feito um vaso de flores, parada bem no meio do corredor. As pessoas desviam de mim. Interessante como as pessoas se afastam, quando paramos de sorrir. Ninguém tem culpa da minha fase, eu sei. Ninguém mandou você embora, ninguém me mandou ficar. Mas você foi, eu fiquei. Estou repetitiva. Tentei sair com uma amiga semana passada, repeti sete vezes a mesma frase. "Tem horas em que tudo isso parece um pesadelo, daqui a pouco eu acordo". Eu sei que não vou acordar, eu nem tenho dormido muito ultimamente. Sabe quando seus pensamentos ficam num fundo branco, como se flutuassem? Não, ninguém sabe. Por isso não falo. Sorrio e afirmo que sim, estou bem. Ninguém enxerga o vácuo no meu peito. O vazio que dói. Como se tivessem aberto um buraco aqui dentro e tirado tudo do lugar. Estou em escombros. Me deixa aqui quietinha, até me reconstruir. Me deixa ficar aqui, de porre. Me deixa acreditar que você vai aparecer ali na porta e me tirar do meio dessa gente que fica encostando a mão no meu ombro, pra me perguntar se estou entendendo o que eles dizem. Deixa que eu fique assim, um pouco?
Deixa eu ser humana? Deixa eu colocar as coisas aqui dentro no lugar.
Deixa eu voltar a respirar? 
Deixa a minha dor doer, deixa a minha dor passar.










terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Proposta.



Olha só, eu não quero te amar com um conta-gotas. Desculpa, mas se for assim, eu prefiro ir embora. Eu não nasci pra amar pouquinho, pra amar só de quinta-feira a noite, pra amar só até amanhã e depois tchau, foi bom enquanto durou. Eu sou de verdade, rapaz. Eu não sou dessa meninas que você encontra por aí que não querem saber do amanhã. Eu quero. Mas quero, se for de verdade. Não me diz que sou diferente, que sente algo especial se for só por brincadeira. Não me conquiste, se não for ficar. Eu sei que tenho esse jeito de decidida e mulher bem resolvida. Mas ouve isso: é tudo disfarce, tudo mentirinha. Sou uma menina, sonho com um amor bonito, quero ter uma casa e filhinhos que andem de frauda pela casa. E você pode dar risada, eu não me importo. Mas é o que quero, é o que sonho. Se teu sonho for diferente, vai embora. Não me faz acreditar que você é um príncipe, se você for o lobo mau. Tô te pedindo, seja sincero. Eu não quero encontros marcados, nem ter dia da semana pra te amar. Eu quero te ver quando der na telha, quero te ligar de madrugada e saber que vai me atender, com vontade. Eu não quero você no sábado a noite, quero você no domingo de manhã. Eu quero ser sua amiga, em primeiro lugar. Quero me sentir parte da sua família, quero uns apelidos estranhos pra gente se chamar e dar risada. Não precisa viver grudado em mim, Deus me livre. Mas seja sincero, quando voltar. Curta seu futebol e sua cerveja, vou estar por aí também. Comprando meus livros e esmaltes. Vou te ligar e falar que perdi (de novo) as chaves. Eu quero que nossa relação não dependa de status, nomes ou redes sociais. Quero poder pular no teu colo, te enchendo o rosto de beijos só por sentir vontade de fazer isso, sem que você me ache uma louca. Quero poder chorar com meus filmes e músicas e você não me achar ridícula. Quero reciprocidade, isso mesmo. Antigo isso, né? Eu não me importo. Quero que sonhe meus sonhos, quero sonhar os seus. Não quero que me tire do chão, quero que ande comigo, passo a passo. Não preciso que queira tudo que eu quero, só quero que fique feliz quando eu ficar. Eu só quero verdade. E se não puder me dar isso, não me ofereça amor. Não me diga que vai ficar. Não me peça pra te esperar, depois das 3 da manhã. Eu não quero ser sua última escolha de fim de noite. Eu não quero ser mais uma. 
Eu só aceito, se for amor. Eu só aceito, se for pra valer. 








segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sobre amores e verdades.


Eu quero começar dizendo que nem sempre o amor é eterno. E nem sempre o amor é tudo, numa relação. Não tem fórmula, nem prazo de validade. O amor não é aquele negócio lindo e sem fim que a gente assiste na Sessão da Tarde. O amor é difícil, menina. O amor bate na cara da gente. E as vezes vai embora, quando deveria ficar. Fica, quando deveria ir. O amor é feito a gente, sabe? Vive fazendo bobagens. O amor é que nem uma receita de bolo, as vezes a gente tem todos os ingredientes e segue tudo a risca como diz no caderninho da vó, mas o bolo desanda. O bolo não cresce. O bolo queima. O bolo vai pro lixo. Nem sempre o amor tem razão. Nem sempre o amor vale a pena, menina. Isso é que é difícil de entrar na cabeça, né? Nem sempre vale a pena. E como é que a gente mede a valia do amor? Boa pergunta. Quando é que a gente decide que é melhor ir, ao invés de tentar de novo? Eu acho que a gente sente. A gente sente que o amor virou só apego, virou só rotina, virou só costume de estar ali. A gente finge que não vê, diz que é fase, diz que o outro vai voltar a amar amanhã ou depois. Mas no fundo, a gente sente que o amor ficou sem sal, só não quer assumir. Acho que esse é o maior problema, aquela mania de achar que o amor tem que ser igual de filme. Mas olha só, pensa comigo: filme só dura duas horas. E o amor? O amor só dura o que tem que durar. E depois renasce em outra vida, em outra história. Renasce por aqui mesmo, com outros personagens. Em outra direção. Cê tá me entendendo, menina? Amor não é aquilo te te tira do chão, é aquilo te poe no eixo. O amor de verdade não tem nada a ver com borboletas no estômago, mãos frias, noites sem dormir e falta de ar. Amor é pé no chão, são mãos quentes e entrelaçadas. Amor é respiração controlada. É sono tranquilo. Amor é o telefone que toca todo dia, é a reciprocidade. É decidir por um mesmo caminho. E não tem nada de conto de fadas, nem glitter pelo ar. É preto no branco, é decisão. E nem sempre é pra sempre. Somos tão pequenos. Mudamos tanto, todos os dias. Como é que vamos esperar que o amor seja sempre igual? As vezes ele muda e a gente fica. As vezes a gente muda e ele fica. Não é porque um amor se foi, que um outro não possa chegar. Não possa ficar... O amor só exige uma coisa: verdade. O modo, o tempo, a loucura, a vontade pouco importam. Se tem verdade, pode ter amor. Quem somos nós pra julgar? 
Quem sou eu pra dizer que existe alguma razão, no amor?
Eu só quero que as idéias sobre o amor sejam renovadas. Que a gente pare de acreditar num amor tão antiguado, tão desumano. O amor é real, é bonito, é tudo aquilo que a gente quiser que ele seja. O amor tá aqui dentro, tá aí dentro. Basta que a gente cuide dele. 
Basta que a gente acredite. Basta que a gente decida.











quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Oi amor.


Ler ouvindo Encontro.


Você deve estar dormindo agora, porque chegou cansado do trabalho e me deu uma vontade louca de escrever, quando te imaginei todo bonitinho dormindo. Hoje eu fiquei bastante tempo deitada, depois de te ligar, a gatinha estava ronronando no meu colo e eu estava aconchegada na cama. Eu fiquei lembrando de quanto tempo, eu tenho o costume de te ligar só por rotina. E de te ouvir falar que está cansado. E contar as bobagens do nosso dia-a-dia. Dar risada das nossas piadas, combinar nossa rotina, falar sobre qualquer coisa. Eu me lembro do nosso começo e do desespero que eu tinha de que qualquer dia você sumisse, porque não era normal um relacionamento ser tão legal, assim. Eu me lembro do seu primeiro 'te amo', falado meio rapidinho e eu pensando em câmera lenta "Meu Deus, olha o que ele tá dizendo, ele disse que me ama, ele... ah meu Deus". Eu me lembro de chorar no seu ombro, todas as minhas dores, enquanto a gente nem tinha pra onde ir e estava numa ponte abandonada, no meio do nada. Eu me lembro de ouvir todas as suas histórias com um ciume absurdo de todas as suas aventuras passadas e de sentir querer te prender num quarto e nunca mais te deixar ser de mais ninguém, ser só meu e pronto. Eu me lembro de te dizer isso e você rir como se o mundo fosse acabar. Eu me lembro das nossas brigas, de querer te matar tantas e tantas vezes. E olhar pra você 15 segundos depois e já não existir vontade nenhuma. Eu me lembro do seu abraço no meu pescoço quando dorme, que mais parece um cachecol. E do seu cheiro de fábrica. E do seu perfume bom. Aquela sua voz manhosa, quando quer carinho. As suas grosserias engraçadas, que só eu acho engraçadas. E de tudo que você é. Você não é nada parecido com um príncipe encantado, sabe? Você nunca me acordaria do sono eterno com um beijo, porque provavelmente você dormiria mais do que eu ou teria preguiça de ir me resgatar. Você não me deixaria comer uma maçã envenenada, porque provavelmente você teria comido tudo antes. E mesmo assim, eu te chamo de príncipe. Eu te chamo de amor.
Digo com todas as letras que você é o dono dos dois buraquinhos que tenho na coluna e do meu cabelo enorme que você adora ver solto. 
Digo sem vírgulas que te amo e não gosto nem de pensar em ficar sem você. 
Porque eu sem você, sou sem graça. Sou sem sal. Sou sem cor. Sou sem luz. Eu sem você, nem sou eu.










quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Conselhos.





Dizem que se conselho fosse bom, a gente venderia. Não concordo. Já ouvi tanto conselho bom, de graça. Conselho que as vezes nem era pra mim, mas encaixou certinho. Eu acho que quando a gente gosta, a gente tenta avisar quando vê o outro fazendo bobagem. Eu pelo menos, sou assim. As vezes falo até demais, por não querer que o outro sofra. Por isso decidi escrever um texto com os conselhos que são importantes em qualquer fase da vida, em qualquer momento, pra qualquer pessoa.
1 - "Ame ao outro como a ti mesmo". Tá na Bíblia, mas presta bem atenção, é pra amar 'como' a ti mesmo, não mais do que a você. Você pode amar mil pessoas, pode amar muito, pode amar demais, mas não pode deixar que esse amor seja maior do que você sente por você mesmo. Senão as coisas desandam, dão errado.
2 - Dê valor pro que você tem. A ambição é uma virtude, sim. Devemos ter vontade de ter mais e de ser mais, mas nunca podemos esquecer do que temos e principalmente de quem temos. Não espere o outro ir embora pra perceber o quanto ele te faz falta. 
3 - Reconheça quando as pessoas te fizerem bem. Um favor, uma ajuda, um elogio. Seja sempre grato.
4 - Nem sempre as pessoas vão agir da forma que você quer. Nem sempre você age como os outros querem. Se quer a compreensão das pessoas, tente compreende-las primeiro.
5 - As pessoas que te amam vão estar com você nos momentos difíceis, vão querer o seu bem sempre. Nem sempre vão acertar, vão fazer bobagens as vezes, mas aí você relê o conselho 4 e entende o que estou querendo dizer.
6 - O tempo não espera, não deixe de dizer a alguém que o ama, não deixe de fazer o que tem vontade. Isso não significa que deve sempre agir por impulso e não pensar no amanhã. Mas, quando sentir vontade, se deixe levar. A vida é tão rara.
7 - Passe mais tempo realizando do que planejando. Quem muito pensa, pouco faz. Quem pouco faz, pouco vive.
8 - Repare nos exemplos do dia-a-dia. Repare em como as pessoas agem, como se portam. Isso é uma forma de você aprender lições, sem precisar sofrer. 
9 - Ore a Deus como se tudo no mundo dependesse dele e trabalhe todos os dias como se tudo no mundo dependesse de você.
10 - Diga a verdade. Sempre. Mesmo que doa, mesmo que seja difícil. Isso não quer dizer que você precise ofender ou magoar as pessoas, tudo tem sua hora e as palavras certas. Tudo tem o seu momento.

Procure ser leve, procure ser feliz. Cuide de quem cuida de você. Cuide e regue teus sonhos, corra atrás deles. Faça de Deus, um amigo. Faça da sua família, sua base. Faça do amor, sua força. Faça da fé, sua arma.
O sentido da vida é só um, meu bem: é pra frente!











quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Pra dizer adeus.


Ler ouvindo Depois .

Eu pretendo ser breve, não gosto muito de despedidas. Mas eu acho toda história tem que ter um fim. Mesmo que seja assim, escrita em versos que você talvez nem leia. Eu preciso dizer adeus a tudo aquilo que já não sou eu, que nunca fomos nós, que não é e nunca foi você. Eu fiz muitos planos pra nós dois, você sabe. Eu te amei como ninguém. Exatamente, como ninguém. Talvez eu tenha te amado tanto, que esqueci de mim. Mas não, não to escrevendo um texto pra te culpar por qualquer coisa. Quero mesmo é me desculpar. Por tudo que não somos, por tudo que poderíamos ter sido. E dizer que nunca quis teu mal, nunquinha. E hoje não penso mais em nós dois, mas as vezes penso em você. Com carinho. Não gosto de pensar que quando um amor acaba, não sobra nada. Eu acho que sobra, sim. Em mim sobrou. Sobrou um punhado de sentimentos bons, sobrou uma vontade de fazer nossa história ser bonita, mesmo assim. Mesmo com um final tão precoce. Li outro dia, que existem finais felizes e existem finais necessários. Nosso final foi necessário, mas porque não feliz? Sou feliz hoje. Sei que você também é. Porque insistir nesse papo de sofrimento? Vamos falar do amor que acabou e sorrir. Vamos mudar a história e fazer nossa despedida ser algo pra se lembrar. Amor não foi feito pra ser esquecido. Não quero te esquecer. Quero lembrar de como fui capaz de amar assim, tão de repente, tão de verdade, tão intenso. Visceral. E que acabou como começou, de repente, de verdade. E a dor foi intensa como o amor. Mas passou, também. Eu quero me lembrar de você como o homem que me fez dobrar minhas envergaduras, que acertou cada vértebra da minha coluna, que colocou cada vírgula no seu lugar. Você me fez melhor, sabe? Fiquei mais dura, mais racional. Depois de você, acho que enxerguei a vida como ela realmente é. Difícil. Mas é realmente maravilhoso perceber que a gente pode sorrir, mesmo depois de sentir a maior dor do mundo. É muito bonito esse negócio da vida de se renovar. É tão bonito quanto o nosso amor. É por isso que não quero guardar mágoas. Só quero guardar essa sensação boa, de viver algo lindo que durou o quanto bastava. O quanto poderia ter durado. Somos tão pequenos, como é que poderíamos ter sonhado com a eternidade? Eterno é o amor, é a vida. Nós somos só brinquedos. Eu te desejo muita fé, viu? Muita coragem. Desejo que ainda existam muitos amores como o nosso, na sua vida. 
E pra dizer adeus, eu vou embora assim como cheguei, de mansinho. 
Te cuida. 

Atenciosamente, TC.








sábado, 18 de janeiro de 2014

Silêncio.





Ando sem palavras. É muita vida, é pouco tempo. Tenho usado tanto meus outros sentidos, que minha voz anda cansada. Eu me lembro de você me dizer uma vez: - Até o seu silêncio é bonito. Na mesma noite, fiquei cerca de uma hora em silêncio, tentando entender a beleza que você enxergava. Acho que agora entendi. Quando estou em silêncio, costumo falar com o corpo. Meus olhos vivem sorrindo, minha mãos se prendem no seu escapulário e pareço uma criança mexendo os dedos, fazendo voltas com a corrente do seu pescoço. E quanto a mim? Estou feliz, querido. Estão tão feliz. Eu não sei fazer versos sobre minha felicidade, porque ela me invade inteirinha e me deixa em transe. Zen. Não sinto falta de ninguém. Não sinto tristeza, não sinto nada além de amor. Um amor tão grande pela vida, pelas pessoas, por você. Por nossos planos, pela nossa história. Pela minha família. Meu Deus, como tenho amado minha família. Deixei de chorar minhas dores passadas, deixei de abraçar meus fantasmas e medos só pra ter meus braços livres pra você dormir em mim. As vezes, eu choro sim. Mas logo passa. Tudo passa, tudo passará. Ando ouvindo tantas músicas boas, ando sorrindo tanto. Mas se tudo passa, como se explica o amor que fica nessa parada? Fica porque o amor somos nós. Não fizemos do amor um objeto, que se joga no colo do outro e diz: Toma, meu amor é seu. O amor fica porque ficamos. Porque fizemos do amor, alimento. Porque engolimos amor todo dia. Ando tão brega, querido. Fazendo versinhos de amor, em plena 31 de Março. Escrevo tudo no celular pra não esquecer e depois apago, porque me envergonho de ser assim, tão piegas. E quanto aos lamentos de sempre? Sumiram. Mal consigo escrever. É tudo silêncio. E meu silêncio tem falado tanto por mim. To tão focada, tá tudo tão legal. O meu corpo todo silencia, pra ouvir sua respiração. Como é que eu posso gritar, se gosto mesmo é de falar baixinho com você? 
Como é que eu vou falar de dor, se eu só sei sorrir? 
Eu sei que você tá nessa comigo, eu sei que você enxerga também.  
Mas se eu não falar de amor, eu vou falar do que?











segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um texto pro J.


Ler ouvindo One.

Meu amor quase sempre é lindo, tem cheiro de aconchego e um gosto salgado de quem batalha todo dia, pra ser o que é. O meu amor tem voz calma, tem olhos bonitos, tem uma curvinha no nariz que me rende versos bonitos, quando penso nele. Como se Deus soubesse que eu iria olhar aquele rosto muitas vezes e tivesse feito uma marquinha pros meus olhos terem de frear e olhar tudo com calma, sem velocidade. O meu amor tem a palavra certa. Tem o gesto exato e o dom de parar o tempo. O meu amor tem vezes em que é malandro, quase sempre escapando dos problemas. Mas tem um riso que não me esconde suas malandragens, condenando-se todas as vezes que insiste em tentar se desvencilhar de mim. Nunca mede suas palavras, não percebendo que as vezes sua voz parece um trovão e me assusta. O meu amor parece um personagem de livro antigo. Aqueles livros em que a gente lê repetidamente na infância, como um mantra. O meu amor é meu mantra. Ele tem cócegas e uma risada quadrada de criança que não tem medo de rir. Ele não sabe que faço versos sobre isso, também. Parece um gato manhoso, quando pede colo. O meu amor lê poesia sem respeitar as vírgulas e versos, parecendo assim uma eterna frase sem pontuação. Ele me fez chorar feito menina, quando me leu Vinícius de Moraes no meu aniversário. Ele não imagina que gosto de olhar pra ele, quando ele está longe. É que meu amor, quando olhado de longe parece uma estátua grega, ele tem aquela pose de alguém que veio ao mundo sabendo exatamente o que quer. As vezes eu acho que ele não sabe bem. Mas eu não me importo, eu lhe ensinaria o caminho pra qualquer lugar. Basta que me levasse junto, basta que me deixasse pertinho. O meu amor gosta de belezas e extravagâncias, como um rei que ergueria um palácio pra sua rainha, só pra mostrar que a ama. Ele nunca acorda cedo e gosta de beijos estalados. Parece um professor quando desata a falar sobre História e Geografia. Meu amor entende sobre filosofia e tenta entender minhas loucuras e teorias, quase sempre. As vezes me maltrata com sua relapsa memória e descuido, parecendo assim que me deixou. Mas logo volta, com um sorriso largo e olhos pequenos, repetindo que me ama e me pedindo pra ficar. Sempre volta. É a característica mais bonita que ele tem. Mesmo quando meu amor disse que não voltaria mais, ele voltou. E ficou. As vezes, ele diz que não existe lugar melhor pra viver do que nos meus braços. E eu sorrio. Como sempre. Porque desde que meu amor chegou, a vida ficou mais interessante. E as cores são mais vivas, as festas são mais bonitas e até o céu ficou mais azul. Eu juro. Desde que o amor chegou, eu não parei mais de sorrir.

E o amor sempre fica, mesmo quando ele vai.










segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sobre re-começos.


Ler ouvindo Walk on.


A vida segue. Pra mim, é a lição que fica desse ano bagunçado de 2013. Depois de muita rasteira da vida, de muito choro e dias vividos como se fossem os últimos, eu entendi: a vida segue. E começa ano, termina ano... Mas a vida continua seguindo. Tomando seu rumo, nos levando pros lugares que devemos ir, conhecendo as pessoas que devemos conhecer, nos despedindo daquilo que já não fazia parte de quem somos. Não é que eu confie completamente no destino, sabe? Mas eu percebi que é bobagem tentar lutar contra o que vem pela frente. E você pode chamar isso de Deus, de karma, de missão. Eu chamo de vida. Esse ano eu aprendi dar valor a vida. Bonito isso, né? Eu tô feliz. Depois de passar a minha vida toda colocando vírgulas, esse foi o ano dos pontos finais. Não é porque você poe um ponto final que a história acaba, você sempre pode começar outro parágrafo. Uma outra folha, outro livro, outra história. E deixa aquilo que passou guardadinho de lembrança. Mas vive uma vida nova. Eu assumo hoje, toda a experiência dos meus 22. Com um sorrisão na cara e medo nenhum de viver. A gente apanha tanto da vida pra entender isso. Hoje eu to querendo mais é viver, é que a vida siga e me leve junto. Que os tropeços no caminho sirvam de impulso. To mais perto de Deus, to mais perto da minha família, to mais perto do amor. Tô tranquila. É isso que eu te desejo, também. Bastante fé. Desejo que você entenda que a vida não é sempre bonita, mas ela sempre continua. E que não importa o tamanho da sua dor, o mundo não para. A gente tem que cuidar dos nossos machucados e seguir em frente. A gente nunca pode parar. A gente sempre tem que tentar de novo. E de novo, se precisar. A gente sempre pode fazer algo a mais, a gente sempre pode fazer a diferença. Eu não costumo fazer promessas no Ano-Novo, nem acredito em superstições. Mas o que eu quero pra esse ano que começa é que ele seja exatamente como se propõe: que seja Novo. Que venha com paz e cheio de oportunidades. Que nenhum de nós perca a fé. Que nenhuma maldade de gente pequena seja capaz de destruir nossos sonhos. 
Que tenhamos força pra seguir.
Que apesar dos pesares, a gente siga. 
To infinite and beyond.








quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mais uma de amor.


Ler ouvindo 3x4.

As vezes eu olho pra você, enquanto você tá dirigindo com sua pose de homem e penso que nada e nem ninguém no mundo, me fariam tão felizes. Eu penso que não existe nenhum outro lugar que eu gostaria de estar a não ser ali, olhando pra você dirigir. Eu não consigo achar sequer um motivo besta pra não te amar. E meu Deus, isso é terrível. Como é que pode? Justo eu. A senhora dona da razão que sempre encontra um "porém" em tudo. Eu te amo. Assim, bem simples. Eu amo as suas costas largas e dormir no buraco do seu peito, enquanto você respira fundo e passa os dedos nas minhas costas, me dando arrepios. São coisas tão simples. Eu amo quando você faz alguma coisa, só pra me ver rir. E é impressionante como você realmente consegue. Com você, a vida é mais fácil. As coisas pesam menos, as dores ficam pequenas, os monstros são bichos de estimação. Eu amo sua voz calma, quando me beija a nuca e diz que não viveria sem mim. Até as piadas sem graça são legais, quando é você que conta. Além da sua cara de mal humorado que me diverte o dia todo. Eu amo a nossa promessa de nunca dormir brigados. Eu amo a história das nossas vidas e como nos encontramos tantas vezes, mas só ficamos juntos na hora certa. Eu amo seu riso quadrado e suas coxas de jogador de futebol. Eu amo o cheiro das nossas roupas juntas. O cheiro que fica no meu pescoço, quando você me abraça depois de passar seu perfume amadeirado. Gosto do jeito como você me olha quando quer que eu te busque algo, eu sempre me divirto sozinha do jeito como eu nego e depois vou buscar. Amo o jeito como você acorda, dengoso, sonolento e meio confuso. Amo a nossa plenitude sutil. A forma como você me ajudou a me aproximar da minha família e beber água. Os nossos feriados regados a bebidas com boa companhia e os nossos domingos preguiçosos em que transbordamos de amor. Nós costumamos transbordar. Do mesmo modo, eu também amo os nossos excessos. Exagerar é bom de vez em quando, foi você que me ensinou. Eu amo até as nossas despedidas. Mesmo longe de mim, o seu sorriso me traz uma energia boa que me alimenta. Amo, sobretudo, a sua volta. E nem existe tecnicamente uma volta, porque nunca ficamos mais de dois dias longe. Eu amo nossas declarações de amor, na cama. As nossas loucuras e piadas internas. Eu amo nossa cumplicidade. Eu amo cada coisa que a gente compartilha. Músicas, filmes, idéias, bobagens, loucuras, fluídos. Tudo. 
E foi com você que eu descobri que o amor não precisa de euforia. O amor precisa de verdade e sintonia. 








quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Do lado de dentro.



Ler ouvindo Vento Ventania.

Eu sei voar. 
_E como pode isso, menina? 
Não sei, só sei que sei. Eu sei que o voar é perigoso, sei que não tenho asas, mas ... Mas eu sei voar. Uma vez, um andarilho me deu um anel de ferro em formato de asas e me disse que eu tenho alma de borboleta. Eu sorri e guardei o anel. Acho que guardei as asas, também. Eu sei voar. Eu aprendi bem nova, quando brincava sozinha no jardim e fingia ser pássaro junto com os pardais. Eu sentia o céu bem perto. Olha só um segredo: as minhas asas são pra dentro, não conta pra ninguém. Eu fecho os olhos e vejo o mundo de cima e de ponta cabeça. Num rasante, eu volto. E não há gaiola que me prenda, não há zoológico que me queira. Quem já voou pra fora, sabe o que é sentir o vento no rosto e a adrenalina em cada parte do corpo. Mas eu? Eu não. Eu sei voar pra dentro. Eu sei voar em cada partezinha de mim, dos outros, dos segundos, da vida. Nos risos eu dou piruetas e faço acrobacias no ar. Nas dores, eu plano. Eu me liberto em mim e me faço livre, como devo ser. Sou como nasci pra ser: com asas. Eu sei fazer voar também, enfrento a vida como quem canta uma canção. Com seus tempos e contratempos. 
_Me ensina também, menina. Me ensina a voar. 
Vem comigo, então. Sai de sí, vem de encontro ao mundo. As tuas asas só precisam de espaço, joga fora tuas angústias. Te liberta, tem tanto aí dentro. Tem tanta dor. Teu corpo é quente. Pra que esse frio todo? Joga teus braços de encontro ao vento e vê se sorri mais. Para de medir força. Se quer voar, é preciso viver o mais leve possível. Cante mais alto, reclame menos. Abre teus braços e abraça o mundo. Chega de pensar em ter mais objetos, lá no alto nada disso importa. Lá no alto, só o que importa é ser quem você é. 
Seja quem você quer ser, sem pesos. Só seja. Voe.









quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Oração.


Ler ouvindo Abraça-me.

Eu peço pouco a Deus. Acho que já tenho muito, sabe? Tenho saúde. Tenho uma família, meio estranha, meio louca demais, mas minha. Tenho um coração limpo capaz de amar e ser amado, sem vírgulas. Tenho dois braços e duas pernas, sei ler e escrever. Tenho uma casa, não a mais bonita do bairro, nem a mais chique, mas minha. Tenho mãe e pai vivos, complicados que só vendo, mas meus. Tenho irmãs e amigos que Deus não poderia ter me dado melhores, tenho primos, tenho avós, tenho tios em primeiro, segundo, terceiro e valha-me Deus quantos graus. Eu tenho uma cama. Eu tenho água na torneira. Eu tenho luz elétrica. Tenho o dinheiro suficiente pra pagar minhas contas e ter comida na mesa, todo dia. Muitas vezes, eu ajoelho e só agradeço a Deus. Mas uma vez ou outra, eu peço uma coisa só: serenidade. Que eu tenha serenidade de dizer tudo aquilo que penso e acredito com as palavras certas, pra que ninguém se magoe a toa. Que minhas palavras ao invés de ferir, confortem. Que eu tenha serenidade pra lidar com as pessoas, pra conviver com os outros humanos que assim como eu, não são perfeitos e tem dias ruins. Que eu tenha serenidade pra encarar meus dias difíceis e encontrar abrigo nas pessoas de bem que tenho por perto. Que eu tenha muita serenidade pra ultrapassar minhas barreiras e chegar com os pés no chão, até meus sonhos. Que eu tenha serenidade nos meus olhos e sorriso. Que eu consiga ter abraços serenos, que diminuam a angústia de quem precisar. Que eu tenha a palavra amiga, a música certa, o tom de encaixe pra dissipar uma dor. Que eu seja capaz de ser maior do que sou, quando for pra ajudar alguém. Mas que eu seja menor, seja pequena e que nunca me esqueça do quão grande Deus é comparado de mim. Que eu tenha serenidade pra  reconhecer meus erros e humildade pra pedir perdão. Que eu saiba ouvir quando necessário. Mesmo quando estiver tudo escuro, que eu enxergue a luz. Que a minha paz seja a paz de quem estiver ao meu lado. Que eu não me perca dos meus caminhos, mas que se me perder, tenha calma pra voltar ao eixo. Que eu me encontre todos os dias, quando falar com Ele. Que minhas batalhas sejam duras, mas minhas vitórias sejam maiores. Que minhas promessas sejam cumpridas, sempre. 

Que eu tenha serenidade pra saber que Ele nunca me deixa só.
E eu sei que não me deixa. E sei que essa minha certeza é dEle.









quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O quase.



(Ler ouvindo Engenheiros do Hawaii - Refrão de Bolero)

Ontem eu quase te esqueci, faltou bem pouquinho, eu estava tão feliz e as coisas estão começando a dar certo pro lado de cá. Aí vi um carro igual o seu, meu coração disparou. Quase. Quase consegui. Faz uns dias, fiz um último texto, me despedindo do nosso amor, quase foi o último mesmo. Até eu acreditei. Mas aí veio essa quase certeza, esse talvez, essa quase saudade, essa inércia que me deixa com vontade de correr pra você, mas não é uma vontade forte, então não vou, mas quase vou. Você virou um quase, que não me deixa ser completa em mais nada. Quase feliz. E falta bem pouquinho. Porque eu já quase não sinto sua falta, é uma coisa que lembro as vezes, quase choro. As vezes quase sorrio. É melancólico. Mas é quase bom. Vê que loucura? Estou quase me apegando ao sentimento de falta. Pena que não significa quase nada. Você sempre foi tão fraco que não conseguiu deixar nada além de um quase lamento. Agora apareceu um quase você, acredita? Ele tem os seus olhos, tem quase o seu charme, não sabe de quase nada, assim como você. E quase me sufoca de tanta angústia, sendo assim tão quase você, tão perto, tão lindo. E quem diria né? Eu nunca fui de gostar, era um semi apego aqui, uma paixãozinha ali. E veio você, com um quase relacionamento, que me rendeu quase a loucura, que me deixou quase cega. Eu quase morri. Porque meu choro e minha dor não tinham nada de "quase". Porque você não pensou em nada, nem em mim. Meu sofrimento não foi quase, foi todo seu. O que foi quase, foi o seu sentimento. Você quase me amou, talvez se o tempo tivesse favorecido, se tivesse feito menos sol naqueles meses, talvez se Júpiter tivesse mudado sua posição e trombado em Saturno, se o existisse a paz no Oriente Médio, se eu tivesse sorrido mais, se aquele restaurante tivesse aberto no dia em que fomos jantar, se o efeito estufa fosse mentira e se eu parasse de tomar café, como você pediu. Vê? Eu já pensei em quase tudo. Eu já procurei respostas em quase todos os livros que você possa imaginar. Eu só queria tirar esse quase de mim. Eu só queria parar de quase morrer todo dia por alguém que quase não vale isso. Quase. Eu to quase chorando de novo pra escrever mais um texto quase me despedindo de você. E mais uma vez, eu quase desisto. Eu já tentei de tudo e não tem quase aqui não, foi tudo mesmo. Mas não adianta, você foi, é e vai ser sempre o amor da minha vida. Sem quase. Sem talvez.