quarta-feira, 23 de julho de 2014

Fala pra ele.

Ler ouvindo Two is better than one.



Eu tive um amor, um dia. Ele tinha a risada mais gostosa dentre todas as risadas que eu já ouvi. Mas não a ouço mais. Tinha uma voz doce e um brilho nos olhos bonito quando olhava pra mim. Mas não olha mais.
Ele tinha umas teorias interessantes que combinavam com as minhas que não são assim, tão normais. E ele me contava com a voz mais empolgada do mundo, como se eu fosse a única capaz de entendê-las. Mas não conta mais.
Eu tive um amor, um dia. Desses do tipo que a gente sempre quer no dia seguinte também, e depois, e depois... E eu queria, ah, eu queria tanto... Mas não se pode ter tudo o que se quer, ou pode? Não. E isso, eu aprendi desde cedo.
Eu tive um amor, um dia. E ele riu quando eu contei pra ele que eu não sabia andar de bicicleta. Todos riem. Mas ele disse que ia me ensinar. Ninguém tinha dito antes. Nunquinha. E ele disse. Ele disse várias dessas coisas que ninguém nunca tinha me dito. E eu sei que ele cumpriria tudo, tudinho, se ainda estivesse aqui. Mas não está.
Eu queria que estivesse. E eu queria voltar pra aquela noite de fevereiro e mudar tudo. E eu queria viajar horas naquele ônibus chumbrega de novo, se fosse preciso, pra dizer que eu tive um amor. Pra bater na porta dele e dizer isso, até ele acreditar. Mas não dá.
E eu queria que ele soubesse que eu não desisti, mesmo quando devia. Mesmo quando ele disse pra eu fazer isso. Mesmo quando ele fechou a porta na cara da minha esperança. E eu queria não parecer ridícula dizendo isso, ainda que eu seja. E eu não queria que ele soubesse que ainda penso nele, ainda que eu pense. E ainda que, às vezes, eu queira tanto gritar isso pra que ele saiba. Mas não grito.
Mesmo assim, espero que ele escute o meu silêncio. E sinta, onde ele estiver, tudo o que eu queria dizer e não digo. Ou que você, que está lendo, possa encontrar ele no centro da capital e contar pra ele. E que ele sorria, quando algum estranho chegar correndo até ele pra dizer que eu ainda o amo. E ele pense: " essa menina não tem mesmo jeito." Porque eu não tenho.
Sou desajeitada, desastrada, fora do compasso, mas sou dele. Só acho que ele devia saber, pra fazer o que quiser com essa notícia, que nem é tão grande novidade. Todo mundo que me vê sorrindo por aí sabe. Todo mundo que me ouve cantarolar e fazer piada, desconfia, que eu tive um amor. E eu tive.
Eu tive um amor, um dia. Mas o dia acabou. E, agora, eu anoiteço sozinha.

Com amor, 






quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pedido.

Ler ouvindo When I was your man.


Eu não vou mentir pra você, eu nunca minto. As vezes minha sinceridade até te machuca, eu sei. Eu quero te pedir cuidado, um pouco de afeto. E eu sei o quanto isso é pavoroso e me dá vergonha só de pensar que estou mesmo escrevendo isso. Eu to te pedindo pra me olhar. E pra enxergar o quanto estou indo embora, todos os dias. E o quanto volto por você, mesmo quando meu coração se cansa das suas idiotices e pede pra eu ir pra qualquer outro lugar. Ninguém disse que amar era fácil, cara. Ou que amar seria todo dia uma festa. Eu sei, nós sabemos disso. Mas não é por isso que a gente precise por os pés em cima do sofá e deixar que o amor vire uma coisa qualquer. Eu acho o amor uma coisa muito séria. Mas eu to me sentindo amando sozinha. E eu não posso aceitar isso. Eu sei também, que toda relação passa por momentos ruins. Só que essas crises tem que ser controladas e resolvidas. Tô com dúzias de nós na garganta. Tô sem tesão de deitar no teu colo. Tô querendo ir embora, não me deixa ir. A gente tem tanto, eu sei disso. A gente é muito maior do que umas semanas ruins e umas frases mal ditas. Só que eu preciso ver que você também tá remando, senão não tem graça nadar contra maré. Eu não posso viver uma vida morna, menino. Coisa morna me dá ânsia, me dá asco. Eu preciso do teu fogo, eu to cansada de gelo. Tô me sentindo tão sozinha, que to com vergonha de escrever. Olho pra você indiferente olhando pra tv, como se a vida durasse pra sempre e tenho vontade de esmurrar sua cara, querendo que você enxergue que eu to indo embora. Eu não vou te acordar de novo, pedindo cafuné. Eu não vou olhar pro outro lado, pra chorar quietinha e você não ver. Eu não sei se quero mais. Eu to escrevendo, porque não quero desistir. Mas to sem força pra insistir sozinha. Eu to magoada até os cotovelos. To chutando meu amor próprio toda noite, antes de dormir. To angustiada. Me ajuda, cara. Não me obriga a ir. Não finge que tá tudo bem. Não ignora meus sinais, me olha. Me enxerga, por favor? Eu to aqui na sua frente de malas prontas. Eu não quero ir embora. Me convence a ficar? Por favor.









quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sétimo.

Ler ouvindo La Solitudine.


Querido S,
Saudade. Eu poderia começar essa carta como já comecei muitas outras, falando sobre coisas amenas, o tempo, o futebol. Mas hoje eu decidi te escrever, porque... Porque senti sua falta. E porque quando falo sobre você, eu falo sobre amor também. E talvez assim, eu entenda um pouco mais sobre mim, sobre o vida e essas voltas malucas que ela dá. Hoje eu senti sua falta, no café da manhã. As coisas pareceram muito distantes. A rua lá fora ficou longe demais e o mundo ficou muito grande pra mim, que sempre fui pequena. Hoje eu precisei da tua mão. E ultimamente tenho precisado muito dela. Sei que isso é injusto e até um pouco egoísta, mas sempre fui franca, S. Sempre fui franca, até demais. Ando tão sozinha S, ando tão eu-comigo-sem-mais-ninguém-por-perto. E não é que esteja fugindo das pessoas ou ficado trancada lá no quarto, é que não consigo conversar. As palavras me fogem. Não tenho paciência pros mesmos assuntos e bobagens que todo mundo tem que se acostumar a ter. Eu sei que tenho que me acostumar, também. Mas sou péssima com rotinas, você bem sabe. S, eu to achando o mundo tão feio. As luzes lá fora não me seduzem mais. To tão in. To tão perdida dentro de mim, que não to conseguindo ser out. Nem o amor tem me dado força. Não que eu o culpe. Longe disso. Ninguém tem responsabilidade pela dor interna do outro, não é? Ninguém pode ajudar a cicatrizar uma ferida que nem sabe que existe. Principalmente quando ela é em outro alguém. Eu sou mais fraca do que imaginei. As pessoas não ouvem, S. Elas só falam e falam e falam. E não sabem conversar. E não se importam com quem está doendo. Sei que to sendo dramática e piegas. Sei que to um porre. Mas me ouve? Me ouve, por favor. Sei que to exagerando, mas não me deixa? Fica. Não sou capaz de pedir isso pra mais ninguém. E sei que você que você também não pode ficar, mas me deixa pensar que pode. Deixa eu ouvir tua voz e acreditar que o mundo é legal, as vezes. Deixa eu falar de filosofias de vida que não chegam nem perto da realidade, mas são bonitas na teoria. Me deixa ser, S? Me deixa ser mais uma mulher que sente uma dor imensa durante o dia todo, mas sorri porque acha que ninguém entende sua dor. E chora quietinha de noite, achando que ninguém mais faz isso. Eu sei que muita gente faz. Sei que muita gente sente saudade, hoje. Sei que existem outros S por aí. E a vida segue. E a gente continua seguindo em frente. As vezes batendo cabeça, pelas bordas. As vezes firme, em cima do salto. As vezes escrevendo cartas pedindo pra alguém voltar. E eu sei que lendo isso, você daria um sorrisinho de canto da boca, achando graça em todo meu drama mexicano. Eu sei que encontraria minha alma perdida, no meio de mim mesma. Mas você não volta. E você não lê. E você não sorri mais de canto de boca. E eu acordei com saudade. Desculpa, S. Eu te amo, é uma das única certezas que tenho tido. Meu amor por você é um vaso de porcelana no coração. Intocável, relíquia. Saudade.

Da sua, sempre sua piccolina.







terça-feira, 24 de junho de 2014

Sobre o que a boca não diz.

Ler ouvindo Último Romance.




Ei, me desculpa?

Desculpa pelo drama. E pelas cenas de mulher-durona-mexicana. Desculpa pelas palavras que disse sem pensar. E por todas as vezes que finjo que não percebo o esforço enorme que você faz, pra me cobrir todinha de amor. Eu sou uma mulher complicada, as vezes tenho medo que você fuja. Que sua ficha caia e você perceba que sou só mais uma com um cabelo ondulado e sorriso de criança, aí durante a noite você dê no pé. Você vai dar no pé? Vai juntar suas coisas enquanto eu durmo e ir embora? Não vai. Eu sei que não vai, porque você sempre dorme antes de mim e acorda depois. E você sempre quer ficar um pouco mais, mesmo quando to um porre. E você diz baixinho na minha orelha que eu sou chata demais e que preciso parar de roubar suas cobertas. Desculpa pelas vezes em que não te peço desculpas. E pelos "eu te amo" que só digo com os olhos, porque minha boca cala quando você sorri desarmado contando sobre algo que ama. Normalmente sobre mim. E preciso dizer, preciso mesmo: seu café é tão bom. E o cheiro da sua nuca parece música pra dormir. Eu não sei como um cheiro pode parecer música, mas o seu parece. E quando você me pergunta se vou ter sempre paciência pras suas manias de velho e esquecimentos, eu tenho vontade de segurar seu rosto com as duas mãos e te perguntar olhando bem firme nos olhos se você realmente não percebe todo o bem que me causa e toda a alegria que me transforma. Mas eu só dou risada de canto de boca e digo que vou. Vou sim. Vou sempre. Vou sempre te ligar, lembrando que está atrasado. E dizer que você tem formigas nas pernas, porque não consegue ficar um dia quieto em casa. Eu vou sempre dar risada do teu jeito chato de reclamar das coisas fora do lugar, contradizendo teu jeito desleixado que nunca deixa nada no lugar. Acho que é por isso que te amo tanto. Você me bagunça. E não tem problema nenhum em me ver bagunçada. Acha graça na minha cara de sono e se diverte com meu mal humor. Desculpa pelo mal jeito. E pelo silêncio que você odeia que eu faça, quando deveria falar. Você é um homem incrível. E qualquer mulher teria sorte em ter você. Apesar da chatice. E da falta de talento pra cuidar de dinheiro. E de você só ter um joelho e meio. Você é incrível, sim. E nem sabe o quanto. E vejo que você não sabe porque você sempre ri sem graça, quando digo isso. E parece pensar que sou louca. Acho que sou, mesmo. Porque mesmo depois de tanto tempo, eu ainda te deixo ir embora de vez em quando. Mesmo depois de tanto tempo, eu ainda não consegui te dizer com todas as letrinhas o quanto você é i n s u b s t i t u í v e l. E que mesmo que tudo dê errado amanhã, eu nunca mais vou viver um amor assim. E nunca mais, vou ser de ninguém como sou sua. Porque me dei pra você faz tempo e não saberia me tomar de volta. Porque teu cabelo enroladinho me prende inteira e tuas pernas enormes não me deixam fugir. Porque nosso amor é tatuagem. E viram lágrimas nos meus olhos, quando escrevo de novo sobre você. E apesar de você odiar me ver chorando, dessa vez eu não pude segurar. Desculpa?









sexta-feira, 13 de junho de 2014

O depois.

Ler ouvindo As cartas que eu não mando.


E depois, meu bem? E se o amor acabar? 
Tudo acaba, eu sei. As bolachas no pote, o dinheiro na carteira, os dias acabam, até a água acaba. E depois que a música para, você olha pro lado e não vê ninguém? E depois que você percebe que amou sozinha, que não tem mais ninguém por perto... E depois? E se choro não adiantar, se o vazio não se preencher? E se a vida for mais complicada do que parece? Eu tenho tantas dúvidas. Meu coração tá tão apertado. O que que a gente faz da vida sem o amor? Como é que a gente explica pro coração que era tudo engano? E depois, como é que a gente vive?
Quer saber mesmo? 
A gente chuta o balde. Fala uma bobagens sozinha na frente do espelho. A gente jura vingança. A gente pede pra Deus pra tirar o ódio do coração. A gente vive na rua procurando abrigo em qualquer abraço. A gente encontra amor em qualquer esquina. A gente cava um buraco e se esconde dentro, pra poder chorar e ninguém ver. Mas a gente sobrevive. E a vida continua batendo, o amor continua indo embora. As pessoas continuam vivendo suas vidas, tomando seus chops nos bares e a novela na tv não acaba. A novela continua. A gente continua. E o amor continua, em outra vida. Em outra história, em outra direção. E depois? Depois a gente encontra outro amor, a gente escolhe outras músicas, pra cantar. A gente conta a história e dá risada. A gente fica mais forte.
O amor tem dessas coisas, a vida também. Eu já passei por isso, você vai passar. A gente passa. Se eu acredito em amor, mesmo assim? Acredito. No amor, nas pessoas. Acredito na força que existe na gente. Acredito que a gente nunca pode perder a vontade de deixar o coração falar. Mesmo que ninguém entenda: meu coração grita. Ele pede passagem e diz que não se importa se amanhã não for nada disso. Ele diz que vai ser sempre assim, inteiro. Exposto. 
Eu prefiro morrer de amor. Eu prefiro viver. 









segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sobremesa.

Ler ouvindo Pelo Interfone.


Hoje eu acordei e tomei saudade no café da manhã. Na verdade, recebi na cama, sob uma bandeja de ausência sua, como um ritual diário que sempre me acompanha.
Não quero parecer piegas, mas parecer um pouco ridícula é inevitável pra quem escreve sobre amor. É que escrever é despir-se de todo orgulho. É deixar a alma nua pra ser lida. É dar a cara a tapa. É apanhar de sentimento e deixar o hematoma exposto porque se acrescentar uma rima fica bonito.
Você sempre me viu de alma nua. Sempre conheceu minha essência despida de qualquer traje. Você sempre foi apoio pro meu peito surrado e manso. Aí certo dia você levantou e foi embora. Você sempre cuidou tanto de mim que precisou ir. Foi porque a incerteza podia me machucar. Foi porque eu causo problema demais e você é grandinho demais pra isso. Foi porque já estava na hora de eu ser mulher. E hoje eu sou.
Eu te espero todos os dias. Sempre que acordo e o cotidiano me enfia tua ausência goela abaixo. Sempre que fico sensível e pego o telefone me controlando para não discar teu número, e às vezes, disco. Sempre que lembro que você me fez desistir porque eu sempre estrago tudo. E eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim. E eu sou grande e insisto em ser pequena pra caber no teu bolso, ou em qualquer cantinho que você possa me levar pra sempre.
Mas não me contenho. Eu me encolho pra não te assustar com a minha intensidade, mas eu transbordo, desculpa, não é por mal. Eu juro que me moldo pra encaixar na tua vida. Só me diz que vai voltar. E me levar contigo, aonde quer que você for.
Eu já engoli saudade demais. Eu já tentei absorver muito amor que entalou na garganta. Por isso eu escrevo. Escrever você é cuspir a minha saudade. Porque amar quem se foi é ter refluxo constante de algo que a gente nunca consegue digerir.
Vem e toma o lugar dessa bandeja que já não cabe no meu colo. Vem e alimenta o meu dia com teu sorriso. Tua partida foi amarga demais. Tua lembrança é adoçante que não remedia. Tô cansada de ingerir saudade. Deixa eu jantar tua presença. De sobremesa, te dou amor. E tudo mais que tiver na despensa.




Com muito amor entalado na garganta, GC.







sexta-feira, 30 de maio de 2014

Reticência.

Ler ouvindo When I was you man.




E se eu fosse escrever pra ele hoje, o que diria?
Sei lá, acho que não diria nada. Mas não conseguiria não dizer nada, eu nunca consigo. Talvez dissesse meia dúzia de coisas que ficaram engasgadas em mim, no nosso fim. Acho que começaria com algumas linhas em branco. Primeiro, uma saudação: "Querido ex-amor". E depois várias linhas sem nenhuma palavra, até que eu começasse de fato a escrever. Eu sempre fui tão ansiosa pelo amor, que não dei tempo pra que ele me olhasse como deveria. Com calma, sem pressa, devagar. Ele passou os olhos por mim, como quem lê depressa as manchetes de um jornal. Com frieza, sem muita atenção. Eu me despi inteira e ele não me enxergou. Hoje, eu começaria com silêncio e calma pra que ele tivesse tempo de passar devagar os olhos, pelas minhas palavras. Depois eu falaria sobre como meu cabelo cresceu e minha fé aumentou. Falaria que eu o entendo hoje. Vejo hoje o quanto fui injusta, despejando todo meu ser em alguém que mal sabia se equilibrar sozinho. Exigindo amor ao próximo de alguém que mal podia se amar. Ele não estava errado em me negar tanto afeto, eu é que estava errada em pedir. Amor não se pede, eu diria a ele hoje. Os traumas e problemas não eram desculpa pra isso. Era imaturidade. Minha e dele. Era falta de entendimento. Hoje eu também pediria que ele me contasse como vai sua vida subversiva. Seus livros, séries e solidão. Sua felicidade mentirosa, ao estar em qualquer meio social. Suas teorias loucas sobre a vida e o mundo. Eu contaria a ele que aprendi a amar as pessoas. E a deixar ser amada, sem aquela loucura de precisar tanto do outro. Aprendi a achar lugar no meu peito, pra mim. Eu falaria sobre meus projetos, que finalmente estão saindo da minha mente bagunçada e tomando forma. Diria que vou me casar. Ter um filho e fazer jantar. Como eu dizia que nunca faria. Assim como eu dizia que nunca deixaria de amá-lo. E deixei. E deixei tão lentamente que nem percebi. A última vez que o vi, ele chorava por uma perda. Senti a dor dele, senti o abraço dele, mas não senti mais meu peito estourar como se meus pulmões precisassem de todo ar do mundo, porque estar perto dele era sair de órbita e perder a gravidade. Mas não é mais assim. Eu vi ele sem meus olhos de amor e tudo que enxerguei foi um homem simples, com o sorriso mais bonito que já vi. Com uma dor tão grande. E ali eu vi que jamais poderia amá-lo de novo, porque ele não tinha sequer o brilho nos olhos que minha memória tão sentimental insistia em colocar. Se eu fosse escrever pra ele hoje, seriam versos curtos. E no fim, depois de todas as nossas reticências, eu colocaria um ponto final.










quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sinônimos.

Ler ouvindo Yellow.  


Eu cresci achando que amor era sinônimo de reconciliação. Achava mesmo. O amor era um brigar eterno até acabar a noite e depois se reconciliar de manhã. A gente acaba acreditando nessas coisas quando assiste comédias românticas, que mostram casais em pé de guerra que se dão bem no fim do filme. A gente acaba achando que o amor é aquela coisa mexicana de sair correndo na chuva de madrugada pra se desculpar com o outro pelos vidros quebrados e ofensas melodramáticas. Tsc-tsc. Isso aí se chama adrenalina. E carência. E uma porção de outros nomes que você nem iria querer saber. O melhor sexo que existe não é o de reconciliação nem o de pedido de desculpas. Se você não consegue ficar mais de um dia com alguém sem que saiam faíscas entre vocês, como é possível acreditar num "...felizes para sempre" ? A verdade é uma só, Cazuza estava certíssimo. Ele queria a sorte de um amor tranquilo. E só gosta mesmo de turbulência, quem não conhece a felicidade leve da tranquilidade. Ninguém precisa perder pra dar valor, isso é desculpa de quem não sabe cuidar do que tem. E muitas vezes, você conhece alguém assim. Ou você mesmo, é assim. As vezes, a gente não percebe. Acaba se acostumando com uma situação que não deveria se acostumar. Não importa o que já te disseram: brigar não é normal, não. Desrespeitar o outro, só por estar com raiva. Partir até pra ignorância (Quantos casos eu não conheço? Quantos casos você conhece?). Gente que faz loucuras em nome do amor. Ciume possessivo. Falta de respeito a privacidade do outro. Falta de diálogo. Caramba, isso é um relacionamento ou é um castigo? Bom mesmo na relação é saber que você pode ir a qualquer lugar e que o outro pode ir a qualquer lugar, mas lugar nenhum é melhor do que o colo do outro. Gostoso mesmo é ter uma pessoa pra conversar num restaurante caro ou no boteco da esquina. Alguém que você faz amor porque quer e não porque brigaram e querem se reconciliar. Alguém em que você sente tesão, respeito, admiração. Uma pessoa que você lembre pelo charme, pelo sorriso, pelo cheiro do moletom. Não pela brigas monumentais e cenas de filme estreladas por vocês. Ninguém vive em Hollywood. Ninguém aguenta viver assim, a flor da pele. O amor é brisa, não é vendaval. Eu não consigo conceber um amor, em que você não pode entregar seu coração pro outro e ter certeza absoluta de que ele vai cuidar. E se você não pensa assim, repense aquilo que tem pensado sobre si mesmo. A gente só aceita o amor que acha que merece. Você realmente acredita que só merece esse amor turbulento? O mundo já é uma guerra, pra que viver o amor então?
Quando era menina, realmente eu achava que amor era reconciliação, mas hoje eu não posso aceitar um amor que não seja sinônimo de paz.



Dedicado a minha Jessie ♥ (Que colaborou diretamente nesse texto, Happy B-day darling!)





sexta-feira, 16 de maio de 2014

O verdadeiro sim.

Ler ouvindo Heaven.



Quando eu falo em casamento, você pensa em quê? Dizer "sim" pra pessoa que você ama na frente de todas as pessoas que você gosta e gostam de você. Mas falando bem a verdade, falando cá entre nós... Não é esse "sim" que faz a diferença na vida da gente. Não é desse "sim" que eu quero falar hoje.
Vou me casar no final do ano. Compramos um apartamento, contamos moedas e fizemos contas a perder de vista. Decidimos. Sim. Eu escolho a cortina, ele escolhe o guarda-roupa. Eu quero um abajur, quero meus quadros da Marilyn e uma cozinha tipo americana. Ele quer o vídeo game dele, um sofá confortável e uma estante de livros. Sim, concordamos. Eu não gosto de vídeo game, nem ele da Marilyn. Mas dizemos sim.
Existem dias que não gosto de ver a rua, gosto de me esconder embaixo da coberta e assistir filme até ficar vesga. Ele adora ir pra rua, ver gente, dar risada alta e ouvir música. Dizemos sim. Dias pra mim, dias pra ele. Ele se esconde na coberta comigo, eu saio pra noite com ele. Ele gosta de umas bandas chatas desconhecidas, eu gosto de MPB. Eu digo sim, aprendi até algumas canções. Ele diz sim pras minhas loucuras, minha mania de sempre ter um porém.
Eu não gosto de carne gordurosa, ele não come ovo frito. Sim. Ele vive atrasado e com sono, eu sou pontual e acordo cedo. Eu sou pequena, ele é grande. Eu gosto de carinho nas costas, ele adora cafuné. Eu adoro cozinhar, ele adora comer. Entendo de gramática como ninguém, ele lê sem respeitar vírgulas. Amo poesia, ele detesta. Durmo cedo, ele só dorme de manhã. Mas sim, sim, sim. Sim mil vezes.
Repetimos sim, todos os dias. Concordamos, achamos um meio termo. Chegamos a um ponto em comum. Aceitamos, respeitamos. Renovamos nossos votos quando paramos de tentar mudar um ao outro e passamos a moldar nossas nuances, pra que se encaixem. Fazemos da convivência um momento pra celebrar a diferença.
Dizer sim é amar ao outro, como ele é. Sem falsas promessas e idealizações. É amar aquela mania chata que ele tem, de responder as perguntas com um "ãhn?" meio surdo, quando não está prestando atenção. Ou aquela conversa chata sobre o serviço dele. É amar até a roupa suja, largada no canto do banheiro. As pegações de pé, as crises de mau humor, a louça deixada na pia, o compromisso que ele esqueceu.
Dizer sim é aceitar que ele erra. Dizer sim é pedir pra que ele aceite que eu erro, também. Dizer sim é perdoar as falhas dele, é perdoar as minhas. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. 
Eu aceito. E você?

terça-feira, 13 de maio de 2014

O que eu não posso morrer sem dizer.

Ler ouvindo Made in Heaven.



Eu amei. Amei o mundo e a vida e as pessoas. Amei os versos e vivi pras palavras. Escrevi tudo aquilo que senti. Escrevi mais. Coloquei em mim, a leveza dos meus versos. Demorei a ser quem gostaria. Demorei anos pra compreender minha mãe, coitada. Uma criatura rara, ela. Difícil de amar, difícil de esquecer. Tão certa de si e tão simples. O amor é um sentimento engraçado, a gente não entende bem. Eu tive tantos amores que ao pensar neles, poderia sorrir a vida toda. Meu avô. O homem mais bonito que poderia existir. A primeira pessoa que amou meus erros e enxergou minha alma, como ela é. Frágil, dolorida, intensa. Ele foi meu lar, quando minha casa não abrigava meu coração. Ele foi tanto, que quando foi embora deixou um vácuo que nunca pude preencher. Eu o amei e o amaria por mil vidas. Dentre as almas que mais amei, fica também meu pai. O dono dos meus olhares de mais amor. O meu exercício de perdão, o abraço mais esperado da semana. O galã que me chamava de Marilyn Monroe, aos 4 anos de idade. O senhor que me olhou ainda ontem, com um amor tão sincero que chega a me doer o peito. Minha irmã, Gisele. A pessoa que mais tentei agradar e imitar a vida inteira. Um exemplo de mulher, de mãe, de pessoa. Natália, minha exceção. A pessoa por quem eu fiz tudo que não faria pra mais ninguém. Minha melhor risada, meu maior cuidado. Amor na essência, sabe? Sabe, ela sabe. Ela seria capaz de dissertar minha mente e coração, como ninguém. Mas pra minha sorte, ela nunca foi de falar muito. E das minhas boas lembranças, ficam meus amigos. Saudade gostosa de sentir. Que fique registrada a minha risada, como marca de que passei pelas suas vidas. Meu amor tranquilo, meu Juliano. O menino que me amou, quando ainda era uma criança. E depois, quando homem me ensinou a amar. Fez da minha alma, pluma de tanta leveza. Fez do meu coração um porto bom pra descansar. Fica minha gratidão, minha dedicação de sempre. Meus versos mais bonitos ficam escritos na memória, são prova do amor mais real que poderia ter vivido. E pra falar de amor e sorrir, eu termino essa elegia com meu pequeno príncipe. Otávio César. O homem que dobrou minhas envergaduras e amansou meu sorriso. O homem de seis anos de idade, que foi e sempre será o amor da minha vida. Filho da minha irmã e dono de uma porção gigante do meu coração. 
E a todos peço que lembrem de mim como vou me lembrar de vocês: sorrindo. 
Se deixei pouco em riqueza material, pra compensar deixei tudo que sou, de coração. 
Deixei meus versos e sorrisos, como legado. 
Deixei meu amor.









terça-feira, 6 de maio de 2014

Porque amar é uma aventura diária.

Ler ouvindo Sei.




Você fala dormindo, sabia? Conta histórias engraçadissimas, se declara pra mim, me beija e começa a roncar do nada estragando todo o clima. Se eu ganhasse uma milha áerea por cada minuto que já te observei dormindo, eu já poderia ganhar uma passagem até a China. E te levaria junto, porque a China seria um saco sem você. Assim como não tem graça assistir nossas séries, sem você do lado me mandando ficar quieta porque não me aguento nas cenas fortes. Você é um porre, com sono. Reclama feito um velho de oitenta anos que o tempo tá seco / o tempo tá chuvoso / o tempo tá ruim / o tempo tá bom, deve ter algum problema no tempo. Mas o tempo é sempre gostoso, quando tô com você. Mesmo quando você esquece de mim e come toda a sobremesa que fiz pra nós dois. Aí depois faz cara de criança que aprontou e diz que não se lembrou de mim. Eu não me importo, porque sei que você se lembra de mim nas horas realmente importantes. Como quando tinha sido demitido e me ligou de dentro da empresa, contando tudo com voz embargada, tentando parecer forte e seguro. E eu te amei tanto, que chorei segurando o celular no peito pedindo que os céus fizessem alguma coisa a respeito. Você foi correndo me mostrar seu carro zero, com um sorriso de dez quilômetros. Assim como me mostra qualquer descoberta inútil, na internet. Vídeos, artigos, curiosidades. Você gosta de dividir todas as coisas legais do mundo, comigo. E a gente é tão legal, juntos. Até quando a gente briga, mas acaba rindo da briga e desiste de brigar. Você fica bonito quando tenta ficar bonito, pra mim. E veste indecisamente dez roupas diferentes, enquanto estou sentada na sua cama, pronta pra sair. Depois me pergunta: "Tô bem?", como se você não parecesse um deus do Olimpo de qualquer forma. Como se você não percebesse o quanto é bonito, mesmo quando está com aquela camiseta de time manchada de resina. Como se você não notasse que o mundo para pra você existir. Ou talvez só meu mundo pare. Mas para, eu sei que alguma coisa para. E você não percebe. Você tem uma cara de quem tá sempre desinteressado e um sorriso sem graça, que é um charme. Você nem sabe, mas tem vários sorrisos. O mais bonito é o sorriso sem graça (aquele que você dá quando recebe um elogio ou quando canta olhando pra mim), ele é seguido de perto pelo sorriso de criança que aprontou. O sorriso de desculpas também é ótimo, você usa ele sempre que se atrasa. E você se atrasa todos os dias, então é um sorriso super conhecido por mim. É um misto dos sorrisos "criança que aprontou" e do "charmoso" (que é quando você tenta me seduzir). Eu sempre me impressiono quando paro pra pensar que ninguém no mundo vê o que eu vejo. E mais ninguém no mundo tem a sorte de ver seu sorriso de atraso, todo dia. E ouvir tuas piadas horríveis e tuas justificativas piores ainda, tentando melhorar as piadas horríveis. Ninguém conhece a curva das suas costas, como eu. E cada pequena falha imperceptível da sua barba. Ninguém pode amar você, da forma que eu amo. Com essa certeza tão real. Amar você é uma aventura todo dia, porque sempre que acho que já conheci todas as tuas manhas, você me surpreende. E me dá essa cócega na alma que só quem ama profundamente, sente. Essa coisa bonita que brota no meu peito quando falo de você. Essa sensação de que não existe prazo de validade, nem esteriótipo, nem laço social algum que nos prenda. Estamos juntos porque gostamos dessa aventura diária, porque a vida é melhor assim.
Estamos juntos porque temos certeza de que não existe no mundo, qualquer lugar melhor pra estar. 










quarta-feira, 30 de abril de 2014

O dia depois do fim.

Ler ouvindo Ainda não passou.


Hoje quando acordei me perguntei se você teria colocado seu celular pra despertar. Aí  lembrei que isso não importa mais, porque você já não faz parte da minha vida e não deveria fazer parte dos meus pensamentos. Tomei meu café amargo e comi umas fatias de pão. Tomei mais café. Troquei de roupa duas vezes, porque a previsão do tempo disse que iria chover. Lembrei de você dizendo que não acreditava na previsão do tempo e achei engraçado pensar nisso, porque você acreditava em cartomantes. Fiquei triste por só ter uma xícara pra lavar. Arrumei tudo com pressa e sai pra trabalhar. No caminho, encontrei alguns conhecidos e sorri, como se nada tivesse acontecido. As vezes eu tenho a impressão de que as pessoas me olham com pena ou como se me perguntassem com os olhos como estou sobrevivendo. Acho que disfarcei bem. No trabalho foi tudo normal. O chefe perguntou das olheiras e disse que estou trabalhando num novo projeto. Tive novas idéias, almocei com uma moça do segundo andar. O rapaz da mesa do lado reparou que eu estava chorando a tarde, mas não disse nada. Na volta pra casa, as coisas foram piores. Perdi a chave na bolsa e não pude te ligar pra perguntar onde você estava, se iria demorar. Você não iria chegar. Você nem tem mais a cópia da minha chave. Achei a chave na bolsa e entrei em casa. Fui tomar banho e o chuveiro não esquentava. Bati com o rodo nele e funcionou. Esqueci de pegar a toalha e molhei a casa toda. Sentei no chão da lavanderia e chorei, porque você não iria reclamar da casa molhada. Você nem iria saber que ensopei o corredor inteiro e que espanquei o chuveiro pra água ficar quente. Eu preciso que essa porra de dor diminua um pouco. É tão estranho constatar que não saber dessas coisas parece não fazer diferença pra você. Ontem eu não jantei. E daí? Você tem outra vida, agora. Pegou nossos planos e jogou no lixo. Disse que era uma loucura tudo isso, que estávamos nos precipitando. É verdade. Eu me precipitei. O desamor tem gosto de comida velha, é rançoso. Você era mesmo tudo aquilo que as pessoas diziam. Meu coração tá dilacerado. E você, onde deve estar agora? Por aí. Com a sua vida vazia e seu copo cheio. Até quando? Eu te dei meu mundo. A cópia da chave e a fotografia da estante. Mas você foi embora. Eu aprendi a beber água, hoje bebi umas cinco vezes, talvez mais. Eu também comprei aquele DVD que você queria. Estava em promoção na internet. Comecei a escrever um livro. Aquele rapaz da academia me ligou e eu atendi. Trocamos algumas palavras, mas a verdade é que acho ele um saco. Acho tudo um grande saco. A vida é um porre, sem você. O desamor é uma ressaca eterna. E essa é uma teoria muito boa, porque me leva a pensar que estava bêbada ao te amar. O efeito é passageiro. Pra você passou tão rápido. Eu sempre fui fraca pro álcool. Sempre fui fraca, por você. Parei de tomar calmantes, mas minha alergia continua uma droga. Tá legal, eu sei que isso não importa, mas me deixa escrever, tá? Me deixa fingir que você vai ler e entender cada linha. Me deixa fingir que o tempo não passou. É estranho não ter você de platéia pra me observar cozinhar. 
Voltar pra casa é uma merda, cara. Mas tudo bem, eu vou dormir. 
Você tirou a sua máscara e agora aqui todo dia é quarta de cinzas.









quinta-feira, 24 de abril de 2014

O cara que...



E mais uma vez, depois de tanto tempo, eu ouço o meu interfone tocar e sei que é você. Eu sempre sei quando é. Você aperta umas mil vezes aquele botãozinho e não se dá um tempo nem pra escutar os meus gritos dizendo o quanto você é chato. O que aliás, você deveria saber, ou já sabe.
Eu abro a porta e fico atenta ouvindo os seus passos ansiosos subindo a minha escada, e alguns segundos depois, lá está você. O meu cara. O cara que não importa quantas vezes vá embora, sempre volta tocar o meu interfone, o cara que sempre pula os meus degraus de dois em dois pra me ver depressa. O cara que...

Você me dá um beijinho de bochecha com gosto de quem está se controlando pra não me agarrar bem ali mesmo, na entrada, e senta no meu sofá com cara de quem quer beijar a minha boca. Eu fecho a porta e fico encabulada ao pensar em uma forma de sentar do seu lado depois de tanto tempo, até que desisto de pensar e sento.

Um “E aí, como vai?" (sinto sua falta), outros “E a escola? O trabalho? As novidades?" (como você está se virando sem mim?) perdidos no meio de tantos outros "a culpa foi sua, não vou me render", em pensamento, e quando vejo, você já está tocando a minha nuca, e eu já estou com os dedos cravados no seu cabelo, você já se rendeu, e eu me rendo à sua rendição. As vezes, a única forma de vencer, é se rendendo, e disso a gente sabe bem.

Você encosta seus lábios nos meus com a suavidade de alguém que depois de horas cansativas de viagem, finalmente volta pra casa, e descobre que seu lar é o melhor lugar do mundo. Enquanto os meus braços envolvem o seu pescoço, e eu ouço o seu silencio dizer que não quer mais me perder de vista. Eu mando a saudade ir pescar e preencho com você todo o vazio que ficou. Porque aqui é o seu lugar, você sabe. Você é o meu cara, o cara que vai, mas sempre volta, o cara que parte só pra ter certeza que não se encaixa em nenhum outro lugar do mundo a não ser no meu abraço. O cara que...

Você deita no meu colo, e me conta todos os seus segredos, medos, desejos. Você deposita em mim todos os seus sonhos, suas utopias, suas loucuras, enquanto tudo o que eu quero é ficar quietinha te ouvindo e te fazendo um cafuné. Me entrego pra você sem máscaras e te aceito sem fantasias.

E a gente ama com pureza, e eu te espero com certeza, e você deixa a luz acesa, como sinal que vai voltar. E eu te vejo indo embora, e agonizo na demora, do tictac que não zune. Mas eu sei que você vem, ah sei, ah tem, tem que vir, mesmo que seja tarde, mesmo que pareça o fim. 
Porque eu posso ser nômade, mas você mora em mim.
O cara que... Enfim.



Com amor, GC.