quinta-feira, 9 de junho de 2016

O novo.

Ler ouvindo Pillowtalk.



O novo chegou metendo o pé na porta e mostrando os documentos. 
Diz que veio pra ficar. 
O novo abriu as janelas e arejou a casa. Tem cheiro de casa limpa e café de manhã. 
Ele tem nome de lorde. Tem olhos que parecem ter visto de tudo e conta histórias sobre todo tipo de gente. O novo varreu a casa e não se importou em encontrar tudo uma bagunça. Me pegou no colo e ouviu cada uma das minhas historias, por piores que fossem. 
O novo já me viu chorar. 
E ficou. 
Como disse que faria. 
O novo não se surpreende com meu humor ácido e minha falta de jeito. Ele não tem medo de mim. E tem aquele cheiro bom de gente que é de verdade. 
O novo chegou sem qualquer aviso prévio, sem deixar me preparar. 
E diz que tudo bem, assim. 
Ele me abriu a casa, a vida e sua história, na mesa. Disse que não era grande coisa, mas ele nem sabe que sinceridade daquele jeito dele já é muito. O novo não gosta de falar de amor. 
Assim como eu. 
E me faz pensar em coisas que eu já não sabia mais. O novo me faz ter ciúme. E não é qualquer ciúme não, é aquele bem desgraçado. Coisa que eu não sabia mais o que era. O novo me trouxe sossego. 
Junto com meu doce favorito e um beijo na testa. 
E mais um monte de discussões ansiosas. E outro beijo na virilha. Com aquela cara de cafajeste que quase me mata. 
O novo é bom. 
Faz bem. 
Justo eu, justo agora. 
É, o novo.



domingo, 29 de maio de 2016

Cartomante.

Ler ouvindo Better Man.




 Acertei nas previsões. 
De vez em quando eu acerto, até arrisco um sorriso torto e irônico da sua parte dizendo que eu sempre sei de tudo. Mas você sabe, eu só saberia de tudo se você me permitisse saber ao menos a metade. Acertei na previsão... As vezes eu acerto, quase sempre. Só não acerto quando é sobre a esperança em relação a você. Diria até que dramatizo quando afirmo não te conhecer nem um pouco. Adoraria dizer que é por você ser previsível. 
Mas talvez você não seja tão fácil de se ler. 
Suas entrelinhas são arriscadas ao extremo para alguém como eu. Mas você sabe eu as entendo, eu entendo alguns dos seus sinais. Não sei jogar seu jogo, mas conheço os jogadores. Eu acertei nas previsões, sem ser modesta eu quase sempre acerto. Pode rir, mas eu lembro que seus olhos fugiam de mim em disparada todas as vezes que você tinha o que esconder e eu descobria só no seu jeito de sorrir sem graça. 
Eu acertei na previsão... Quase sempre eu acerto.. 
Quando você está mal, quando exagerou no porre, quando está se exibindo pra alguma paixão, quando posso apostar que voltou para casa com perfume de alguma moça impregnado na blusa de frio e se jogou na cama sabendo que isso é só mais uma furada. Quando voltando do trabalho toca uma música daquelas que você me mostrava e você pensa será que mostro pra alguma garota ou será que só a Thais poderia apreciar de tanta excentricidade? Quando acontece algo grave e mesmo hoje, é minha companhia que você procura pra se sentir melhor. As vezes eu acerto nas previsões...De longe eu vejo fumaça saindo da sua cabeça quando seu mundo vai mal.
 Eu acerto quando antes mesmo de você dar o passo eu já sei para qual direção você vai. 
Quando você age nas suas entrelinhas e fica tudo tão evidente, posso jurar que você sabe que isso iria me atingir em cheio. É assustador para você, mas para mim não é. Você sabe que eu não jogo cartas, não ando em videntes, nem horóscopo eu leio mais. Você sabe, eu só sei dessas coisas, porque ainda me importo com você. Você sabe e por favor desfaz essa cara de que eu sou louca, você sempre soube disso, mas antes de você chegar minha maluquice era menos evidente. 
Eu acertei na previsão. 
Porque mesmo você dando todos os rodeios do universo, uma hora as nossas mentes se cruzam.

 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Agora pra ficar.


Ler ouvindo Crystals.





Hãn... Por onde começar?
Alô?
Vocês ainda me ouvem?
É bom sentir que sim.
Já faz um bom tempo, eu sei.

(...)
Sabe, eu poderia começar esse texto falando sobre como foi difícil passar esse ano em silêncio. Eu poderia falar das vezes que não consegui abrir minha própria página, porque me doía não escrever. Eu poderia não ter voltado nunca mais. Mas eu quero falar da parte bonita disso tudo: eu voltei a escrever. Depois de um ano terrível, de chorar sozinha por algumas vezes. Depois de deixar de acreditar em mim, eu voltei. Eu voltei. E eu não to falando do blog, nem do status. To falando da sensação de voltar pra mim. To falando que as vezes na vida, a gente passa por momentos e por fases em que nem se reconhece mais. 
Perdi alguns amigos. Deixei pra trás toda uma história construída, pra me refazer sozinha. Chorei na frente da minha mãe, dizendo que eu não sabia mais quem era. Trabalhei como se o mundo fosse acabar, pra tentar não pensar na vida fora do ar condicionado. Deixei que tirassem minha identidade e me chamassem de uma pessoa qualquer. 
Mas chega uma hora... Sabe? 
Cê sabe. 
Aquela hora em que você olha pros lados e se pergunta o que está fazendo ali. Chega uma hora em que seu coração grita. E o meu berrou. Eu joguei tudo pro alto. Meti o famoso foda-se. Decidi voltar pro que me faz feliz. E apesar dum medo danado de ser recriminada e julgada e apontada, eu ergui a cabeça e meti o pé. A vida é tão bonita. E a gente perde tanto tempo, esperando amanhã pra ser feliz. Eu voltei a sorrir. Aquele sorriso gostoso que a gente dá sozinho, quando está exatamente onde, como e com quer estar. Sabe? Sei que sabe. Então esse texto é pra você que assim como eu já fez isso. Meu parabéns. Porque a gente aqui sabe: É foda. As pessoas são cruéis. Mas vale tanto à pena. E pra você que ainda não fez, mas sente que deveria: Vai. Mesmo com medo, vai. O mundo é imenso. E a gente é tão pequeno, a vida passa e a gente nem percebe. Vai. Uma ou duas vezes na vida, não adianta nada virar a droga da página. A gente tem que comprar um livro novo.
Na dúvida, vai na fé. "Que a fé não costuma faiá".
Só pra não deixar dúvidas: Eu voltei. 
Com todas as letras e significados que isso pode ter.



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O texto que eu não deveria.

Ler ouvindo Every Breath.


Eu não sei se você vai vir, outra vez. Eu nunca sei. Eu não soube quando cê veio a primeira vez. E chegou perto. E sorriu. E ignorou quem estava ao redor e fez com que eu me sentisse engraçada. Você pulou toda aquela parte em que a gente não se sente à vontade perto de um desconhecido. Veio como se já me conhecesse a um tempão. E acho que conhecia mesmo. É loucura dizer isso, eu sei. Você veio a segunda vez e eu já sabia seu tipo, seu jeito, sua vibe. Eu nem sei porque voltou. Mas sorriu igualzinho a primeira vez, ignorando completamente toda a etiqueta de se conhecer alguém (se é que existe uma, de fato). Dessa vez, você guardou meu nome, enquanto eu já sabia o seu. Não éramos mais desconhecidos. Desse dia em diante cê passou a ter nome, número de telefone e uma voz sussurrada quando dá  "bom dia" meio sonolento. Quem diria? Ninguém. Eu também não digo que é pra não estragar. De repente eu quero vinho, cobertor e aquele papo sacana de gente irônica que você tem. Eu quero aquele jeito safado de quem não me conhecia, mas precisava urgente conhecer e agora conhece e não tem medo. Eu não tenho medo também, amor. Eu quero. E demorei pra conseguir dizer isso, eu quero. Seja lá o que isso queira dizer. Seja lá o que vier, Let it be. E se você  for embora do jeito que veio? Tudo bem. Eu nunca imaginei algo pra sempre. Mas se for, não vou reclamar. "Vamos descobrir o mundo juntos, baby", eu ouço a Cássia e penso em cantar entre um assunto e outro de nós dois. Eu vejo seu sorriso de longe. Vejo tua dor de perto. Eu te vejo, mesmo sem ver. Então, se não for pedir muito não se esquece de mim. Não precisa ficar, se não quiser. Não precisa me amar até o fim da vida, amor. Só me ama hoje e amanhã, e depois de amanhã a gente decide. Ai  você vai embora resolver seus assuntos chatos e eu fico com a poesia. Mas volta. Você volta, né? E a gente se embaralha nessa vontade de termos um ao outro pra sempre, contanto que o "pra sempre" seja só hoje. 
Falando nisso, hoje cê vem? Vem pra mim. 
Vem hoje, pra sempre.


segunda-feira, 30 de março de 2015

Sobre o moço de barba.

Ler ouvindo Every Breath.



Eu não sei como direito como agir. Admito. Não sei. Você chega e faz os ambientes ficarem pequenos, aposto que sabe disso. Você suga tudo ao redor e nada mais parece importar. Você sabe. E pior, você me faz sentir pequena. Frágil, menina. Que droga, cara. Vai embora. Tem tanta menina por aí, tem tantas outras semi modelos que iriam adorar  você jogar esse charme tímido controlado na medida exata nelas. Esse charme de nobre francês misturado com essa barba safada de quem exatamente o que quer. Você sabe o que quer, sou eu quem não sei. Eu to de quatro, cara. Me pega, me leva. Vai embora, dá as costas. E some. Para de me olhar de canto, para de rir da minha cara. Me deixa. Ou então fica, mas fica pra sempre. Fica de vez, sabe? Joga teus medos em cima de mim e despenca toda uma carga de amores passados traumáticos em cima da mesa pra gente resolver juntos. Fala dos teus pavores e pareça um humano. Eu sei que você tem algum defeito. Conta pra mim? Desvenda esse mistério que é ser desejada por alguém que não tem defeitos. Deixa eu invadir sua vida e deixar minha calcinha na sua sala. Deixa eu tomar umas doses com você então. Não me convida mais pra jantar, me convida pra ficar até de manhã. E me aguenta, assim. Imperfeita. Meio louca. Com essas vontades absurdas de te traduzir em palavra, mesmo que nas palavras você fique abstrato. Mesmo que nas palavras eu tenha coragem de admitir que você é um dos caras mais incríveis que já passaram por aqui. E que seu sorriso é lindo de hoje até semana que vem. E suas costas, uau. E que esse teu jeito absurdo de não parar de reclamar da vida seja um charme. Mesmo que eu seja assim, tão direta e tão subjetiva ao mesmo tempo. Promete que não vou ser só uma conquista da sua lista? Promete que sou mais. Não preciso ser a última nem a única. Só quero ser mais. Eu quero ser além, moço. Roça essa barba em mim e me dá uns arrepios, vai. Joga mais teu charme e vê se me olha direito. Não sou qualquer mulher por aí, nem sou mulher pra você. Você sabe, eu sei. Eu nem sei como agir, juro. Vai embora, por favor. E não olha pra trás. Agora volta. E me beija. 













quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Esse caos chamado "todo dia

Ler ouvindo Elastic Heart.



Amar é ótimo. Eu sei disso, você sabe também. O problema mesmo é conviver com o outro, conviver com o mundo. O problema de verdade é conciliar todos os problemas do dia-a-do com a pureza do amor. O verdadeiro desafio é conseguir voltar pra casa ileso todo fim de noite. Nem sempre a gente consegue deixar os problemas junto com os sapatos jogados, na porta de entrada. Nem sempre a falta de dinheiro é romântica e resolvida com planos engraçados de fugir pra praia e fazer dreads. Ser adulto é um porre. Trabalhar, estudar, lavar roupa, comprar papel higiênico, pagar conta de gás. Arrumar a porta emperrada. Reunião de condomínio, reunião de trabalho. Mas e ai? E o amor? Cadê o amor? O amor tem que achar uma brecha entre o banho apressado e a cama pro sono atrasado. O amor tem que marcar hora na agenda. As vezes, tem até que remarcar. Sei que sempre digo isso, mas amar é pros fortes. Eu tenho medo da rotina. E dessa vida caótica desenfreada que puxa a gente todinho pro mundo e faz agente esquecer de si mesmo. Faz a gente esquecer do outro. Eu tenho medo mesmo é de perder esse medo. Eu tenho medo de não enxergar que o amor foi embora por falta de atenção. E de cuidado. Eu tenho medo de me perder e não me achar de volta. Ficar perdida por aí num desses bares cheios de gente que também não sabem pra onde ir. Eu tenho medo de não enxergar a beleza de ter alguém pra dormir quietinho a noite do meu lado. Toda noite. Mesmo que o dia todo seja de correria e stress, a noite é de descanso abraçado. E conversas resumidas e cafés compartilhados com pressa. O amor é maior que isso. Eu sei. E eu gostaria de viver dedicada somente ao amor e as coisas bonitas da vida, mas acredito que tudo tem um porquê. É andando pela rua e convivendo com todo tipo de pessoa que percebo o quanto o amor é mesmo divino. E sagrado. E único. Cada dia mais me sinto sortuda. O caos enferruja todos os dias o amor da gente e nem todo mundo sabe que amor também precisa de manutenção. O amor precisa de cuidado. O amor está em extinção, minha gente. O amor é eterno demais pra essa geração que vive de novidades.

Eu prefiro ser antiquada. Eu prefiro voltar pra casa ilesa.











quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"Enquanto você dormia..."

Ler ouvindo Use Somebody.


Eu gosto do barulho da sua respiração dormindo, na madrugada. Gosto da seqüência de sons baixinhos do ar que você respira. Você me explica todos os sons dizendo que primeiro o oxigênio entra pelas suas vias aéreas, depois o gás carbônico sai do seu corpo, completando o ciclo respiratório. Tanto faz. Eu gosto do barulho. E você ri, porque me acha subjetiva demais. Eu gosto também das pintinhas que você tem no rosto. Também nunca vi alguém se preocupar tanto com isso. Eu gosto das pintinhas e de como elas deixam seu rosto infantil enquanto você dorme. Eu fico quietinha olhando e pensando que o amor é essa coisa gostosa, é essa coberta que a gente divide dormindo num colchão no meio do nosso apartamento vazio. Aí me dá uma vontade louca de escrever e eu digito bem baixinho pra você não acordar. Eu penso em você, com tanto carinho. E as vezes com raiva e cansaço e com desleixo. Porque eu sou humana e não sei amar direito. Porque você é chato e acaba sempre me tirando do sério. Porque a gente se adora e não consegue passar meia hora brigados. 
Eu nem sei direito porque comecei esse texto, mas você me causa essas coisas meio insanas. De repente te beijar ou sair correndo e pular por cima de você no sofá. De repente, você é minha maior urgência. Sempre é. E só não é mais porque nossas individualidades não permitem. Continuo olhando pra você dormindo e só penso em coisas inteligentes e bonitas. Faço uns versos completos e penso que a vida é boa, sim. Que o amor existe e que nós dois vamos ser felizes. Sem esforço e sem muitas perdas.
 Eu tinha tanto medo do amor, você sabe.
 Eu tinha medo do amor me tirar de mim, me obrigar a ser quem eu não sou. Eu tinha medo do amor me escravizar. Mas você me deixa livre e me convida pra ficar, caso eu queira. E eu sempre quero. A gente sempre quer, mesmo quando tudo tá dando errado. Eu quero escolher ficar, do seu lado, na sua vida, sentada perto da sua mãe nos Natais e abraçando seus avós. Eu quero você, com pintinhas em volta do nariz e com as suas grosserias engraçadas. Eu quero me casar com você e arriscar nossas fichas nessa instituição que ninguém mais acredita. Eu quero uns filhos que tenham seu sorriso quadrado e seu otimismo. Quero festa com bolo e brigadeiro. Quero me sentar na mesa da cozinha e fazer contas com você, imitando aquelas filmes americanos que a gente nunca assiste. Eu quero nunca desistir. Mesmo que a gente saiba que o amor não é um sentimento infinito, mas quero que a gente beba uns goles dele todo dia, igual fazemos com a nossa cerveja. E que você nunca se esqueça dos motivos que nos fizeram chegar até aqui. Porque não é fácil. 
Amar é foda. Amar é pros fortes. 
E não to nem aí sobre o que dizem por aí, sobre isso. Ninguém nunca entendeu a gente, mesmo. Ninguém nunca acreditou. Nem eu.

Mas quem se importa? Volta a dormir, meu bem. Volta a respirar daquele jeito que me acalma. Eu to aqui (pra sempre), amo você.










sábado, 27 de dezembro de 2014

Let it be.



Qual é o preço que a gente paga por amar errado? A gente pagou caro, menino. Foram muitas parcelas. E juros e correções monetárias. A gente se perdeu nas prestações de um amor que nem valia tudo aquilo. A gente pôs a leilão o que não tinha preço. E nos perdemos, fim. Foi isso, sem grandes alardes. Sinto que duramos o quanto podíamos, o quanto nosso amor aguentou. Queria que você soubesse que não foi por mal, que nunca quis te machucar. Nem magoar, nem sofrer. Eu nunca quis nada disso. Mas eu não sabia amar, nem você. A gente apostou todas as fichas sem saber no que apostava. Acontece, né? Acho que sim. 
Acho que ninguém nasce sabendo amar. 
Mesmo assim, eu penso em você. Como um pulo errado, na vida certa. Aprendizado. Você sempre vai ser o primeiro. E todos os outros sempre vão ser comparados a você. Acho que era isso que a gente queria. A gente sempre soube que não seria pra sempre, mas queríamos o eterno. A gente conseguiu. Eternizou. Na vida, na memória, nas promessas loucas de um amor sem futuro. Nas páginas viradas da história da nossa vida. Eu assinei teu livro, você assinou o meu. Se todo amor é mesmo inesquecível, eu não sei. Assim como não sei uma porção de outras coisas. Mas quase sempre penso em você, nas nossas juras desesperadas de um amor que nem sabíamos como manter. Eu me lembro de você, quando passo pela rodoviária. E na minha (nossa) primeira vez no escuro. 
Eu me lembro de você. Queria que soubesse. 
Nem sei se faz diferença. E não sinto raiva, nem saudade. Qual é o preço que a gente paga por acreditar no "pra sempre"? É caro, a gente sabe bem. Depois de você, eu aprendi a dar valor ao meu valor. Nunca mais ouvi aquele cd que você gostava tanto. Nem comprei mais batatas naquele restaurante que já era nosso, de tanto que íamos lá. Eu nunca mais te amei, nem chorei pensando em nós dois. Mas eu me lembro, tá? Eu me lembro sim. Do teu choro e do teu medo de não ser suficiente pra mim. E pro mundo. Eu sei teus medos, ainda. E conheço teu sorriso nas tuas fotos no meio daquela gente estranha. Você ainda é um pouquinho meu. Sou um pouco tua, também. Somos eternos. Don't be afraid.

Por isso nos deixamos, por isso precisávamos ir. 
Let it be. Let it go.









quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pro amor que fica.

Ler ouvindo História de Amor.


Querido E,
É sempre bom falar com você, por isso te escrevo. Queria te dizer muitas coisas, dessas que a gente lê em livros de auto ajuda e nos fazem crer que os problemas não existem. Mas infelizmente os problemas existem. E você existe também, sorte minha. E nós existimos um pro outro, com tanta verdade que chega a me assustar. Eu não costumo ser tão franca, nem olhar nos olhos dos outros com tanta frequência. Eu não amo tanto assim. Mas você me faz sentir e ser e querer coisas que normalmente não sinto. Espero que saiba. E se não souber, eu te digo. É que ontem, quando me disse que preciso me intrometer mais na sua vida, foi uma das suas declarações de amor mais bonitas (e olha que foram muitas). "Você tem carta branca, sabe disso". Vou me meter então. Quero que leia cada uma das minhas frases e siga todas elas a risca. Primeiro, meu amor: não tenha medo. Da vida, do mundo, da ruindade das pessoas e nem da bondade delas. Não tenha medo de Deus, nem do inferno. Não tenha medo de ser quem você é. E acredite em mim, ser quem você é uma das maiores dádivas que você pode ser, porque você é incrível. E não duvide disso. Não tenha medo de ter esse um milhão de amigos que você tem, mesmo que eles te magoem as vezes. Mas desconfie, as vezes. Porque apesar do teu coração não ser capaz de ferir uma barata (Obrigada por ter matado aquela que veio na minha direção), algumas pessoas não se importam. E não importa o que a gente diga ou faça, elas simplesmente não se importam. Não vou pedir pra que você não se importe, porque eu sei que será inútil. Você está certíssimo quanto ao amor: ele é uma ramificação da liberdade. Não perca esse pensamento, nunca. Não amarre seus braços, porque eles abraçam o mundo (e me abraçam, também). Não tente ser normal e agir como a multidão, porque: você não é "os outros". Você nunca vai ser "os outros". E se não for pedir muito: fica. Fica mais. Fica perto. Com você por perto, eu me sinto mais perto de mim. Você sabe como é ótimo ter alguém com quem não precisamos medir as palavras, nem o amor. Eu queria que você se enxergasse uns segundos com meus olhos e visse o quanto você é humano e único e amazing. So amazing. Você é sol, nos meus dias de chuva. Não se perde. Não se perde de mim. E não perde também essa mania feia de mexer no cabelo enquanto fala e não ter medo de rir das minhas caras e bocas. Promete pra mim? Promete que nunca vai deixar de rir. Ontem eu dormi feliz. Eu dormi pedindo pra Deus e o mundo não te machucarem. Eu sou uma tempestade, eu não posso imaginar o vidro do meu copo d'água quebrado. Eu preciso desaguar em você. E sim, eu te seguro também. E seguro a barra que é gostar de você (Hiê didididiê). E mesmo que o mundo não te entenda ou você mesmo não consiga se entender, você construiu em mim um lugar pra ficar. 
Se precisar, fica. 
Tem tapete colorido e amendoim. 
Tem até rima ruim.
Tem a mim. 
Sempre.









quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sobre a música chata no carro e ela.

Ler ouvindo A thousand years.


She's not crying anymore.
A música brega ecoava no carro, enquanto a voz dela se misturava com a do cantor que eu nunca tinha ouvido na vida. "Canta comigo, she's not crying anymore, she ain't lonely any longer". Ela ria, como se contasse uma piada. Ela sabe como eu odeio essas músicas que ela insiste em ouvir e cantar alto e rir. Mas aí eu olho pra rindo e penso que: She's not crying anymore. Nunca mais. Porque ela fica tão bonita sorrindo que não consigo sentir raiva, nem odiar a música e nem o deboche dela. Ela fica tão bonita. Ela, que de repente invade meu pensamento e se instala feito aqueles vírus no computador. Aqueles vírus rasteiros que a gente tenta se livrar, mas não consegue. Ela, que com certeza riria dessa minha frase dizendo que sou um nerd do pior tipo. Ela, que as vezes deita do meu lado e diz que tá cansada de mim e tudo que eu quero é ser o descanso dela pras dores do mundo. Tudo que eu quero é ver aqueles olhos dos versos do Machado de Assis não indo embora. 
[...] Fica, menina. Mesmo que eu seja um porre e não saiba cantar as suas músicas. Mesmo que pareça que eu não sou o cara certo e tenho quase certeza que não sou mesmo, mas também nem acho que você acredite nisso.

Ela é certinha. Em tudo. Tem aquela voz mansinha que pode me dizer qualquer coisa sem me ferir e aquele olhar que me afunda no sofá. Ela tem o comprimento dos braços que encaixa perfeitamente em volta do meu pescoço e tem as piores ideias pro fim de semana. 

[...] Fica, menina. Nos meus braços, no meu travesseiro, sentada insistentemente no banco de motorista do meu carro e na minha vida. Fica. Eu queria te prometer que não vou te fazer chorar, mas eu não posso porque seria mentira e não me permito mentir pra você. Nós dois vamos chorar e vamos pensar em desistir, mas eu vou ficar. Então fica. 
Nem tem mais ninguém pra quem eu pensaria em dizer esse monte de pensamentos frouxos. Só pra ela. Ela, que de repente faz bico do tamanho do mundo e o céu fica cinza, os pássaros não cantam e a vida não brilha mais. E ninguém entende. Eu fico perdido tentando entender o que o mundo fez pra ela sofrer assim. E daqui a pouco ela já está rindo, como se o mundo fosse acabar. Porque ela é assim mesmo, é toda inteira e intensa. As sensações e sentimentos levam ela pra onde querem e ela vai. Foi assim que ela veio, e ficou. Eu vou ser repetitivo, porque realmente não imagino a vida sem os cabelos dela meio lisos, meio enrolados enrolados no meu travesseiro. Eu prometo que não desisto. Mesmo quando for tudo um saco e eu não lembre quais foram os motivos pelos quais escrevi esse texto brega.
[...] Eu não desisto de dançar com você, mesmo que ninguém mais ouça a nossa música. E até canto junto. She's not crying anymore. Fica, por favor?



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sobre o que não foi.

(Ler ouvindo: Engenheiros do Hawai - Eu que não amo você)




Eu queria ter ficado. Me ouve. Eu queria, mesmo. E eu tentei. Eu tentei muito, cara. Mas você cansou primeiro e me deixou tentando sozinha. E não dá pra tentar amar sozinha. Amar sozinha é solidão e eu não queria. Eu não queria amar sozinha acompanhada. Eu não queria ter de ser sempre o olho que enxerga, sabe? O amor não é cego, mas, às vezes, é um par de olhos onde um é míope. E eu cansei de ser o olho bom. Eu cansei de enxergar o carinho que faltou. Eu cansei de enxergar o fio que nos unia lutando pra não arrebentar e esticar toda a minha alma pra segurar as pontas. Eu cansei de enxergar bem demais o que você e sua vista embaçada não enxergaram, ou, fingiram não enxergar.
Eu tentei abrir os teus olhos, cara. Eu tentei te avisar, tantas vezes... Eu fugi. E voltei. E fui embora. E cedi. E você me mandou pra lugares horríveis e disse coisas que a gente nunca pensou que ia dizer ou ouvir, quando meu colo era refúgio pro teu peito cansado e as tuas mãos deslizavam pelas minhas costas pra eu saber que você estava ali e dormir melhor. A gente caiu pro outro lado da linha que é tão tênue. E você disse que me odiava e eu pensei odiar você. Mas aí eu lembrei que, na verdade, a gente só pode odiar quem a gente ama.
O amor e o ódio andam de mãos dadas, cara. Porque o verdadeiro oposto de amar, é ser indiferente. E isso, a gente nunca foi. A gente foi coisa demais, mas indiferença não. E eu já desejei voltar no dia que te conheci só pra não ter te conhecido. E depois eu desejei te conhecer de novo, pra sentir aquele friozinho na barriga que - mesmo ferrando todos os meus planos - mais ninguém me causa, só você. E eu quis te amar violentamente com toda a minha ida e depois voltar e te nocautear com todo o afeto que eu tive por você e mais ninguém. Mas não dá. Me entende. Eu já paguei demais por isso. Paguei com juros. Sujei meu nome. Fui fiadora da experiência de amar que você não conseguiu quitar. Eu adotei as tuas dívidas, coloquei na minha conta. Eu me gastei. Você sabe.
E você fugia me devendo. E voltava depositando em mim todo amor escondido por detrás da tua pose de quem não quer admitir que já é homem e insiste em ser menino só pra dizer que ainda não sabe nada sobre o amor. E você não sabia. E eu não sabia também. Ora, o que é o amor? Talvez eu ainda nem saiba. Nem você. Talvez a gente nunca descubra. Mas, a gente sentiu, algo parecido com o que dizem por aí. Dessas coisas que fazem a vida valer a pena, de alguma forma.
Porque você vai embora com cara de quem nunca mais vai voltar. E volta como se nunca tivesse ido. E me inquieta. E me convida. E me chama pra desviar da minha rota só um pouquinho pra esquerda pra gente se esbarrar de novo. Mas eu não posso. Não mais. Eu já desviei de coisas bonitas demais nessa vida. E já andei na marcha ré vezes demais, só pro nosso caminho se cruzar. Mas dessa vez eu peguei uma rua de mão única, cara. Foi tarde demais. Nunca tinha sido. Mas agora é.
E eu te amo mesmo sabendo que nunca vou voltar. E você me ama mesmo sabendo que eu nunca mais vou ser sua. E a gente se ama justamente porque é só isso que nos resta. É só o que temos. Sempre foi.
E eu lembro das minhas noites te recitando os meus poemas prediletos. E eu lembro de você me ligando no meio da noite me pedindo por que a gente não deu certo. E eu lembro do som dos teus passos subindo a minha escada. E eu lembro do último beijo que a gente não sabia que era o último, mas foi.
E eu lembro das chamadas perdidas no meu celular. E eu lembro do teu carro me esperando do outro lado da rua. E eu lembro das lágrimas no teu rosto que me inundaram. E do teu sorriso que me devorou por tanto tempo, mas não estava presente quando eu fui embora. Ele não quis se despedir. Ele já sabia. A gente não. A gente nunca sabe quando vai ser a última vez. E quando descobre, dói não ter abraçado mais forte. E beijado mais demorado. E amado mais devagar. Mas foi. E não dá mais, cara.
O dia que eu deixei você, nem eu mesma acreditei. Nem você levou a sério. E todo mundo riu da nossa cara. A gente parecia plural demais pra existir singular. E, no fundo, a gente também escolheu acreditar que estava brincando e que era só mais uma dessas nossas crises de quem se odeia na terça e se ama no domingo. Mas não era. Não foi.
O fim vem pra todo mundo. Até pra quem não acredita.
O fim é o que acontece quando a corda arrebenta.
Quando o amor não basta.
Quando a paz já não habita.

O fim é o que resta quando a volta se cansa e se limita.
O fim é a eternidade impedida pela vida finita.
O fim é quando o "adeus " silenciado pela esperança
Salta da boca muda, e grita.

Tome juízo. Aprenda com os erros. Se forme ou enrole. Ganhe o mundo ou perca tudo. Mas não olhe para trás.
Guarda o meu nome. Conte pros teus filhos. Que amor como o nosso foi, você não vai encontrar jamais.
Beba um whisky. Me lembre e me esqueça. Siga o teu caminho. Navegue pelo mundo. Mas faça da minha lembrança o teu cais.
O mundo é redondo e a gente nem sabe direito o que é começo e o que é fim. A gente só sabe o que é. O que sente. O que faz.
Sou a tua despedida. Faço da saudade, poesia. Sinto o que digo, o que escrevo e o que apraz:

Te amo pra sempre, e pra nunca mais.

Com amor,







segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Aceitação.

Ler ouvindo Home.



Essa semana um amigo me surpreendeu. Aquele tipo de notícia que a gente não sabe se fica feliz ou triste, sabe como é? A gente não sabe se agradece ou lamenta. Aquele tipo de notícia - que, pra pessoas sentimentais como eu - fica martelando na cabeça. Eu tenho uma mania boba de achar que todo mundo que eu amo deve estar sempre bem. E cuido pra que isso se concretize, sabe? Cuido mesmo, sou chata a beça. Fico preocupada, levo as mãos a cabeça, acordo no meio da noite pensando em soluções pra ajudar os outros. 
O mundo não me tira esse caminhão de amor no peito. 
Nem as notícias difíceis de digerir, nem os problemas. Tenho um amor que não se abala. Outra amiga minha vai se casar, me trouxe o convite - um presentinho lindo de madrinha - e uma carta. Isso mesmo, uma carta. Foi o melhor momento da minha semana. Eu abri uma carta, escrita em folha de caderno com tinta de caneta Bic. E lá dentro tinha a reciprocidade de anos do meu caminhão de amor, que já visitou tanto a vida dela. Eu senti que vale a pena. Nem sempre eu sou legal, nem engraçada. Nem sempre eu consigo ser o melhor de mim. Mas as pessoas também me aceitam. Meu noivo me abraça sempre e diz que sou a mulher mais chata do mundo. Acredito nele. No abraço e na afirmação. Das coisas que aprendi nos últimos tempos, essa é uma das mais importantes: amar é aceitar. A gente tem que aceitar os outros, pra conseguir se aceitar. A gente tem que amar muito aos outros, pra conseguir se amar. E depois de despejar caminhões de amor por aí, eu despejei pra mim também. E tô feliz, assim. Consigo despejar amor de forma muito mais saudável. Consigo escrever e falar de amor, mesmo quando não tô tão de bem com a vida assim. E até você, meu leitor, aceita. Umas frases não tão bonitas assim e uns versos nem tão ortograficamente perfeitos. Aceito que minha melhor amiga more a muitos - bilhões - de quilômetros exagerados de mim. Aceito até que não tenha salada no jantar. Só não aceito mesmo é a falta de amor. Não aceito a falta de consideração com o outro, a indiferença por pura maldade. Eu não aceito mais dar e não receber. Eu não aceito mais a inveja disfarçada de bondade. 
Eu não sou de joguinhos, nem de metades. Prefiro mesmo a verdade escancarada e umas risadas sinceras. Estava com saudade de escrever textos assim. Aceitar a inspiração e despedaçar as idéias em palavras, do jeito que meu coração pede. Espero que você também aceite. Espero que me entenda. Amar não é aceitar tudo, mas é aceitar que a gente é humano. E que a gente faz um monte de bobagens e escolhe nossos caminhos. 
Amar é aceitar meus caminhos e o dos outros. E você, aceita?








segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Confissão.

Ler ouvindo Chandelier.


Hoje quando acordei, te quis por perto. Tive um sonho incrível, com aquela época em que nós dois parecíamos um só, pelo tanto que estávamos juntos. Senti falta de quando ouvir tua voz era um costume e não um arrepio gelado na espinha. Hoje quando acordei, pensei que o amor é uma dessas tristezas da vida. Uma dessas coisas que ninguém diz, mas todo mundo sofre. Uns um pouco mais, outros um pouco menos. Outros ainda vão sofrer. Ninguém sai ileso. Eu não escapei, ninguém escapa. 
O amor é um sentimento mesquinho, menino. 
Ele não se importa com a dor da gente. Ele decide vir e puft, faz a gente lembrar. Faz a gente doer. As vezes eu te imagino voltando. Com aquele sorriso de sempre e uma bagagem nova. Com aqueles olhos brilhando e aquela camisa xadrez horrível. Você pode até usar aquela droga de camisa, se quiser voltar. Prometo. Você pode voltar, eu prometo. O amor deixa sempre a porta aberta, você sabe. E a gente sai por aí, sorri pra outras pessoas e vai pros bares de sexta a noite pra não pensar nisso. Mas a porta continua aberta e a gente só quer mesmo é ver o outro entrando e pedindo pra ficar. Mesmo que vá doer de novo, mesmo que seja tudo uma droga de novo. A gente não tá nem aí. O amor é uma droga. Dessas que viciam mesmo, sabe? Que pegam a gente pelo cabelo e obrigam a gente a fazer umas loucuras. É uma droga. E você é uma droga, também. Uma droga de um amor que quase esqueço, todos os dias. Mas no fim da noite, aqueles segundinhos antes de dormir eu penso em você. 
Admitir esse tipo de coisa é um saco. 
Eu penso em você, cara. E me pergunto se as vezes você também tem aquela vontade que a gente tinha de fugir pra China e largar tudo que a gente já fez até aqui. Eu aprendi umas palavras em mandarim. Eu queria te contar que conheci um cara que fez a mesma faculdade que você e hoje tá benzão na vida. Eu queria te contar do meu sonho. E do meu quadro novo, que parece um daqueles abstratos de Picasso. E você poderia procurar um monte de figuras no meio do embaralhado das tintas. Eu poderia me embaralhar em você, de novo. A gente poderia ser muito feliz, você sabe disso? Não sei. Nem eu sei ao certo. É horrível pensar que algo que poderia ser tudo, acabou em nada. Eu não gosto de sonhar com você e acordar sozinha. Eu odeio te achar um estranho. E não poder te contar meus planos com naturalidade e você ficar feliz comigo. 
O amor obriga a gente a ser humilde. Obriga a gente a aceitar que nem sempre as coisas são como a gente quer. O teu amor me deixou mais forte e a falta dele me deixou mais humana. Se algum dia você passar por aqui, entra pra tomar um café, tá? 
A porta vai estar aberta.