quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Conselhos.





Dizem que se conselho fosse bom, a gente venderia. Não concordo. Já ouvi tanto conselho bom, de graça. Conselho que as vezes nem era pra mim, mas encaixou certinho. Eu acho que quando a gente gosta, a gente tenta avisar quando vê o outro fazendo bobagem. Eu pelo menos, sou assim. As vezes falo até demais, por não querer que o outro sofra. Por isso decidi escrever um texto com os conselhos que são importantes em qualquer fase da vida, em qualquer momento, pra qualquer pessoa.
1 - "Ame ao outro como a ti mesmo". Tá na Bíblia, mas presta bem atenção, é pra amar 'como' a ti mesmo, não mais do que a você. Você pode amar mil pessoas, pode amar muito, pode amar demais, mas não pode deixar que esse amor seja maior do que você sente por você mesmo. Senão as coisas desandam, dão errado.
2 - Dê valor pro que você tem. A ambição é uma virtude, sim. Devemos ter vontade de ter mais e de ser mais, mas nunca podemos esquecer do que temos e principalmente de quem temos. Não espere o outro ir embora pra perceber o quanto ele te faz falta. 
3 - Reconheça quando as pessoas te fizerem bem. Um favor, uma ajuda, um elogio. Seja sempre grato.
4 - Nem sempre as pessoas vão agir da forma que você quer. Nem sempre você age como os outros querem. Se quer a compreensão das pessoas, tente compreende-las primeiro.
5 - As pessoas que te amam vão estar com você nos momentos difíceis, vão querer o seu bem sempre. Nem sempre vão acertar, vão fazer bobagens as vezes, mas aí você relê o conselho 4 e entende o que estou querendo dizer.
6 - O tempo não espera, não deixe de dizer a alguém que o ama, não deixe de fazer o que tem vontade. Isso não significa que deve sempre agir por impulso e não pensar no amanhã. Mas, quando sentir vontade, se deixe levar. A vida é tão rara.
7 - Passe mais tempo realizando do que planejando. Quem muito pensa, pouco faz. Quem pouco faz, pouco vive.
8 - Repare nos exemplos do dia-a-dia. Repare em como as pessoas agem, como se portam. Isso é uma forma de você aprender lições, sem precisar sofrer. 
9 - Ore a Deus como se tudo no mundo dependesse dele e trabalhe todos os dias como se tudo no mundo dependesse de você.
10 - Diga a verdade. Sempre. Mesmo que doa, mesmo que seja difícil. Isso não quer dizer que você precise ofender ou magoar as pessoas, tudo tem sua hora e as palavras certas. Tudo tem o seu momento.

Procure ser leve, procure ser feliz. Cuide de quem cuida de você. Cuide e regue teus sonhos, corra atrás deles. Faça de Deus, um amigo. Faça da sua família, sua base. Faça do amor, sua força. Faça da fé, sua arma.
O sentido da vida é só um, meu bem: é pra frente!











quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Pra dizer adeus.


Ler ouvindo Depois .

Eu pretendo ser breve, não gosto muito de despedidas. Mas eu acho toda história tem que ter um fim. Mesmo que seja assim, escrita em versos que você talvez nem leia. Eu preciso dizer adeus a tudo aquilo que já não sou eu, que nunca fomos nós, que não é e nunca foi você. Eu fiz muitos planos pra nós dois, você sabe. Eu te amei como ninguém. Exatamente, como ninguém. Talvez eu tenha te amado tanto, que esqueci de mim. Mas não, não to escrevendo um texto pra te culpar por qualquer coisa. Quero mesmo é me desculpar. Por tudo que não somos, por tudo que poderíamos ter sido. E dizer que nunca quis teu mal, nunquinha. E hoje não penso mais em nós dois, mas as vezes penso em você. Com carinho. Não gosto de pensar que quando um amor acaba, não sobra nada. Eu acho que sobra, sim. Em mim sobrou. Sobrou um punhado de sentimentos bons, sobrou uma vontade de fazer nossa história ser bonita, mesmo assim. Mesmo com um final tão precoce. Li outro dia, que existem finais felizes e existem finais necessários. Nosso final foi necessário, mas porque não feliz? Sou feliz hoje. Sei que você também é. Porque insistir nesse papo de sofrimento? Vamos falar do amor que acabou e sorrir. Vamos mudar a história e fazer nossa despedida ser algo pra se lembrar. Amor não foi feito pra ser esquecido. Não quero te esquecer. Quero lembrar de como fui capaz de amar assim, tão de repente, tão de verdade, tão intenso. Visceral. E que acabou como começou, de repente, de verdade. E a dor foi intensa como o amor. Mas passou, também. Eu quero me lembrar de você como o homem que me fez dobrar minhas envergaduras, que acertou cada vértebra da minha coluna, que colocou cada vírgula no seu lugar. Você me fez melhor, sabe? Fiquei mais dura, mais racional. Depois de você, acho que enxerguei a vida como ela realmente é. Difícil. Mas é realmente maravilhoso perceber que a gente pode sorrir, mesmo depois de sentir a maior dor do mundo. É muito bonito esse negócio da vida de se renovar. É tão bonito quanto o nosso amor. É por isso que não quero guardar mágoas. Só quero guardar essa sensação boa, de viver algo lindo que durou o quanto bastava. O quanto poderia ter durado. Somos tão pequenos, como é que poderíamos ter sonhado com a eternidade? Eterno é o amor, é a vida. Nós somos só brinquedos. Eu te desejo muita fé, viu? Muita coragem. Desejo que ainda existam muitos amores como o nosso, na sua vida. 
E pra dizer adeus, eu vou embora assim como cheguei, de mansinho. 
Te cuida. 

Atenciosamente, TC.








sábado, 18 de janeiro de 2014

Silêncio.





Ando sem palavras. É muita vida, é pouco tempo. Tenho usado tanto meus outros sentidos, que minha voz anda cansada. Eu me lembro de você me dizer uma vez: - Até o seu silêncio é bonito. Na mesma noite, fiquei cerca de uma hora em silêncio, tentando entender a beleza que você enxergava. Acho que agora entendi. Quando estou em silêncio, costumo falar com o corpo. Meus olhos vivem sorrindo, minha mãos se prendem no seu escapulário e pareço uma criança mexendo os dedos, fazendo voltas com a corrente do seu pescoço. E quanto a mim? Estou feliz, querido. Estão tão feliz. Eu não sei fazer versos sobre minha felicidade, porque ela me invade inteirinha e me deixa em transe. Zen. Não sinto falta de ninguém. Não sinto tristeza, não sinto nada além de amor. Um amor tão grande pela vida, pelas pessoas, por você. Por nossos planos, pela nossa história. Pela minha família. Meu Deus, como tenho amado minha família. Deixei de chorar minhas dores passadas, deixei de abraçar meus fantasmas e medos só pra ter meus braços livres pra você dormir em mim. As vezes, eu choro sim. Mas logo passa. Tudo passa, tudo passará. Ando ouvindo tantas músicas boas, ando sorrindo tanto. Mas se tudo passa, como se explica o amor que fica nessa parada? Fica porque o amor somos nós. Não fizemos do amor um objeto, que se joga no colo do outro e diz: Toma, meu amor é seu. O amor fica porque ficamos. Porque fizemos do amor, alimento. Porque engolimos amor todo dia. Ando tão brega, querido. Fazendo versinhos de amor, em plena 31 de Março. Escrevo tudo no celular pra não esquecer e depois apago, porque me envergonho de ser assim, tão piegas. E quanto aos lamentos de sempre? Sumiram. Mal consigo escrever. É tudo silêncio. E meu silêncio tem falado tanto por mim. To tão focada, tá tudo tão legal. O meu corpo todo silencia, pra ouvir sua respiração. Como é que eu posso gritar, se gosto mesmo é de falar baixinho com você? 
Como é que eu vou falar de dor, se eu só sei sorrir? 
Eu sei que você tá nessa comigo, eu sei que você enxerga também.  
Mas se eu não falar de amor, eu vou falar do que?











segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um texto pro J.


Ler ouvindo One.

Meu amor quase sempre é lindo, tem cheiro de aconchego e um gosto salgado de quem batalha todo dia, pra ser o que é. O meu amor tem voz calma, tem olhos bonitos, tem uma curvinha no nariz que me rende versos bonitos, quando penso nele. Como se Deus soubesse que eu iria olhar aquele rosto muitas vezes e tivesse feito uma marquinha pros meus olhos terem de frear e olhar tudo com calma, sem velocidade. O meu amor tem a palavra certa. Tem o gesto exato e o dom de parar o tempo. O meu amor tem vezes em que é malandro, quase sempre escapando dos problemas. Mas tem um riso que não me esconde suas malandragens, condenando-se todas as vezes que insiste em tentar se desvencilhar de mim. Nunca mede suas palavras, não percebendo que as vezes sua voz parece um trovão e me assusta. O meu amor parece um personagem de livro antigo. Aqueles livros em que a gente lê repetidamente na infância, como um mantra. O meu amor é meu mantra. Ele tem cócegas e uma risada quadrada de criança que não tem medo de rir. Ele não sabe que faço versos sobre isso, também. Parece um gato manhoso, quando pede colo. O meu amor lê poesia sem respeitar as vírgulas e versos, parecendo assim uma eterna frase sem pontuação. Ele me fez chorar feito menina, quando me leu Vinícius de Moraes no meu aniversário. Ele não imagina que gosto de olhar pra ele, quando ele está longe. É que meu amor, quando olhado de longe parece uma estátua grega, ele tem aquela pose de alguém que veio ao mundo sabendo exatamente o que quer. As vezes eu acho que ele não sabe bem. Mas eu não me importo, eu lhe ensinaria o caminho pra qualquer lugar. Basta que me levasse junto, basta que me deixasse pertinho. O meu amor gosta de belezas e extravagâncias, como um rei que ergueria um palácio pra sua rainha, só pra mostrar que a ama. Ele nunca acorda cedo e gosta de beijos estalados. Parece um professor quando desata a falar sobre História e Geografia. Meu amor entende sobre filosofia e tenta entender minhas loucuras e teorias, quase sempre. As vezes me maltrata com sua relapsa memória e descuido, parecendo assim que me deixou. Mas logo volta, com um sorriso largo e olhos pequenos, repetindo que me ama e me pedindo pra ficar. Sempre volta. É a característica mais bonita que ele tem. Mesmo quando meu amor disse que não voltaria mais, ele voltou. E ficou. As vezes, ele diz que não existe lugar melhor pra viver do que nos meus braços. E eu sorrio. Como sempre. Porque desde que meu amor chegou, a vida ficou mais interessante. E as cores são mais vivas, as festas são mais bonitas e até o céu ficou mais azul. Eu juro. Desde que o amor chegou, eu não parei mais de sorrir.

E o amor sempre fica, mesmo quando ele vai.










segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sobre re-começos.


Ler ouvindo Walk on.


A vida segue. Pra mim, é a lição que fica desse ano bagunçado de 2013. Depois de muita rasteira da vida, de muito choro e dias vividos como se fossem os últimos, eu entendi: a vida segue. E começa ano, termina ano... Mas a vida continua seguindo. Tomando seu rumo, nos levando pros lugares que devemos ir, conhecendo as pessoas que devemos conhecer, nos despedindo daquilo que já não fazia parte de quem somos. Não é que eu confie completamente no destino, sabe? Mas eu percebi que é bobagem tentar lutar contra o que vem pela frente. E você pode chamar isso de Deus, de karma, de missão. Eu chamo de vida. Esse ano eu aprendi dar valor a vida. Bonito isso, né? Eu tô feliz. Depois de passar a minha vida toda colocando vírgulas, esse foi o ano dos pontos finais. Não é porque você poe um ponto final que a história acaba, você sempre pode começar outro parágrafo. Uma outra folha, outro livro, outra história. E deixa aquilo que passou guardadinho de lembrança. Mas vive uma vida nova. Eu assumo hoje, toda a experiência dos meus 22. Com um sorrisão na cara e medo nenhum de viver. A gente apanha tanto da vida pra entender isso. Hoje eu to querendo mais é viver, é que a vida siga e me leve junto. Que os tropeços no caminho sirvam de impulso. To mais perto de Deus, to mais perto da minha família, to mais perto do amor. Tô tranquila. É isso que eu te desejo, também. Bastante fé. Desejo que você entenda que a vida não é sempre bonita, mas ela sempre continua. E que não importa o tamanho da sua dor, o mundo não para. A gente tem que cuidar dos nossos machucados e seguir em frente. A gente nunca pode parar. A gente sempre tem que tentar de novo. E de novo, se precisar. A gente sempre pode fazer algo a mais, a gente sempre pode fazer a diferença. Eu não costumo fazer promessas no Ano-Novo, nem acredito em superstições. Mas o que eu quero pra esse ano que começa é que ele seja exatamente como se propõe: que seja Novo. Que venha com paz e cheio de oportunidades. Que nenhum de nós perca a fé. Que nenhuma maldade de gente pequena seja capaz de destruir nossos sonhos. 
Que tenhamos força pra seguir.
Que apesar dos pesares, a gente siga. 
To infinite and beyond.








quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mais uma de amor.


Ler ouvindo 3x4.

As vezes eu olho pra você, enquanto você tá dirigindo com sua pose de homem e penso que nada e nem ninguém no mundo, me fariam tão felizes. Eu penso que não existe nenhum outro lugar que eu gostaria de estar a não ser ali, olhando pra você dirigir. Eu não consigo achar sequer um motivo besta pra não te amar. E meu Deus, isso é terrível. Como é que pode? Justo eu. A senhora dona da razão que sempre encontra um "porém" em tudo. Eu te amo. Assim, bem simples. Eu amo as suas costas largas e dormir no buraco do seu peito, enquanto você respira fundo e passa os dedos nas minhas costas, me dando arrepios. São coisas tão simples. Eu amo quando você faz alguma coisa, só pra me ver rir. E é impressionante como você realmente consegue. Com você, a vida é mais fácil. As coisas pesam menos, as dores ficam pequenas, os monstros são bichos de estimação. Eu amo sua voz calma, quando me beija a nuca e diz que não viveria sem mim. Até as piadas sem graça são legais, quando é você que conta. Além da sua cara de mal humorado que me diverte o dia todo. Eu amo a nossa promessa de nunca dormir brigados. Eu amo a história das nossas vidas e como nos encontramos tantas vezes, mas só ficamos juntos na hora certa. Eu amo seu riso quadrado e suas coxas de jogador de futebol. Eu amo o cheiro das nossas roupas juntas. O cheiro que fica no meu pescoço, quando você me abraça depois de passar seu perfume amadeirado. Gosto do jeito como você me olha quando quer que eu te busque algo, eu sempre me divirto sozinha do jeito como eu nego e depois vou buscar. Amo o jeito como você acorda, dengoso, sonolento e meio confuso. Amo a nossa plenitude sutil. A forma como você me ajudou a me aproximar da minha família e beber água. Os nossos feriados regados a bebidas com boa companhia e os nossos domingos preguiçosos em que transbordamos de amor. Nós costumamos transbordar. Do mesmo modo, eu também amo os nossos excessos. Exagerar é bom de vez em quando, foi você que me ensinou. Eu amo até as nossas despedidas. Mesmo longe de mim, o seu sorriso me traz uma energia boa que me alimenta. Amo, sobretudo, a sua volta. E nem existe tecnicamente uma volta, porque nunca ficamos mais de dois dias longe. Eu amo nossas declarações de amor, na cama. As nossas loucuras e piadas internas. Eu amo nossa cumplicidade. Eu amo cada coisa que a gente compartilha. Músicas, filmes, idéias, bobagens, loucuras, fluídos. Tudo. 
E foi com você que eu descobri que o amor não precisa de euforia. O amor precisa de verdade e sintonia. 








quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Do lado de dentro.



Ler ouvindo Vento Ventania.

Eu sei voar. 
_E como pode isso, menina? 
Não sei, só sei que sei. Eu sei que o voar é perigoso, sei que não tenho asas, mas ... Mas eu sei voar. Uma vez, um andarilho me deu um anel de ferro em formato de asas e me disse que eu tenho alma de borboleta. Eu sorri e guardei o anel. Acho que guardei as asas, também. Eu sei voar. Eu aprendi bem nova, quando brincava sozinha no jardim e fingia ser pássaro junto com os pardais. Eu sentia o céu bem perto. Olha só um segredo: as minhas asas são pra dentro, não conta pra ninguém. Eu fecho os olhos e vejo o mundo de cima e de ponta cabeça. Num rasante, eu volto. E não há gaiola que me prenda, não há zoológico que me queira. Quem já voou pra fora, sabe o que é sentir o vento no rosto e a adrenalina em cada parte do corpo. Mas eu? Eu não. Eu sei voar pra dentro. Eu sei voar em cada partezinha de mim, dos outros, dos segundos, da vida. Nos risos eu dou piruetas e faço acrobacias no ar. Nas dores, eu plano. Eu me liberto em mim e me faço livre, como devo ser. Sou como nasci pra ser: com asas. Eu sei fazer voar também, enfrento a vida como quem canta uma canção. Com seus tempos e contratempos. 
_Me ensina também, menina. Me ensina a voar. 
Vem comigo, então. Sai de sí, vem de encontro ao mundo. As tuas asas só precisam de espaço, joga fora tuas angústias. Te liberta, tem tanto aí dentro. Tem tanta dor. Teu corpo é quente. Pra que esse frio todo? Joga teus braços de encontro ao vento e vê se sorri mais. Para de medir força. Se quer voar, é preciso viver o mais leve possível. Cante mais alto, reclame menos. Abre teus braços e abraça o mundo. Chega de pensar em ter mais objetos, lá no alto nada disso importa. Lá no alto, só o que importa é ser quem você é. 
Seja quem você quer ser, sem pesos. Só seja. Voe.









quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Oração.


Ler ouvindo Abraça-me.

Eu peço pouco a Deus. Acho que já tenho muito, sabe? Tenho saúde. Tenho uma família, meio estranha, meio louca demais, mas minha. Tenho um coração limpo capaz de amar e ser amado, sem vírgulas. Tenho dois braços e duas pernas, sei ler e escrever. Tenho uma casa, não a mais bonita do bairro, nem a mais chique, mas minha. Tenho mãe e pai vivos, complicados que só vendo, mas meus. Tenho irmãs e amigos que Deus não poderia ter me dado melhores, tenho primos, tenho avós, tenho tios em primeiro, segundo, terceiro e valha-me Deus quantos graus. Eu tenho uma cama. Eu tenho água na torneira. Eu tenho luz elétrica. Tenho o dinheiro suficiente pra pagar minhas contas e ter comida na mesa, todo dia. Muitas vezes, eu ajoelho e só agradeço a Deus. Mas uma vez ou outra, eu peço uma coisa só: serenidade. Que eu tenha serenidade de dizer tudo aquilo que penso e acredito com as palavras certas, pra que ninguém se magoe a toa. Que minhas palavras ao invés de ferir, confortem. Que eu tenha serenidade pra lidar com as pessoas, pra conviver com os outros humanos que assim como eu, não são perfeitos e tem dias ruins. Que eu tenha serenidade pra encarar meus dias difíceis e encontrar abrigo nas pessoas de bem que tenho por perto. Que eu tenha muita serenidade pra ultrapassar minhas barreiras e chegar com os pés no chão, até meus sonhos. Que eu tenha serenidade nos meus olhos e sorriso. Que eu consiga ter abraços serenos, que diminuam a angústia de quem precisar. Que eu tenha a palavra amiga, a música certa, o tom de encaixe pra dissipar uma dor. Que eu seja capaz de ser maior do que sou, quando for pra ajudar alguém. Mas que eu seja menor, seja pequena e que nunca me esqueça do quão grande Deus é comparado de mim. Que eu tenha serenidade pra  reconhecer meus erros e humildade pra pedir perdão. Que eu saiba ouvir quando necessário. Mesmo quando estiver tudo escuro, que eu enxergue a luz. Que a minha paz seja a paz de quem estiver ao meu lado. Que eu não me perca dos meus caminhos, mas que se me perder, tenha calma pra voltar ao eixo. Que eu me encontre todos os dias, quando falar com Ele. Que minhas batalhas sejam duras, mas minhas vitórias sejam maiores. Que minhas promessas sejam cumpridas, sempre. 

Que eu tenha serenidade pra saber que Ele nunca me deixa só.
E eu sei que não me deixa. E sei que essa minha certeza é dEle.









quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O quase.



(Ler ouvindo Engenheiros do Hawaii - Refrão de Bolero)

Ontem eu quase te esqueci, faltou bem pouquinho, eu estava tão feliz e as coisas estão começando a dar certo pro lado de cá. Aí vi um carro igual o seu, meu coração disparou. Quase. Quase consegui. Faz uns dias, fiz um último texto, me despedindo do nosso amor, quase foi o último mesmo. Até eu acreditei. Mas aí veio essa quase certeza, esse talvez, essa quase saudade, essa inércia que me deixa com vontade de correr pra você, mas não é uma vontade forte, então não vou, mas quase vou. Você virou um quase, que não me deixa ser completa em mais nada. Quase feliz. E falta bem pouquinho. Porque eu já quase não sinto sua falta, é uma coisa que lembro as vezes, quase choro. As vezes quase sorrio. É melancólico. Mas é quase bom. Vê que loucura? Estou quase me apegando ao sentimento de falta. Pena que não significa quase nada. Você sempre foi tão fraco que não conseguiu deixar nada além de um quase lamento. Agora apareceu um quase você, acredita? Ele tem os seus olhos, tem quase o seu charme, não sabe de quase nada, assim como você. E quase me sufoca de tanta angústia, sendo assim tão quase você, tão perto, tão lindo. E quem diria né? Eu nunca fui de gostar, era um semi apego aqui, uma paixãozinha ali. E veio você, com um quase relacionamento, que me rendeu quase a loucura, que me deixou quase cega. Eu quase morri. Porque meu choro e minha dor não tinham nada de "quase". Porque você não pensou em nada, nem em mim. Meu sofrimento não foi quase, foi todo seu. O que foi quase, foi o seu sentimento. Você quase me amou, talvez se o tempo tivesse favorecido, se tivesse feito menos sol naqueles meses, talvez se Júpiter tivesse mudado sua posição e trombado em Saturno, se o existisse a paz no Oriente Médio, se eu tivesse sorrido mais, se aquele restaurante tivesse aberto no dia em que fomos jantar, se o efeito estufa fosse mentira e se eu parasse de tomar café, como você pediu. Vê? Eu já pensei em quase tudo. Eu já procurei respostas em quase todos os livros que você possa imaginar. Eu só queria tirar esse quase de mim. Eu só queria parar de quase morrer todo dia por alguém que quase não vale isso. Quase. Eu to quase chorando de novo pra escrever mais um texto quase me despedindo de você. E mais uma vez, eu quase desisto. Eu já tentei de tudo e não tem quase aqui não, foi tudo mesmo. Mas não adianta, você foi, é e vai ser sempre o amor da minha vida. Sem quase. Sem talvez. 









segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Só Deus sabe.



(Ler ouvindo Seguindo Estrelas - Paralamas do Sucesso)

Hoje eu peguei nossas fotos. Aquelas que você mandou revelar e me deu no Natal. Depois olhei todo o resto de coisas nossas que ficaram por aqui, todos os textos, as conversas, as fotos que saímos horríveis e eu nunca apaguei. Aquelas blusas e papéis seus que ficaram no guarda-roupa. Li o seu 'te amo' escrito repetidamente numa mensagem pro meu aniversário e chorei. Eu me finjo de dura, só Deus sabe o quanto. Eu me faço de difícil, eu levo a vida, eu posso encarar qualquer dragão e você sabe. Mas tem dias que tudo que eu queria era você, de novo. E só Deus sabe o quanto eu não queria querer. Mas as vezes a noite em oração, eu peço pra sonhar com você e nós estarmos por aí, com um copo de bebida ao lado e você rindo daquele jeito sem medida. Eu te mandei embora da minha vida, eu te expulsei e você foi. Mas eu fiquei. E fiquei sozinha demais, no meio dessa gente que não se importa com isso e não entende minha solidão. Eu não falo mais daquele meu amor antigo, você deve saber. Mas eu só sei falar de amor. Eu não falo pra ninguém, até porque ninguém entenderia. O que a gente viveu foi mais do que olhos podem ver, eu sei. O meu problema é o que o sentimento ficou. Desgastado, sujo e maltratado. Mas ficou. Tão forte, tão bonito, tão de um jeito que eu sempre soube que ficaria. E mesmo que você erre mil vezes, eu sei que ele vai ser assim sempre. Mesmo que a gente nunca mais se veja, cê me entende? E mesmo que eu erre mil vezes por egoísmo, por falta de saber amar, cê sabe que meu amor é de verdade, sempre foi. E sabe tanto disso que não consegue ser indiferente. Contrário de amor não é ódio, fui eu que te expliquei isso, cê lembra? Toda vez que você não consegue dormir, eu sei que sente a falta de me ligar e dizer "fica comigo?". Toda vez que alguém te oferecer purê. Toda vez que você olhar pro que a gente sonhou, toda vez que seu cabelo não crescer ou sempre que for atravessar a rua, vai lembrar. Eu sei que vai. Eu acho que a vida está na verdade, no que deixamos pros outros lembrarem. Eu acho que é por isso que eu te expulsei tanto da minha vida, mas você nunca sai. Eu não sei se te quero por perto, eu só sei que te quero bem. Eu acho que eu só escrevi isso tudo pra te dizer que ninguém nunca chegou tão perto de mim, por dentro. Eu acho que eu só quero dizer que te amo, apesar de tudo. Por tudo, além de tudo, sobretudo e entretanto. Eu só queria ter você pra te contar as coisas que ninguém mais vê. Eu só queria voltar no tempo e ter te abraçado uns segundos a mais, todas as vezes. Eu achei também um dos inúmeros textos que fiz pra você e fiquei com uma frase na cabeça. "Com você por perto, eu sinto cócegas na alma". Eu não te conheço mais, então eu não sei se te amo hoje. Mas de tudo que já vivemos, o que me sobrou foi um punhado de amor. Um punhado com um peso grande demais pra eu carregar sozinha. Eu não sinto mais cócegas, eu não rio mais como antigamente. Eu sinto tanto. Eu sinto muito. Eu cansei de doer. Só Deus sabe.









 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pra ele.



(Ler ouvindo Nando Reis - Muito Estranho)

As vezes ele me pergunta o que me fez gostar dele. Mas eu nunca sei como responder. Eu sou boa pra escrever, mas pra falar eu sou terrível, ele sabe. Eu posso até arriscar alguma coisa, elogiando o sorriso ou dizendo o quanto eu gosto daquele jeito implicante, mas que no final sempre me dá razão para tudo. Mas ainda seria pouco. É pouco. Eu posso continuar arriscando, dizendo que foram as demonstrações de carinho e cuidado que ele me deu, mesmo quando eu surtei de ciúme e mandei ele embora da minha casa. Ou mesmo, quando eu fiquei doente e ele tinha trabalhado a noite todinha e foi cuidar de mim, de manhã. Posso dizer também, que foram as noites que passamos conversando, coisas importantes e outras nem tanto, e que de tanto ficarmos juntos, peguei as manias dele todas para mim. Ou que foram os elogios e a maneira de me encher de mimo, mesmo quando eu teimo dizendo que não quero ou não preciso ou quando digo que to braba. Que foram todas as vezes que ele insistiu em mim e não desistiu de me mostrar que somos melhores juntos, um ao lado do outro, tendo um ao outro e sendo um do outro. Posso arriscar um pouco mais e dizer que foi quando ele me surpreendeu com um “eu te amo” ao invés de um “gosto tanto de você”, mesmo fazendo alguns dias que a gente tava junto e me deixou sem saber o que dizer. Eu posso dizer que foram todas as vezes que ele poderia ter me deixado no caminho errado e não ter brigado comigo, mas ele brigou e me mostrou o certo. Ou mesmo todas as nossas discussões que terminam da mesma maneira, com nós dois deitados no sofá abraçados, ele me chamando de chata e me beijando. E juntando tudo isso, eu tenho ele. Inteiro. Completo. Ele. Que uma vez chegou a me dizer que estaria longe de ser quem eu merecia ou deveria querer. Ele. Que fazia parte da minha vida mas não dos meus planos, e por quem eu jurava que não poderia me apaixonar. Nunca. Justo ele. Que amansou meus medos e adoçou meu sorriso. Ele, que me fez ouvir solos de guitarra e aprender tomar cerveja. Ele, que nem sabe o quanto eu amo cada expressãozinha que ele faz dormindo. Ele, que é meu. Eu, que sou dele. Nós, que acrescentamos o 's' no nó que a gente tinha. Viramos nós. Deixamos de ser nó e viramos laço. Viramos um elo. Viramos o melhor de cada um. Mas mesmo assim, quando ele me pergunta o que me fez gostar dele, eu nunca sei  responder.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Olhos Abertos.




(Ler ouvindo Boa Sorte - Vanessa da Mata)

Quando a gente se reencontrou, eu realmente pensei que ia ser diferente. Eu tive até esperança, imagine só, de que podia dar certo, dessa vez. Mas isso logo morreu. E tudo que eu conseguia me perguntar enquanto te olhava dormindo depois do sexo mais frio de toda a minha vida, era o que eu tanto tinha visto em você. Não sei onde foi que eu vi tanto encanto, em alguém tão simples. Eu não sei onde eu achei tanto amor, em alguém com tanta fraqueza. Nenhuma outra mulher conseguiria amar tanto um homem tão pequeno quanto você, de um jeito tão grande quanto eu te amei. E quando você voltou eu achei que ia conseguir te amar de novo, daquele jeito imenso que me dominava e me fazia cair de cara no chão. Eu não cai no chão e nem te amei. Você voltou e a vontade de engolir cada centímetro da sua presença não voltou. Você voltou e eu enxerguei nos seus olhos o quanto era triste a sensação de não sentir mais nada. Enquanto você me amava com os olhos e tentava fazer sentir você com seu corpo, tudo que eu via era um homem magro, com medo de mim, de si, da vida. Enquanto você se esforçava pra me dar prazer, eu tinha prazer sozinha, contemplando a cena que eu quis tanto há um tempo atrás. Pela primeira vez em muito tempo, eu pensei em mim. Eu não quis você, nem seu cheiro de perfume caro, nem sua voz seca. Pela primeira vez, eu não achei melhor te oferecer mais de mim e nem me preocupar se estava te agradando. Eu senti meu corpo agradecer, ao invés do meu coração. Eu senti uma mulher diferente aqui dentro, que me dizia que estava tudo bem assim, que estava bom e que se você não gostasse, ela não ia nem ligar. Eu olhei pra você de novo, com os olhos bem abertos tudo que eu vi, foi tudo que você é... e me assustei. Ei, a gente pode ser feliz agora. A gente pode até se casar, pode ser amigo, pode nunca mais se ver. Ei, eu não te amo mais e por isso eu te amo muito. Você é um babaca hoje e foi um babaca quando me largou, enquanto eu precisava do seu ar pra viver. Mas eu achei outro ar, quem diria. E agora o seu me sufoca. Eu não sei se amanhã eu vou te ligar e não tem problema se você não ligar. Tem um outro, que sabe fazer o mesmo que você. Tem outra voz seca e tem outro perfume. Tem outra vida ali fora, você acredita? Eu demorei tanto tempo pra perceber isso. Eu quase morri, sabia? Eu quase me entreguei. E agora eu to aqui, te olhando e vendo o quanto você é humano. Pequeno. Isso é de uma alegria tão triste. Era bom imaginar que alguém transcendia a normalidade e que meu amor era justificável, porque na verdade, você vinha do Olimpo. Você não é nenhum deus e meu amor era completamente desproporcional, mesmo. Mas agora tudo bem, ou tudo mal, sei lá. Tanto faz, acho que a expressão é essa. 
Agora, eu e você, eu sem você, eu com você... Tanto faz.










sábado, 28 de setembro de 2013

Deixa.



  (Ler ouvindo O meu amor - Chico Buarque)

Você sabe que eu odeio pedir. Sabe que fico toda sem graça, que não sei como começar a falar e acabo falando tudo de uma vez, daquele jeito que você mal entende o que eu digo, porque falo uma palavra por cima da outra, atropelando o sentido delas. Você sabe que eu adoro quando você faz o que eu peço. E te abraço, olhando pros teus olhos enquanto sorrio e te beijo de mansinho. Você sabe coisas demais, sobre mim. Sabe da minha vontade de sempre ficar cinco minutinhos a mais com você e de estar pronta, sempre cinco minutinhos antes de te ver. Você sabe minhas pintinhas do rosto, de cor. Você sabe o meu sorriso. Sabe onde tenho arrepio e onde sinto prazer. Você sabe minha existência, como ninguém. Mas você não sabe que tenho uma lista de coisas pra te pedir, hoje. E eu vou falar uma por uma, sem atropelar as palavras ou esconder a cara na almofada. Eu quero te pedir pra nunca deixar de sorrir, enquanto você me olha e acha que eu não to te vendo. Acho que é o momento da minha vida em que eu mais me sinto bonita. Eu quero te pedir, pra nunca deixar de ser teimoso e chato, do jeito que você é. Eu não iria te amar tanto, se eu não me irritasse com você a cada meia hora. Eu quero te pedir pra sempre me deixar sem graça e falar aquelas bobagens que você diz, rindo. Eu quero te pedir pra parar de tentar fazer ovo mexido, porque você sempre poe pimenta ou sal demais. Ou as duas coisas. Eu quero também, que você sempre esqueça de coisas importantes pra que eu possa te lembrar e ouvir você dizer que não seria nada sem mim. Mesmo que isso soe exagerado. Eu quero que você nunca se canse de me agarrar, pelos cantos da casa. Quero te pedir pra não perder essa voz mansa, que fala meio dormindo que não tá dormindo, não. Tá só curtindo meu abraço. E eu sei que tá dormindo, mas eu concordo mesmo assim. Eu quero que você compre um despertador mais potente e que pare de me fazer cócegas. É mentira, eu não quero, não. Eu quero que pare de dizer 'Mentira!' quando eu digo algo que te irrita. Porque isso me irrita mais ainda e você sabe disso. Eu peço que você nunca deixe de enxergar em mim, a mulher que as vezes, nem eu enxergo. Eu peço que você tenha sempre paciência pras minhas TPM's e pros meus exageros. Eu quero pedir pra você ficar sempre sério, quando estou rindo porque fica ainda mais engraçado, seja lá o que for. E que sempre ria, quando eu estiver séria, porque eu nunca resisto ao seu riso. Quero que entenda que não ligo se engordou cinco quilos ou se fez a barba, eu sempre vou amar o seu sorriso quadrado e os seus olhos de menino. Eu quero te pedir, pra nunca ir embora. Do jeito que eu pedi, quando você disse que ia. Eu te peço pra não me deixar, nunca. Porque sem você, eu teria aquele vazio que eu tive a vida toda, de ter tanta gente, tantas histórias e tantos verões, mas nunca sentir nada. Nunca sentir vontade de ficar um pouco mais. Com você, eu senti vontade de ficar pra sempre. Com você, eu me perco numa saudade que não dura dois dias. Diz pra mim, que não importa se eu estiver de salto ou com seu moletom, diz que vai me amar e pronto. Diz que meu passado não importa e que as nossas vírgulas são pra dar um charme na nossa história. Deixa eu dizer pra você sair de perto de mim, enquanto te abraço forte no sofá e você ri. Deixa eu ser assim, toda artista e achar que sei de tudo. Deixa eu te amar, do jeito que eu sei. Deixa eu te fazer rir, encostar em você e te beijar o pescoço enquanto você vê tv. Deixa a gente ser sempre assim? 
Deixa esse nosso amor ser a coisa mais bonita que já me aconteceu. 
Deixa esse amor virar história, nos meus versos. 
Deixa? Você sabe que eu odeio pedir. Deixa, vai.