quarta-feira, 9 de abril de 2014

Os 22.




Começar é difícil. 
Começar esse texto está difícil pra caramba.
To cheia de frases curtas e versos sem rima. Já tô com 22. Não sou mais menina faz tempo, apesar da minha voz fraca e do meu sorriso bobo não dar muita convicção a esse fato. Já tomei muito tapa na cara, da vida. Desde pequena, sabe? Fui passada pra trás incontáveis vezes, a vida gritou na minha cara desde menina que esse negócio de sobreviver é complicado. Sobrevivi. E tive que começar muitas vezes. Novos ciclos, novos planos. Novos sonhos. Eu tenho um lado sentimental demais, normalmente ele me trai. Acabo dividida entre o que preciso e o que quero fazer. Aprendi escolher a precisão. Não dá pra ser sempre amor, as vezes é preciso ser força. É preciso ser razão. É preciso saber nadar pra poder salvar outra pessoa do afogamento. Eu vivia me afogando, junto. Vivia náufraga. Costumo pensar que o destino cobra o preço de quem nos rouba, por isso nunca guardei mágoas. Tenho algumas dores, sim. Escondidinhas, no cantinho do peito. Quem não tem? Mas são inofensivas, são só lembranças. Acho que a vida é muita cara, pra gente gastar com pequenices. Escrevo de graça, que é pra espalhar coisas boas. Feito aquelas sementes que a gente sopra no vento, esperando que alguma delas caia em terreno fértil. Não admito tudo que existe, mas aceito quase tudo. Respeito. Isso sempre tive em mim, acho essencial. Quem sou eu pra dizer que o outro é pior? Ninguém. Sou só mais alguém, que acerta as vezes, que erra quase sempre. Aprendi a conjugar o verbo amar na primeira pessoa do singular. Eu amo. Consegui entender que amor, a gente só adquire depois de batalhar muito. A gente só consegue amar, depois de entender que o amor é mais do que sentir afeto, mais do que uns beijos bons, uns fins de semana acompanhado. O amor é um troféu, que a gente tem que lutar todo dia. Eu já tentei encontrar minha felicidade no peito do outros, achando que meu sorriso moraria lá. Que boba. Demorei pra ver que só meu peito seria capaz de me guardar. Hoje em dia, sou livre. E não falo de de relacionamentos ou de uma liberdade forçada, regada a álcool e noites pelas ruas. Falo de liberdade aqui dentro. Meu peito é livre, meu coração é livre. Tirei de mim todo cadeado e corrente que me segurava. Hoje sei amar, com verdade. Sei sorrir, sem medo. Sou livre pra escolher meus destinos, meus sonhos. Aprendi que felicidade é hoje, que amanhã é muito tarde. As coisas boas são maiores e melhores do que as ruins. 
Sem armadura, hoje eu sei que meus 22 valem a pena. 
Afinal, nada é tão definitivo, só a mudança.








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