terça-feira, 17 de setembro de 2013

De mim.


(Ler ouvindo Hey Jude - Paul McCartney)


Eu tenho manias estranhas, talvez você nem saiba. Pouca gente sabe. Eu tenho o costume de olhar as estrelas, a noite. Deitar no chão da garagem e contar os pontos brilhantes do céu. As vezes, vejo até estrelas cadentes, sempre faço um pedido. Aliás, você já foi um pedido pra uma dessas estrelas. E você veio, mesmo. Tenho mania de decorar poesias e nomes de rua. Eu sou um tanto louca, eu sei. Mas quem não é? Eu costumo me sentir pesada, quando chove. Como se a chuva caísse lá fora e inundasse aqui dentro. Eu tenho fantasmas, que aparecem as vezes. Alguns deles tem nomes, outros eu prefiro que não tenham. Alguns me tiram pra dançar, no meio da noite. Outros sentam ao meu lado e esperam que eu durma. Eu falo muito sozinha. Acho que tem a ver com minha infância, eu sempre fui muito sozinha. "Criança que é sozinha, acaba virando adulto de alma sensível", o terapeuta disse pra minha mãe há alguns anos. Meu avô dizia que tenho alma de artista. Uma vez, uma cigana disse que tenho alma de borboleta. Eu, na verdade, não sei. Sei que tenho alma, sei que ela dói as vezes. Não é fácil ser coração em mundo de tecnologia avançada. Não sei ser meio termo, não sei beber leite morno, nem abraçar com um braço só. Eu amei você, desde que eu te vi. Só que eu não sabia amar. E nem sabia dessas voltas que a vida dá. Eu sei que tenho cara de quem sabe tudo, mas não sei. Eu sei falar sobre arte, sobre política e religião. Mas o amor é um mistério, pra mim. Eu sinto ele em cada célula, do meu corpo. Mas não consigo explicar, nem pra mim e nem pra você. Eu já tive medo da vida. Hoje, não sinto medo nem mesmo da morte. Sei que a vida é uma estrada sem volta, sem espaço pra voltas ou retrocessos. Todo dia é uma dádiva. E o milagre sou eu, é você, somos nós. Acredito em Deus. Acho que ele acredita em mim, também. E é isso que me motiva a seguir em frente. Ter fé é essencial, pra vida. É outra das minhas manias, ter sempre fé. Mesmo quando dá tudo errado e parece que não vai dar pé. Mesmo quando a coisa tá preta, sabe? Sempre tem uma luz. Sempre tem um jeitinho. Falando francamente, não sou  das melhores pessoas que já conheci. Nem das mais bonitas. Mas sou de verdade, entende? E se você quiser ficar, eu juro que vou ser sempre de verdade. Eu juro que vou ser sempre amor. Mesmo que doa, mesmo que no final eu fique sozinha. E se você for embora, eu vou arranjar um jeito de pintar a vida de outra cor. Vou encher a casa de flores diferentes e mudar os discos da vitrola. Mas eu não quero pensar nisso. Eu quero é pensar no agora. No hoje. O amanhã é lindo, justamente porque é um a folha em branco. E você sabe que eu não resisto, eu adoro escrever. Acho que fazer história é minha missão. É minha mania mais estranha e minha sina. Escrever é me livrar dos fantasmas. É dançar sozinha pela casa, ouvindo meu jazz. Escrever é descobrir, porque só quando escrevo tenho noção de quem sou. Sensível, artista e borboleta.










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