quarta-feira, 3 de julho de 2013

A moda.


(Ler ouvindo Provas de amor- Titãs)


O amor virou brincadeira. E to falando sério, sem piada. As pessoas amam hoje em dia, como quem pede uma cerveja. Desce mais uma, garçom. Eu pago a rodada. O copo esvazia e a pessoa vai embora. Como se nada tivesse acontecido. O amor mais do que nunca, é moda. O mundo se perdeu e eu me perdi junto. Perdi um capítulo e quando vi, já estava tudo perdido, a palavra amor pra todo lado e o sentimento em lugar nenhum. Eu percebo que o mundo ficou tão cheio de gente apaixonada, cheio de demonstrações de amor, cheio de carinho, de coraçõezinhos feitos com a mão e sem um pingo de amor. O sentimento tá em falta no mercado e o povo todo tá se contentando com essa versão barata e falsa de amor. Sempre que vejo um casal novo, procuro neles algum sinal de sentimento verdadeiro, sei que é feio fazer isso, mas eu faço. E cadê? Cadê, gente? Não tem. É sempre a mesma coisa, ela iludida e ele carente. Aí junta isso e fica um relacionamento movido a músicas de Sandy e Junior. Se a lenda dessa paixão, faz sorrir ou faz chorar, o coração é quem sabe. Ninguém entende o verdadeiro significado, mas acompanha a multidão e canta junto. As pessoas amam por tabela, já viu isso? As amigas estão namorando, então eu também vou, pra não ficar sozinha. Aí arruma o primeiro pangaré que vê na frente e tasca lá um relacionamento sério na rede social que é pra atiçar o ex. A mãe do cara não para de cobrar ele, quer que leve uma namoradinha pra almoçar no domingo em casa, aí ele arruma a primeira sonsa que vê na frente e pronto. É assim o amor. Aí vem a rotina, o costume, quando as pessoas vão ver, estão a anos com alguém que mal conhecem. E eu fico aqui, olhando de camarote, observando... os casais começam, se conhecem e terminam. Aí você vai me perguntar... Você nunca errou, Thais? Você nunca se apaixonou por alguém e depois viu que a pessoa não era nada daquilo? Já. Mas é aí que tá a diferença. Eu me apaixonei. Eu acho que pra valer a pena um relacionamento ele tem que ser completo, eu tenho que ter vontade de conhecer até o ultimo defeito da outra pessoa. Eu amo primeiro e falo depois. Gosto de curtir o tempo de cada coisa. Conhecer, gostar, acostumar e por fim amar. O amor é um tanto de costume, sim. Eu não aceito mais essa brincadeira de amar no primeiro dia e conhecer no último. É mais prático, eu sei, mas não vale a pena. Eu já me entreguei de bandeja a quem nem saberia soletrar a palavra amor, muito menos sentir isso. E depois dói. Dói o tempo perdido, o resto de sentimento que fica, o apego. Dói o engano. Então segura a onda, aprende que amor é lindo, mas não é fácil. É simples, mas não é comum. Vamos sentir mais e falar menos. Vamos gostar menos em rede social e fazer algo pro bem social. Vamos abraçar menos e ajudar mais. Chega de tanta declaração e vamos partir pra ação. Faz o seguinte, na dúvida segue sempre o verso do poeta "Falais baixo, se falais de Amor". 

2 comentários:

  1. Quanta lucidez! Amei, amei. E amei de verdade, porquê sei que o que falas é real, é intrínseco, é sensato e combina costumeiramente com a sua personalidade, com as suas idéias e seus ideais. Sabe? Ultimamente tenho me posto a observar também, assim de camarote. Antes ficava bravo, fazia esforço para que todos percebessem que aquilo que chamavam de amor, não era amor. Que aquilo ali era só um bagulho qualquer, um souvenir barato, uma paixão arrebatadora, logicamente menos denso e mais fluídico que amor de verdade. Mas como eu sempre saía como o encalhado (deficiência quase metafísica destinada aos que não se relacionam seriamente em redes sociais) resolvi me calar e soltar um sorriso Monalisa para todas as sonsas e os carentes que desejam avidamente um futuro família Doriana.

    Faz tempo que não comento, mas tô sempre por aqui!

    Super beijo Tha!

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  2. As redes sociais têm a capacidade de aproximar e afastar. Como as cartas nos séculos passados. Depende de cada um. Abraços e sucesso com o blog!

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