Ler ouvindo Chandelier.
Hoje quando acordei, te quis por perto. Tive um sonho incrível, com aquela época em que nós dois parecíamos um só, pelo tanto que estávamos juntos. Senti falta de quando ouvir tua voz era um costume e não um arrepio gelado na espinha. Hoje quando acordei, pensei que o amor é uma dessas tristezas da vida. Uma dessas coisas que ninguém diz, mas todo mundo sofre. Uns um pouco mais, outros um pouco menos. Outros ainda vão sofrer. Ninguém sai ileso. Eu não escapei, ninguém escapa.
O amor é um sentimento mesquinho, menino.
Ele não se importa com a dor da gente. Ele decide vir e puft, faz a gente lembrar. Faz a gente doer. As vezes eu te imagino voltando. Com aquele sorriso de sempre e uma bagagem nova. Com aqueles olhos brilhando e aquela camisa xadrez horrível. Você pode até usar aquela droga de camisa, se quiser voltar. Prometo. Você pode voltar, eu prometo. O amor deixa sempre a porta aberta, você sabe. E a gente sai por aí, sorri pra outras pessoas e vai pros bares de sexta a noite pra não pensar nisso. Mas a porta continua aberta e a gente só quer mesmo é ver o outro entrando e pedindo pra ficar. Mesmo que vá doer de novo, mesmo que seja tudo uma droga de novo. A gente não tá nem aí. O amor é uma droga. Dessas que viciam mesmo, sabe? Que pegam a gente pelo cabelo e obrigam a gente a fazer umas loucuras. É uma droga. E você é uma droga, também. Uma droga de um amor que quase esqueço, todos os dias. Mas no fim da noite, aqueles segundinhos antes de dormir eu penso em você.
Admitir esse tipo de coisa é um saco.
Eu penso em você, cara. E me pergunto se as vezes você também tem aquela vontade que a gente tinha de fugir pra China e largar tudo que a gente já fez até aqui. Eu aprendi umas palavras em mandarim. Eu queria te contar que conheci um cara que fez a mesma faculdade que você e hoje tá benzão na vida. Eu queria te contar do meu sonho. E do meu quadro novo, que parece um daqueles abstratos de Picasso. E você poderia procurar um monte de figuras no meio do embaralhado das tintas. Eu poderia me embaralhar em você, de novo. A gente poderia ser muito feliz, você sabe disso? Não sei. Nem eu sei ao certo. É horrível pensar que algo que poderia ser tudo, acabou em nada. Eu não gosto de sonhar com você e acordar sozinha. Eu odeio te achar um estranho. E não poder te contar meus planos com naturalidade e você ficar feliz comigo.
O amor obriga a gente a ser humilde. Obriga a gente a aceitar que nem sempre as coisas são como a gente quer. O teu amor me deixou mais forte e a falta dele me deixou mais humana. Se algum dia você passar por aqui, entra pra tomar um café, tá?
A porta vai estar aberta.