sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sobre certezas, casamento e traumas de infância.


(Ler ouvindo No Recreio - Cássia Eller)


Todos os casamentos que eu acompanhei quando era criança, deram em divórcio. Mulheres chorando. Malas feitas e jogadas na rua. Traições. Novelas mexicanas na sala da minha casa. Crianças (assim como eu) levadas de um lado para outro, como se fossem bagagem. Homens indo embora sem olhar pra trás. Falta de conversa. Desrespeito. Sofrimento. Tudo isso me atribuiu marcas.E apesar disso, eu sempre fui aberta em relação aos sentimentos, tive mil e uma (mil e várias) paixões. Namorei bastante. Mas nunca falei em casamento, nem pra mim e nem pra ninguém. Falar nisso pra que, né? Não se deve mexer em time que está ganhando. E se dependesse de mim, eu não mexeria nunca. Até que de repente, eu conheci um cara, que eu já tinha conhecido em outros carnavais. Mas eu conheci ele de novo. Estava mais bonito, mais velho, com um ar de quem precisava amar. Acho que eu estava com o mesmo ar quando me aproximei dele. Tanto que os nossos ares se casaram. Eu tive certeza que eu queria ficar com ele, pelo resto da vida. Mesmo que isso significasse muito tempo. E por mais incrível que pareça, ele teve essa mesma certeza. E nós nos olhamos, como se tivéssemos vivido a vida toda juntos. Esse cara falou em casamento pra mim. E foi o maior susto de toda a minha vida. Maior até do que o susto, na vez em que minha irmã fingiu que morreu e ficou meia hora deitada no chão na mesma posição, com ketchup na cara. Ele me perguntou se eu acharia brega demais ter um casamento tradicional e por algum motivo eu achei ele tão lindo naquele momento, que beijei ele até cansar. E não respondi. Não fazia ideia do que dizer, porque estava apavorada. Aí ele me pediu pra pensar nos casais que conhecíamos e que eram felizes, mesmo depois de anos juntos. E disse que a felicidade dependia só da gente. Ele disse que tinha certeza do quanto seríamos felizes. Certeza. Essa palavra ficou martelando na minha cabeça por dias, por semanas. Eu me lembrei de todos os problemas que já tivemos e superamos juntos. Todas as barreiras, dores de cabeça, doenças, acidentes e rotina. Lembrei de tudo e nem por um segundo em pensei em desistir dele. Ei cara... Eu caso sim. Já que o amor pede pra gente se jogar, que eu me jogue de cabeça. Porque você merece, porque eu mereço. Porque essa nossa história louca merece sim, uma festa. Nem que pra isso eu diga 'não' pros meus medos, pras minhas loucuras e minha ânsia de ser independente. Nem que eu diga muitos 'nãos' daqui pra frente, pro cara que me ensinou o amor do jeito bonito, eu vou dizer 'sim'. Vestida de branco.

7 comentários:

  1. "A vida é um jogo onde a única aposta é o próprio coração", ja dizia um sábio qualquer.

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  2. comigo era bem ao contrário a maioria dos casamentos que acompanhei quando criança, a maioria continuava com o casamento feliz, bom post.

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  3. Casamento vai da escolha mutua mesmo... de acreditar neste momento. Eu não acredito. Acredito em permanecer com a pessoa através do amor. Apenas no sentimento que une, sem precisar provar nada para ninguém.

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  4. Oi, já estou te seguindo. Posso te esperar no meu?
    Bom sábado. (=


    http://expectativasreais.blogspot.com.br/2013/05/esmaltes-da-semana.html
    sigo na hora!

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  5. Estava com saudades de ler uma coisa assim tão bonita na internet. É incrível como a gente passa a vida toda afirmando ser e vem alguém e muda tudo. Pra melhor, pra pior, muda, simplesmente. Esse final ficou perfeito, aquela coisa que você lê e pensa: "ai, como eu queria ter escrito isso!". Não por inveja, mas por admiração. Você escreve bem pra caramba, parabéns e sucesso!

    http://railmamedeiros.blogspot.com.br/

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  6. Que texto mais lindo. Faz muito bem em dizer sim. Você não deve se privar de algo só por que viu dar errado com os outros. Como o carinha falou, isso só depende de vocês dois. Basta se empenhar.

    www.annadecassia.com

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  7. O resto da vida, a gente espera, significa muito tempo. Abraços e sucesso com o blog!

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