segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O murro.

(Ler ouvindo Same mistake - James Blunt)

Esses dias, me peguei seguindo com os olhos as placas que indicavam a saída do estacionamento do shopping e me toquei que é isso que sempre faço, vou embora. É isso que faço de melhor. Abandono. Aí eu me lembrei que essa seria uma das minhas metáforas que só você entenderia e senti aquele murro no peito de novo. Não era, nunca, nunca chegou nem perto de ser o relacionamento dos meus sonhos, foi horrível, foi ridículo. Mas vou te falar, eu tenho sempre esses murros no peito. Quando alguém me fala sobre política, eu me lembro que mudei de candidato no dia da eleição, só pra te contar. E eu podia nem ter votado no seu candidato, só dizer que tinha votado e pronto. Mas não! Eu realmente votei. Sabe que eu ainda sonho com a nossa varanda e o vinho e as piadas? E de novo, o murro no peito. Quando vou atravessar, você rindo do jeito que tenho medo dos carros, o murro. Alguém me conta algo babaca, e dou uma resposta irônica, quero te contar. Murro, murro, murro. Você não era ninguém, não era o mais forte, nem o mais bonito, nem o mais interessante, então porque o murro? E de novo o murro. O seu nome, e o murro. Um carro igual o seu, e o murro. Eu queria tanto que você lesse, e de novo o murro. Você consegue me ver aqui, aquele cara ta me olhando a horas, ele me acha engraçada, ele ta me olhando de um jeito que você nunca olhou. Vem aqui, empurra ele, me olha, por favor. O murro, mil vezes. Aí eu durmo e sonho. Acordo esmurrada. Eu pinto a unha e lembro de você escolhendo a cor. E me dá uma tristeza, de lembrar que nem consegui chorar nossa morte. Eu nem consegui velar nosso fim. Porque nunca existiu fim, nunca existiu começo. Foi tudo coisa da minha cabeça, o murro. Você nunca quis. Murro. Começo a me perguntar, como é possível ver alguém em tantas coisas? Você era todas as coisas.Um milhão de murros e eu ajoelho. Finalmente cai uma lagrima. Peço perdão a Deus por ignorar todas as coisas bonitas que ele fez, enquanto eu só enxergo você. Me levanto novamente, enxugo a lágrima. Pego minha bolsa, preciso sair. Ligo o rádio, uma música dos The Beatles. O murro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário