quinta-feira, 9 de junho de 2016

O novo.

Ler ouvindo Pillowtalk.



O novo chegou metendo o pé na porta e mostrando os documentos. 
Diz que veio pra ficar. 
O novo abriu as janelas e arejou a casa. Tem cheiro de casa limpa e café de manhã. 
Ele tem nome de lorde. Tem olhos que parecem ter visto de tudo e conta histórias sobre todo tipo de gente. O novo varreu a casa e não se importou em encontrar tudo uma bagunça. Me pegou no colo e ouviu cada uma das minhas historias, por piores que fossem. 
O novo já me viu chorar. 
E ficou. 
Como disse que faria. 
O novo não se surpreende com meu humor ácido e minha falta de jeito. Ele não tem medo de mim. E tem aquele cheiro bom de gente que é de verdade. 
O novo chegou sem qualquer aviso prévio, sem deixar me preparar. 
E diz que tudo bem, assim. 
Ele me abriu a casa, a vida e sua história, na mesa. Disse que não era grande coisa, mas ele nem sabe que sinceridade daquele jeito dele já é muito. O novo não gosta de falar de amor. 
Assim como eu. 
E me faz pensar em coisas que eu já não sabia mais. O novo me faz ter ciúme. E não é qualquer ciúme não, é aquele bem desgraçado. Coisa que eu não sabia mais o que era. O novo me trouxe sossego. 
Junto com meu doce favorito e um beijo na testa. 
E mais um monte de discussões ansiosas. E outro beijo na virilha. Com aquela cara de cafajeste que quase me mata. 
O novo é bom. 
Faz bem. 
Justo eu, justo agora. 
É, o novo.



domingo, 29 de maio de 2016

Cartomante.

Ler ouvindo Better Man.




 Acertei nas previsões. 
De vez em quando eu acerto, até arrisco um sorriso torto e irônico da sua parte dizendo que eu sempre sei de tudo. Mas você sabe, eu só saberia de tudo se você me permitisse saber ao menos a metade. Acertei na previsão... As vezes eu acerto, quase sempre. Só não acerto quando é sobre a esperança em relação a você. Diria até que dramatizo quando afirmo não te conhecer nem um pouco. Adoraria dizer que é por você ser previsível. 
Mas talvez você não seja tão fácil de se ler. 
Suas entrelinhas são arriscadas ao extremo para alguém como eu. Mas você sabe eu as entendo, eu entendo alguns dos seus sinais. Não sei jogar seu jogo, mas conheço os jogadores. Eu acertei nas previsões, sem ser modesta eu quase sempre acerto. Pode rir, mas eu lembro que seus olhos fugiam de mim em disparada todas as vezes que você tinha o que esconder e eu descobria só no seu jeito de sorrir sem graça. 
Eu acertei na previsão... Quase sempre eu acerto.. 
Quando você está mal, quando exagerou no porre, quando está se exibindo pra alguma paixão, quando posso apostar que voltou para casa com perfume de alguma moça impregnado na blusa de frio e se jogou na cama sabendo que isso é só mais uma furada. Quando voltando do trabalho toca uma música daquelas que você me mostrava e você pensa será que mostro pra alguma garota ou será que só a Thais poderia apreciar de tanta excentricidade? Quando acontece algo grave e mesmo hoje, é minha companhia que você procura pra se sentir melhor. As vezes eu acerto nas previsões...De longe eu vejo fumaça saindo da sua cabeça quando seu mundo vai mal.
 Eu acerto quando antes mesmo de você dar o passo eu já sei para qual direção você vai. 
Quando você age nas suas entrelinhas e fica tudo tão evidente, posso jurar que você sabe que isso iria me atingir em cheio. É assustador para você, mas para mim não é. Você sabe que eu não jogo cartas, não ando em videntes, nem horóscopo eu leio mais. Você sabe, eu só sei dessas coisas, porque ainda me importo com você. Você sabe e por favor desfaz essa cara de que eu sou louca, você sempre soube disso, mas antes de você chegar minha maluquice era menos evidente. 
Eu acertei na previsão. 
Porque mesmo você dando todos os rodeios do universo, uma hora as nossas mentes se cruzam.

 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Agora pra ficar.


Ler ouvindo Crystals.





Hãn... Por onde começar?
Alô?
Vocês ainda me ouvem?
É bom sentir que sim.
Já faz um bom tempo, eu sei.

(...)
Sabe, eu poderia começar esse texto falando sobre como foi difícil passar esse ano em silêncio. Eu poderia falar das vezes que não consegui abrir minha própria página, porque me doía não escrever. Eu poderia não ter voltado nunca mais. Mas eu quero falar da parte bonita disso tudo: eu voltei a escrever. Depois de um ano terrível, de chorar sozinha por algumas vezes. Depois de deixar de acreditar em mim, eu voltei. Eu voltei. E eu não to falando do blog, nem do status. To falando da sensação de voltar pra mim. To falando que as vezes na vida, a gente passa por momentos e por fases em que nem se reconhece mais. 
Perdi alguns amigos. Deixei pra trás toda uma história construída, pra me refazer sozinha. Chorei na frente da minha mãe, dizendo que eu não sabia mais quem era. Trabalhei como se o mundo fosse acabar, pra tentar não pensar na vida fora do ar condicionado. Deixei que tirassem minha identidade e me chamassem de uma pessoa qualquer. 
Mas chega uma hora... Sabe? 
Cê sabe. 
Aquela hora em que você olha pros lados e se pergunta o que está fazendo ali. Chega uma hora em que seu coração grita. E o meu berrou. Eu joguei tudo pro alto. Meti o famoso foda-se. Decidi voltar pro que me faz feliz. E apesar dum medo danado de ser recriminada e julgada e apontada, eu ergui a cabeça e meti o pé. A vida é tão bonita. E a gente perde tanto tempo, esperando amanhã pra ser feliz. Eu voltei a sorrir. Aquele sorriso gostoso que a gente dá sozinho, quando está exatamente onde, como e com quer estar. Sabe? Sei que sabe. Então esse texto é pra você que assim como eu já fez isso. Meu parabéns. Porque a gente aqui sabe: É foda. As pessoas são cruéis. Mas vale tanto à pena. E pra você que ainda não fez, mas sente que deveria: Vai. Mesmo com medo, vai. O mundo é imenso. E a gente é tão pequeno, a vida passa e a gente nem percebe. Vai. Uma ou duas vezes na vida, não adianta nada virar a droga da página. A gente tem que comprar um livro novo.
Na dúvida, vai na fé. "Que a fé não costuma faiá".
Só pra não deixar dúvidas: Eu voltei. 
Com todas as letras e significados que isso pode ter.