quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"Enquanto você dormia..."

Ler ouvindo Use Somebody.


Eu gosto do barulho da sua respiração dormindo, na madrugada. Gosto da seqüência de sons baixinhos do ar que você respira. Você me explica todos os sons dizendo que primeiro o oxigênio entra pelas suas vias aéreas, depois o gás carbônico sai do seu corpo, completando o ciclo respiratório. Tanto faz. Eu gosto do barulho. E você ri, porque me acha subjetiva demais. Eu gosto também das pintinhas que você tem no rosto. Também nunca vi alguém se preocupar tanto com isso. Eu gosto das pintinhas e de como elas deixam seu rosto infantil enquanto você dorme. Eu fico quietinha olhando e pensando que o amor é essa coisa gostosa, é essa coberta que a gente divide dormindo num colchão no meio do nosso apartamento vazio. Aí me dá uma vontade louca de escrever e eu digito bem baixinho pra você não acordar. Eu penso em você, com tanto carinho. E as vezes com raiva e cansaço e com desleixo. Porque eu sou humana e não sei amar direito. Porque você é chato e acaba sempre me tirando do sério. Porque a gente se adora e não consegue passar meia hora brigados. 
Eu nem sei direito porque comecei esse texto, mas você me causa essas coisas meio insanas. De repente te beijar ou sair correndo e pular por cima de você no sofá. De repente, você é minha maior urgência. Sempre é. E só não é mais porque nossas individualidades não permitem. Continuo olhando pra você dormindo e só penso em coisas inteligentes e bonitas. Faço uns versos completos e penso que a vida é boa, sim. Que o amor existe e que nós dois vamos ser felizes. Sem esforço e sem muitas perdas.
 Eu tinha tanto medo do amor, você sabe.
 Eu tinha medo do amor me tirar de mim, me obrigar a ser quem eu não sou. Eu tinha medo do amor me escravizar. Mas você me deixa livre e me convida pra ficar, caso eu queira. E eu sempre quero. A gente sempre quer, mesmo quando tudo tá dando errado. Eu quero escolher ficar, do seu lado, na sua vida, sentada perto da sua mãe nos Natais e abraçando seus avós. Eu quero você, com pintinhas em volta do nariz e com as suas grosserias engraçadas. Eu quero me casar com você e arriscar nossas fichas nessa instituição que ninguém mais acredita. Eu quero uns filhos que tenham seu sorriso quadrado e seu otimismo. Quero festa com bolo e brigadeiro. Quero me sentar na mesa da cozinha e fazer contas com você, imitando aquelas filmes americanos que a gente nunca assiste. Eu quero nunca desistir. Mesmo que a gente saiba que o amor não é um sentimento infinito, mas quero que a gente beba uns goles dele todo dia, igual fazemos com a nossa cerveja. E que você nunca se esqueça dos motivos que nos fizeram chegar até aqui. Porque não é fácil. 
Amar é foda. Amar é pros fortes. 
E não to nem aí sobre o que dizem por aí, sobre isso. Ninguém nunca entendeu a gente, mesmo. Ninguém nunca acreditou. Nem eu.

Mas quem se importa? Volta a dormir, meu bem. Volta a respirar daquele jeito que me acalma. Eu to aqui (pra sempre), amo você.










sábado, 27 de dezembro de 2014

Let it be.



Qual é o preço que a gente paga por amar errado? A gente pagou caro, menino. Foram muitas parcelas. E juros e correções monetárias. A gente se perdeu nas prestações de um amor que nem valia tudo aquilo. A gente pôs a leilão o que não tinha preço. E nos perdemos, fim. Foi isso, sem grandes alardes. Sinto que duramos o quanto podíamos, o quanto nosso amor aguentou. Queria que você soubesse que não foi por mal, que nunca quis te machucar. Nem magoar, nem sofrer. Eu nunca quis nada disso. Mas eu não sabia amar, nem você. A gente apostou todas as fichas sem saber no que apostava. Acontece, né? Acho que sim. 
Acho que ninguém nasce sabendo amar. 
Mesmo assim, eu penso em você. Como um pulo errado, na vida certa. Aprendizado. Você sempre vai ser o primeiro. E todos os outros sempre vão ser comparados a você. Acho que era isso que a gente queria. A gente sempre soube que não seria pra sempre, mas queríamos o eterno. A gente conseguiu. Eternizou. Na vida, na memória, nas promessas loucas de um amor sem futuro. Nas páginas viradas da história da nossa vida. Eu assinei teu livro, você assinou o meu. Se todo amor é mesmo inesquecível, eu não sei. Assim como não sei uma porção de outras coisas. Mas quase sempre penso em você, nas nossas juras desesperadas de um amor que nem sabíamos como manter. Eu me lembro de você, quando passo pela rodoviária. E na minha (nossa) primeira vez no escuro. 
Eu me lembro de você. Queria que soubesse. 
Nem sei se faz diferença. E não sinto raiva, nem saudade. Qual é o preço que a gente paga por acreditar no "pra sempre"? É caro, a gente sabe bem. Depois de você, eu aprendi a dar valor ao meu valor. Nunca mais ouvi aquele cd que você gostava tanto. Nem comprei mais batatas naquele restaurante que já era nosso, de tanto que íamos lá. Eu nunca mais te amei, nem chorei pensando em nós dois. Mas eu me lembro, tá? Eu me lembro sim. Do teu choro e do teu medo de não ser suficiente pra mim. E pro mundo. Eu sei teus medos, ainda. E conheço teu sorriso nas tuas fotos no meio daquela gente estranha. Você ainda é um pouquinho meu. Sou um pouco tua, também. Somos eternos. Don't be afraid.

Por isso nos deixamos, por isso precisávamos ir. 
Let it be. Let it go.









quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pro amor que fica.

Ler ouvindo História de Amor.


Querido E,
É sempre bom falar com você, por isso te escrevo. Queria te dizer muitas coisas, dessas que a gente lê em livros de auto ajuda e nos fazem crer que os problemas não existem. Mas infelizmente os problemas existem. E você existe também, sorte minha. E nós existimos um pro outro, com tanta verdade que chega a me assustar. Eu não costumo ser tão franca, nem olhar nos olhos dos outros com tanta frequência. Eu não amo tanto assim. Mas você me faz sentir e ser e querer coisas que normalmente não sinto. Espero que saiba. E se não souber, eu te digo. É que ontem, quando me disse que preciso me intrometer mais na sua vida, foi uma das suas declarações de amor mais bonitas (e olha que foram muitas). "Você tem carta branca, sabe disso". Vou me meter então. Quero que leia cada uma das minhas frases e siga todas elas a risca. Primeiro, meu amor: não tenha medo. Da vida, do mundo, da ruindade das pessoas e nem da bondade delas. Não tenha medo de Deus, nem do inferno. Não tenha medo de ser quem você é. E acredite em mim, ser quem você é uma das maiores dádivas que você pode ser, porque você é incrível. E não duvide disso. Não tenha medo de ter esse um milhão de amigos que você tem, mesmo que eles te magoem as vezes. Mas desconfie, as vezes. Porque apesar do teu coração não ser capaz de ferir uma barata (Obrigada por ter matado aquela que veio na minha direção), algumas pessoas não se importam. E não importa o que a gente diga ou faça, elas simplesmente não se importam. Não vou pedir pra que você não se importe, porque eu sei que será inútil. Você está certíssimo quanto ao amor: ele é uma ramificação da liberdade. Não perca esse pensamento, nunca. Não amarre seus braços, porque eles abraçam o mundo (e me abraçam, também). Não tente ser normal e agir como a multidão, porque: você não é "os outros". Você nunca vai ser "os outros". E se não for pedir muito: fica. Fica mais. Fica perto. Com você por perto, eu me sinto mais perto de mim. Você sabe como é ótimo ter alguém com quem não precisamos medir as palavras, nem o amor. Eu queria que você se enxergasse uns segundos com meus olhos e visse o quanto você é humano e único e amazing. So amazing. Você é sol, nos meus dias de chuva. Não se perde. Não se perde de mim. E não perde também essa mania feia de mexer no cabelo enquanto fala e não ter medo de rir das minhas caras e bocas. Promete pra mim? Promete que nunca vai deixar de rir. Ontem eu dormi feliz. Eu dormi pedindo pra Deus e o mundo não te machucarem. Eu sou uma tempestade, eu não posso imaginar o vidro do meu copo d'água quebrado. Eu preciso desaguar em você. E sim, eu te seguro também. E seguro a barra que é gostar de você (Hiê didididiê). E mesmo que o mundo não te entenda ou você mesmo não consiga se entender, você construiu em mim um lugar pra ficar. 
Se precisar, fica. 
Tem tapete colorido e amendoim. 
Tem até rima ruim.
Tem a mim. 
Sempre.