quarta-feira, 27 de julho de 2016

Mi-ami.

Ler ouvindo Por onde andei.






Miami, baby. He said. 
Mi-ami. Me ame, baby. Me ame assim, com o pronome oblíquo começando a frase. Com aquela vontade que você diz baixinho que tem. Me ame com seus olhos cor de água, que dá uma vontade insana de mergulhar. Pular sem saber onde vai dar. E se perder. Com a barba que você deveria ter e não tem. Me ame. Daqui até Miami. Me ame nas noites em que não sei onde você está. Me ame hoje. E talvez amanhã. Me ame nos nossos assuntos eternos. E naquele "se cuida", que sempre parece um "cuida de mim". Me ame nos meus versos mudos que não tem seu nome, mas deveriam. Porque foi você que me pediu pra voltar a escrever. E eu voltei, porque não sei te dizer não. Me ame, porque eu deveria dizer não. E te escrevi um texto que eu não deveria. E chamei ele assim. E chamo você, sempre. Me ame. Assim, de leve. Com esse teu jeito que parece mais comigo do que eu. 
Miami, baby. 
Tão longe de mim. Mas que dá um jeito de estar sempre pertinho. Vem e fica. Pega o que quiser. Leva minha casa e minhas pernas. Puxa meu cabelo e não esquece de mim. Me enrosca. Assim com pronome oblíquo começando a frase: me tira a roupa, me tira o medo. Me tira daqui? Me ama, baby. E volta. E vem. Quantas vezes quiser. Mesmo que sua agenda não permita, vem? Deixa eu ser seu plano. O plano A ou o de fuga, tanto faz. Que você toca aquele violão que nunca mais tocou e eu canto. Que você me toca e eu deixo. Que você me puxa e eu fico. Miami, eu sei. Me ame, baby. Você sabe, eu sei.