quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Esse caos chamado "todo dia

Ler ouvindo Elastic Heart.



Amar é ótimo. Eu sei disso, você sabe também. O problema mesmo é conviver com o outro, conviver com o mundo. O problema de verdade é conciliar todos os problemas do dia-a-do com a pureza do amor. O verdadeiro desafio é conseguir voltar pra casa ileso todo fim de noite. Nem sempre a gente consegue deixar os problemas junto com os sapatos jogados, na porta de entrada. Nem sempre a falta de dinheiro é romântica e resolvida com planos engraçados de fugir pra praia e fazer dreads. Ser adulto é um porre. Trabalhar, estudar, lavar roupa, comprar papel higiênico, pagar conta de gás. Arrumar a porta emperrada. Reunião de condomínio, reunião de trabalho. Mas e ai? E o amor? Cadê o amor? O amor tem que achar uma brecha entre o banho apressado e a cama pro sono atrasado. O amor tem que marcar hora na agenda. As vezes, tem até que remarcar. Sei que sempre digo isso, mas amar é pros fortes. Eu tenho medo da rotina. E dessa vida caótica desenfreada que puxa a gente todinho pro mundo e faz agente esquecer de si mesmo. Faz a gente esquecer do outro. Eu tenho medo mesmo é de perder esse medo. Eu tenho medo de não enxergar que o amor foi embora por falta de atenção. E de cuidado. Eu tenho medo de me perder e não me achar de volta. Ficar perdida por aí num desses bares cheios de gente que também não sabem pra onde ir. Eu tenho medo de não enxergar a beleza de ter alguém pra dormir quietinho a noite do meu lado. Toda noite. Mesmo que o dia todo seja de correria e stress, a noite é de descanso abraçado. E conversas resumidas e cafés compartilhados com pressa. O amor é maior que isso. Eu sei. E eu gostaria de viver dedicada somente ao amor e as coisas bonitas da vida, mas acredito que tudo tem um porquê. É andando pela rua e convivendo com todo tipo de pessoa que percebo o quanto o amor é mesmo divino. E sagrado. E único. Cada dia mais me sinto sortuda. O caos enferruja todos os dias o amor da gente e nem todo mundo sabe que amor também precisa de manutenção. O amor precisa de cuidado. O amor está em extinção, minha gente. O amor é eterno demais pra essa geração que vive de novidades.

Eu prefiro ser antiquada. Eu prefiro voltar pra casa ilesa.











quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

"Enquanto você dormia..."

Ler ouvindo Use Somebody.


Eu gosto do barulho da sua respiração dormindo, na madrugada. Gosto da seqüência de sons baixinhos do ar que você respira. Você me explica todos os sons dizendo que primeiro o oxigênio entra pelas suas vias aéreas, depois o gás carbônico sai do seu corpo, completando o ciclo respiratório. Tanto faz. Eu gosto do barulho. E você ri, porque me acha subjetiva demais. Eu gosto também das pintinhas que você tem no rosto. Também nunca vi alguém se preocupar tanto com isso. Eu gosto das pintinhas e de como elas deixam seu rosto infantil enquanto você dorme. Eu fico quietinha olhando e pensando que o amor é essa coisa gostosa, é essa coberta que a gente divide dormindo num colchão no meio do nosso apartamento vazio. Aí me dá uma vontade louca de escrever e eu digito bem baixinho pra você não acordar. Eu penso em você, com tanto carinho. E as vezes com raiva e cansaço e com desleixo. Porque eu sou humana e não sei amar direito. Porque você é chato e acaba sempre me tirando do sério. Porque a gente se adora e não consegue passar meia hora brigados. 
Eu nem sei direito porque comecei esse texto, mas você me causa essas coisas meio insanas. De repente te beijar ou sair correndo e pular por cima de você no sofá. De repente, você é minha maior urgência. Sempre é. E só não é mais porque nossas individualidades não permitem. Continuo olhando pra você dormindo e só penso em coisas inteligentes e bonitas. Faço uns versos completos e penso que a vida é boa, sim. Que o amor existe e que nós dois vamos ser felizes. Sem esforço e sem muitas perdas.
 Eu tinha tanto medo do amor, você sabe.
 Eu tinha medo do amor me tirar de mim, me obrigar a ser quem eu não sou. Eu tinha medo do amor me escravizar. Mas você me deixa livre e me convida pra ficar, caso eu queira. E eu sempre quero. A gente sempre quer, mesmo quando tudo tá dando errado. Eu quero escolher ficar, do seu lado, na sua vida, sentada perto da sua mãe nos Natais e abraçando seus avós. Eu quero você, com pintinhas em volta do nariz e com as suas grosserias engraçadas. Eu quero me casar com você e arriscar nossas fichas nessa instituição que ninguém mais acredita. Eu quero uns filhos que tenham seu sorriso quadrado e seu otimismo. Quero festa com bolo e brigadeiro. Quero me sentar na mesa da cozinha e fazer contas com você, imitando aquelas filmes americanos que a gente nunca assiste. Eu quero nunca desistir. Mesmo que a gente saiba que o amor não é um sentimento infinito, mas quero que a gente beba uns goles dele todo dia, igual fazemos com a nossa cerveja. E que você nunca se esqueça dos motivos que nos fizeram chegar até aqui. Porque não é fácil. 
Amar é foda. Amar é pros fortes. 
E não to nem aí sobre o que dizem por aí, sobre isso. Ninguém nunca entendeu a gente, mesmo. Ninguém nunca acreditou. Nem eu.

Mas quem se importa? Volta a dormir, meu bem. Volta a respirar daquele jeito que me acalma. Eu to aqui (pra sempre), amo você.