quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Peso.



(Ler ouvindo Ana Carolina - Pra rua me levar)




Eu estou cansada. Aquele cansaço chato, que aperta o peito e o sono não vem. E mesmo que viesse, ele não resolveria o meu problema. Eu aprendi desde nova que quem nasceu pra sentir, vai viver cansado. Porque os sentimentos pesam. É como que se o castigo por sentir as dores do mundo, fosse ter o cansaço na mesma proporção, começar a desacreditar na leveza de espirito a cada rua que vagueio sozinha, a cada olhar que encontra o meu e principalmente a cada amor que me é dado. Tudo passageiro, tudo pesado, tudo quase desnecessário. A leveza vem só quando encontro uma alma igual a minha, que pesa da mesma forma e me promete carregar nas costas caso o peso do sentir me canse os ombros. Mas sempre dura pouco. Porque o peso é de cada um, ao entregar meu peso a alguém, sinto o peso em dobro. E aí me afasto e me perco. Tudo é sentido com cada centímetro do meu corpo. Descargas elétricas. Eu sinto a pele arrepiar. Um encontro por acaso e mais um peso. Uma mão entrelaçada. Um objeto, mil lembranças. Tudo pra mim é a flor da pele. Num momento o céu, no seguinte, o inferno. E o inferno se deriva porque cada coisa, cada mínimo detalhe me atinge, eu enxergo as coisas como são, como deveriam ser. Eu te enxergo como você era, e isso, infelizmente anda me curvando os ombros. As suas nuances e suas vírgulas se transformaram em detalhes frios. O seu abraço virou um nó. Mas deixa que eu me acostumei... As pessoas normalmente são assim. Primeiro a leveza, o toque gostoso na pele, macio, aveludado. Depois a aspereza, loucura da contradição e o peso. Sempre se opondo ao princípio. De inicio, é sempre difícil reconhecer quem vale a pena, todos se mostram pesados e compadecidos, mas logo após, tudo não passa de um teatro, fantoches seguindo a massa e assustando com tanta imparcialidade. É tão difícil assim sentir? O que passa na cabeça de vocês? Ou pior, o que passa no coração? Eu enxergo tão pouco com os olhos, mas minha alma vê tanto. De que adianta vocês verem tudo com os olhos, mas não enxergarem um palmo a frente com seu interior? Eu estou cansada do vazio das pessoas. E da falta de humanidade. E do excesso de palavras bonitas e atitudes feias. Eu sou de verdade. E não tenho medo do quanto isso pesa. Quanto mais peso, mais meus passos serão firmes. Eu quero voar, mas estou fadada ao chão. Mas só aqui dentro, no meu mundo uma palavra muda uma vida. Os passos não são contados e existe a chuva, o sol e o arco-iris juntos. Existe luz e escuridão. Existe a paz e guerra. Existe a mim. E eu não existo. Sou só uma sombra. Eu sou sentimento. Eu só estou cansada ...
Texto escrito em parceria com minha querida, linda (e acima de tudo parceira, mesmo) Sarah Ester. (http://capitulinescas.blogspot.com.br/)