sábado, 18 de agosto de 2012

Teoria.






(Ler ouvindo Marisa Monte - Não vá embora)

Há algumas semanas foi Dia do Amigo... e eu esqueci. Esqueci porque não sou muito ligada nesse negócio de datas e tal. Meus amigos entenderam. Aí outro amigo me pediu pra escrever sobre isso... e eu aceitei o desafio. Mas e agora? O que é que eu vou falar? Fui ler textos de grandes autores, falando sobre amizade e eles falavam tudo o que eu já tinha pensado em falar. "Amizade é o amor que nunca morre", "Eu morreria se perdesse todos os meus amigos". E agora o que posso dizer que vá tocar alguém, que vá ser de verdade, o que eu posso dizer pra definir as pessoas mais importantes da vida de alguém? Ah, eu vou ser sincera. E se ficar ruim, meus amigos que me perdoem. Pra falar a verdade... Eu acho que a palavra "amigo" foi inventada lá trás, na mesma época que inventaram "amor". E é uma teoria muito ruim, mas eu gosto de pensar assim. Decidiram inventar uma palavra pra designar o afeto, o carinho, a vontade de estar perto. Amor, decidiram. Mas a palavra ficou muito forte, as pessoas tinham medo de usar. Apareceu um cidadão (considero-o meu amigo, pelo ato) e disse: pra todos aqueles que fizerem parte dos momentos bons e ruins da sua vida, que te conheça os defeitos e mesmo assim não se enfade da sua presença, que divida suas dívidas e dúvidas, pra todo aquele que entrelaçar a vida com a sua, use a palavra "amigo", é parecida com "amor", mas é mais amena. É mais amiga. Desde então a palavra amor foi designada ao sentimento mais sublime, com mais respeito. E a palavra amigo se tornou sinônimo de amor, só que despretensiosa. Acho que a amizade é exatamente isso, um amor despretensioso. O sentimento é o mesmo, só que a gente gosta de separar as coisas, pra não se confundir. Tenho amigos que nunca conheci. Alguns vivos, outros mortos faz um tempão. Renato Russo, Eder Eduardo, Fernando Pessoa, Candace Bauer, Cecilia Meireles, Sarah Ester. E não tenho medo de dizer que todos esses nomes são meus amigos, porque foram eles que muitas vezes, mudaram meu dia, minha semana, minha vida. Acho que a responsabilidade de um amigo é deixar uma marca na sua vida, é fazer de um período, um tempo diferente, tempo de ser lembrado. Amo meus amigos pelo tamanho da diferença que fizeram em mim. Pelos empurrões, bebidas, palavras e vergonhas. Pela vontade de fugir comigo do mundo, pelo mundo, atrás de outro mundo. Pelos abraços fortes e frouxos. Pelos dedos na cara e pelas reconciliações. Não tenho pena de quem não tem amor, dinheiro, caráter. Acho que as pessoas se prendem demais a coisas irrelevantes. 

Mas tenho verdadeira pena de quem não tem lembranças. Quem não tem histórias, quem não tem am(or)igos.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A sua.









"Bem Sancho, estamos aqui, eu e você olhando para nosso dragão-moinho. E o que enxergamos de verdade? O que ele nos representa? Meu moinho está pulsando, está sangrando, está machucado. Meu moinho, Sancho, é meu coração." (Sarah Ester)


Eu estava tão feliz naquele dia. Se você tivesse alguma noção disso, talvez as coisas tivessem sido diferentes. Você vê? Eu ainda tento não por a culpa de nada em você. Mas voltando... Eu estava tão feliz. Eu preparei cada centímetro do meu corpo, minha roupa, meu cabelo, meu rímel marrom e meu salto pra você. Eu esperei com as mãos frias você chegar. Eu sorri como não sorria há muito tempo quando vi seu carro. Era pra ser tudo como eu sonhei. Comida japonesa e depois um lugar qualquer, nós dois, quietinhos, matando uma vontade de muito tempo, matando a espera, a saudade, o orgulho. Enquanto você dirigia, eu te procurava nas suas palavras, eu caçava mesmos que fosses vestígios daquele homem que eu amei, tanto. Mas você não estava ali. Seu corpo estava, porque você me queria. Mas o homem que eu amava estava longe, estava em outra, estava morto. E eu não enxerguei nada disso, eu deixei o corpo que era seu, mas não era mais meu, me tocar e como boa mulher burra que sou, enxerguei sentimento onde você só estava tendo prazer. Eu voltei pra casa e o seu cheiro ficou no meu corpo. E o cheiro era daquele homem que eu amava, que droga. Eu chorei por uma hora, abraçada na minha blusa. Eu tentava achar no meio do seu cheiro, algo que me fizesse acreditar que você ainda estava ali. Que era você, que não era só seu corpo. Eu não queria seu corpo, eu só queria você, eu sei que é confuso, mas é isso. Mas eu sabia que você já tinha ido embora e que já tinha tomado banho, porque meu cheiro não importava e porque seu corpo estava feliz, então pronto, acabou. E isso doia, mais do que ter dado meu corpo, esperando seu amor. Doia saber que você nem sabia do que eu estava falando e que você nunca ia entender o real motivo de eu ter aceitado te ver de novo. Eu não queria te fazer alguém melhor. Eu não queria ser sua amiga. Eu não queria te ajudar em trabalhos da faculdade, nem ouvir seus problemas. Na verdade, eu queria tudo isso, se você me chamasse de sua. Mas eu cansei, naquela noite de ser tão sua e você não perceber. Eu cansei de não ter nada e ser tudo. Eu cansei de me doar tanto por alguém que mal sabe que eu gosto de comida japonesa. E não foi culpa sua, eu nunca te pedi formalmente nada, até porque acho que você se assustaria e iria embora. Mas escuta isso, agora, assim, eu te amava mais do que qualquer outra mulher do mundo. E eu fiz por você, mais do que qualquer outra criatura faria. E se hoje eu cuido mais de mim, eu sou mais bonita e estou forte, é por você também. É pra que você me olhe de longe e sinta amor. De perto eu não consegui, talvez de longe eu consiga. Não precisa voltar, mas por favor, me ame. Se apaixone por mim. Tenha outros corpos e outros sentimentos, cresça, seja forte, seja o advogado que eu sempre quis que você fosse, mas não se esqueça de mim. Entende o meu problema? Eu preciso que você não me esqueça. Eu preciso ser pra sempre sua, pra nunca sua. Eu preciso ser sua, mesmo que eu nunca seja.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

(Ex)periências



(Ler Ouvindo Tribalistas - Já Sei Namorar)

Experiências. Excêntricas. Exageradas. Excitantes. Extintas. Exumadas e exiladas. Começou com "ex", parece bom. Istoé, terminou com "ex" né? Ex que é ex, tem que estar terminado. Morto e enterrado. Cremado e com os órgãos doados. Mas nunca, nunca e repito nunca, está. E o que sempre sobra no final, é o ex... de experiência. Já tive um ex, que era adepto dessas organizações criminosas, achava "maneiro", hoje eu enxergo o risco que corri, ser a mãe dos filhos do novo Beira Mar. Tenho uma amiga, que o ex dela era fissurado em pés. Um dia, ele a viu sem as unhas feitas e o namoro miou. Tomou um pé na bunda e o pior, o pé do cara era feio. Já tive ex canalha, daqueles bem canastrões mesmo, que arrasta a gente pra qualquer canto e já vai chamando de princesa. Uma vez, conheci um numa tarde, aí passei a noite acordada imaginando uma cerimônia matrimonial com o fulano no altar ao meu lado, no outro dia, ele me disse que era ateu. Deus me livre. Minha mãe casou com o primeiro namorado, minha irmã já está no segundo casamento. Por falar nisso, tive um ex, que dizia que eu lembrava muito a mãe dele, o relacionamento foi legal, até eu conhecer a dona. Até hoje eu me pergunto se ele era míope ou sacana. Não dá pra fugir, tem coisa que toda mulher já teve. Aquele amigo meio gay, meio gato, meio ex, meio eterno. Aquele ex, que nunca é ex, porque sempre volta. Aquele neguinho que rendeu dias de fossa e agora eu não lembro mais o nome. Era Ricardo, Roberto, Rubens, era com R, porque toda vez que eu ouvia Rick Martin, eu chorava. O ex psicopata. O fofo. O nerd. Mulher, depois de um tempo, percebe que tem que experimentar de tudo (tudo que lhe atraia, que fique claro) pra entender, do que de fato, ela gosta. Homens, por favor, nos perdoem, não é que mudamos muito de opinião, é que realmente, nunca sabemos o que queremos. Assim como nós os perdoamos por serem sempre essas eternas crianças ( é mentira, primeiro nos vingamos lentamente e depois perdoamos). E por mais experiências que possamos ter, nunca é o bastante. O coração sempre dá aquele reset quando decide se entregar de novo. Mas olha o conselho: Pode dar quantos reset quiser, mas sempre guarde o histórico. A gente nunca sabe quando vamos encontrar a mesma história por aí. Já dizia Thais Cinotti "Minha vida são eternos deja-vus".