terça-feira, 31 de julho de 2012

Tabu.


                   (Ler ouvindo  Maroon 5- Moves like Jagger)


Odeio aquele tipinho de gente que diz "Satisfação, prazer é outra coisa". É que pra mim, prazer é tudo. Acho que o importante é ter tesão. Em qualquer coisa. Ver um filme, com tesão é dez vezes melhor. Se vestir com prazer, é vestir o que você gosta, vestir o que você quiser. E leia isso da forma menos vulgar que encontrar. Eu tenho orgasmos todo dia e não to nem chegando perto de falar de sexo. Eu to falando de viver com vontade. Eu to falando da sensação gostosa de acordar de manhã e sair pra trabalhar num lugar que você goste, um trabalho que você sente prazer em fazer. Mania de estigmatizar o prazer. De achar que só se pode ter prazer, ali, naquela hora, são uns segundinhos e acabou. Que acabou, o que menina? Relaxa e goza. Se apaixona pelo seu corpo, pela sua casa, pelo seu emprego, sua família, rua, amigos, academia, livros e ah... Não tenha medo de sentir prazer. Não tem coisa mais triste do que gente frígida da vida. Esse tipo de gente que não ri de problema, que não se anima com alegria pequena, que não se esbalda com festa infantil. Esse tipo de gente que acha que tesão é o T grande de trepar. Que a minha mãe não leia esse texto e que você me entenda. Eu to falando de amor. Eu to falando de não ter medo de viver, mesmo quando a pica é grande. Mesmo quando tudo te sufoca, mesmo quando não tem sol, não tem saída, não tem nada. Mesmo quando você tá atada. Fodida e mal paga. Não esquece que tem gente, ali do lado com você. Não se perde de quem quer sua companhia mesmo depois duma noite ruim. Martha Medeiros já ensinou "Não canse quem te quer bem". Eu não quero ser clichê nem nada, mas aprende a ter prazer na vida e vê se para de fingir orgasmo, menina.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A verdade.



                   (Ler ouvindo Flávia Bittencourt- Mar de Rosas)

Eu preciso falar a verdade. Eu não te amo. Eu não sei se te amei em algum momento. É bom, é gostoso, a gente é feliz, se entende, se completa, se aceita, mas não, a gente não se ama. E não espero que você entenda minhas palavras. Não existe amor. É superficial, é vazio. Te escrevo isso chorando, me perdoa. Estamos perto do fim, cansados, essa rotina enjoada, o peso desse costume de ser dois nos ombros, a convivência por um bem maior, um bem social. O social que você tanto preza. Eu estou cansada, querido, não quero sair. Mas não podemos deixar de ir, se arrume, estão todos nos esperando e desamarre essa cara, não quero que pensem que não estamos bem. A vontade de mandar todos seus amigos falidos pra Júpiter. De gritar bem alto no meio de uma daquelas histórias ridículas do seu tio. Avisar sua mãe que ninguém mais agüenta ver aquelas fotos das férias em São Luiz. Te chacoalhar e dizer com todas as letras: PARE. Chega de “eu te amo” na frente dos outros. Não me mande flores, pra depois contar pros seus amigos, se gabando de como fiquei emocionada. Fotos e presentes e jantares caros não são provas e muito menos sinais de amor. São exatamente o oposto. Nós somos o exemplo mais puro e simples do engano. Somos a mentira mais bonita do mundo. Só que eu não agüento mais, eu preciso viver mais inside, ser feliz só em out está me matando. Talvez amanhã ou depois, eu melhore. Talvez eu volte a sorrir quando toda a corja dos seus amigos de trabalho invadirem nossa casa, pra jantar. Talvez eu volte a gostar do seu exibicionismo. Talvez eu te perdoe, por amar tanto a todos, mas esquecer de amar a mim. Mas talvez eu me mude. Vá pra Roma, estudar História da Arte, como eu digo que quero todos os anos e você ignora. Talvez eu suma e você só se dê conta, quando achar meu armário vazio. Talvez eu comece a gritar, louca pela casa, falando sobre todos os detalhes que eu amo tanto e você não repara. Talvez você nunca leia isso. Talvez você leia amanhã. Talvez eu volte pra casa da minha mãe. Eu estou disposta a tudo. Eu só não aceito admitir que isso é amor. Porque se isso for amor, eu quero meu dinheiro de volta, eu fui enganada, eu não brinco mais, eu vou no PROCON, eu quero indenização milionária, eu desisto. O amor que eu acreditava, era longe de ser o que nós vivemos. O amor é divino demais, pra essa vida profana. Se o amor é óleo, nós somos água.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ao meu grande amor.




(Ler ouvindo Maria Gadu - Tudo Diferente)

Quero que me desculpe por não te enviar de fato essa carta, mas a verdade é que não sei seu nome, nem seu endereço. Nem ao menos sei se você existe, de fato. Mas eu que quero muito, que você exista. E algo dentro de mim, diz que você não tá longe, que você não demora a chegar. E que seja assim, como vou te pedir agora. Não demore muito pra vir, e pode chegar do jeito que quiser, vou te reconhecer. Só sorria. Pode me perguntas as horas, pode ser meu garçom e me indicar o prato especial da casa. Pode ser meu vizinho, pode aparecer sem querer e sentar ao meu lado num bar. Mas sorria. Sorria e me faça te olhar. Não tenha medo desse meu jeito de falar demais, nem da minha expressão de tédio. Não se impressione com meus amigos, nem se assuste com minha família. Não fale alto demais, mas me faça te ouvir. Prenda esses oitenta braços que eu tenho, que vivem puxando e empurrando as pessoas o tempo todo. Não tenha medo de mim, por favor. Seja mais alto que eu e use um perfume bem cheiroso. Aqueles que deixam qualquer homem com jeito de mais homem. Seja bem homem. Mas saiba comer. Use garfo e faca, sem precisar por o dedo no prato, pra empurrar o pedaço de carne. Pode gostar de qualquer tipo de música, contanto que me ensine a gostar também. Isso também é importante, me ensine todo tipo de coisa. E pode ser simpático, mas não muito. Compre flores de vez em quando, pra eu acreditar que você é um príncipe. Esconda as meias sujas, quando eu visitar sua casa. Faça amor comigo. Sem me pedir pra virar as pernas pra cá ou lá. Só faça amor. De qualquer jeito. Tenha uma profissão bem esquisita. Saiba jogar xadrez. Goste de futebol, mas não seja fanático. Respeite meu espaço, meu banheiro e a forma que organizo meus cremes na prateleira do box. Pode ser ciumento, mas não daquele tipo possessivo. Seja amigo do meu pai. Não me ache louca nem estranha quando eu chorar, no meio de um temporal. Goste de mim, mesmo de pantufas. Pode ser meio esquisito e cantar mal, pode ter uma família estranha, pode odiar comida japonesa, pode ser meio excêntrico, meio over. Mas me conheça, não tenha medo de ouvir as barbaridades que vou te contar, nem da minha capacidade de ler as entrelinhas de tudo que você disser. Seja meu, simples, bom, tranqüilo. Seja como um grande amor deve ser. Ou então, esqueça tudo que eu já disse e simplesmente seja real. Não precisa mais nada. Só exista.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Apresentação.


(Ler ouvindo Zeca Baleiro - Quase Nada)


Olha, eu sei que você não me conhece, mas isso é normal, pouca gente conhece de verdade, vou me apresentar e depois que eu disser tudo, você decide se realmente vai me entregar seu coração assim, tão de bandeja. Depois que eu falar tudo, você me diz se eu valho todo esse brilho nos seus olhos. Eu não te culpo por gostar de mim, sou mesmo fácil de se apegar. Sempre fui, desse jeito assim, meio louca, meio intensa demais. Sempre fui. Chorar com comédia, fazer piada de tragédia. É meu jeito de fugir da vida, é meu jeito de ser lúcida apesar da vontade imensa de me entregar a ignorância. Eu fujo da vida batendo de frente com ela. Eu sempre quis ser lembrada. Acho que não só eu, todo mundo no fundo, é assim. Todo mundo quer ser lembrado. Agora, daqui a pouco, daqui vinte anos. Não existe quem não fique feliz quando alguém se lembra seu nome ou algo que fez. O ser humano tem necessidade de deixar seu legado. Mas a maioria das pessoas finge que isso não importa, finge que o importante é ter amigos, é ser feliz. Mas não, o importante é o que vai ficar. Não tem problema se depois dessa conversa, você decidir que não me ama, eu só quero que não se esqueça de mim. Por qualquer motivo. Eu acho que fazer história é mais importante que viver. Fazer história é não morrer nunca. Enquanto alguém lembrar, você existe. Eu não sou muito fácil de conviver, costumo reclamar bastante de tudo, de qualquer coisa. E mesmo que o céu esteja caindo sobre as nossas cabeças, não vai ser difícil me ver sorrindo. Eu sempre sorri demais. E acho que é um dos meus grandes problemas e grandes virtudes. Eu não sofro nenhuma dor que seja minha. Minha dor é a dos outros. Sou capaz de chorar horas contínuas por algo que nunca me aconteceu, mas não choro a morte de alguém próximo. Tem gente que acha que eu brinco com as pessoas, mal eles sabem que eu brinco é comigo. Eu brinco com essa minha alma grande demais prum corpo tão pequeno, brinco com minha necessidade de amar demais e ser demais e querer demais, eu brinco é com a falta que todo o universo faz dentro de mim. Eu quero que você me ame pra sempre, mesmo que eu não te ame e isso não é por mal, é apenas um desejo. Eu sou uma esponja que nunca se encharca. O tudo pra mim é pouco. O infinito acaba ali na esquina. E não tem problema se acabar amanhã, eu vou embora sorrindo. Eu sempre vou embora, de todos os lugares. E eu sempre deixo uma marca onde eu passo. Eu sou demais pra mim. E sou demais pra você também e é por isso que não vamos dar certo. Sou demais pra qualquer pessoa. Mas voltando a sua pergunta... 


Meu nome é Thais.